11 de fevereiro de 2016

Steve Jobs

iFilm

Dir: Danny Boyle, EUA, 2015, 2h02min
IMDB                Trailer                Roteiro

Indicado no Oscar 2016 aos prêmios de ator principal e atriz coadjuvante, Steve Jobs conta a estória do personagem título de uma maneira bem peculiar, fugindo daquele maçante padrão de cinebiografias em que o personagem é apresentado do nascimento à morte, mostrando todos seus momentos marcantes e com créditos ao final explicando seu legado. Aqui vemos pequenos recortes da vida de Jobs com poucos personagens, cada um com a função de destacar algum traço de sua personalidade.

O roteiro seleciona somente três momentos da vida de Jobs, que antecederam três lançamentos de produtos notáveis: o Macintosh (1984), o NeXT (1988) e o iMac (1998). Esses momentos são mostrados em tempo real, sem nenhuma quebra cronológica, ou seja, se faltava meia hora para iniciar a apresentação veremos essa meia hora da vida de Jobs. 

Um dos pontos interessantes é colocar os mesmos personagens nestes três momentos distintos: sua braço-direito Joanna, a menina que ele não quer reconhecer como filha, Lisa, seu parceiro de fundação da Apple Steve Wozniak, o CEO da empresa John Sculley e um dos desenvolvedores de seu time, Andy. Cada um destes tem importantes questões pessoais com Jobs e foram cuidadosamente escritos para demonstrar traços de sua peculiar personalidadeJobs é mostrado em sua complexidade com sua personalidade megalomaníaca, arrogante, narcisística, inquieta e perfeccionista. Apesar de parecer tão seguro de si e confiante em sua genialidade, a necessidade de reconhecimento parece ser o grande objetivo de sua vida.

O filme anterior sobre o dono da Apple, Jobs, foi desprezado pela crítica e não muito querido pelo público. Além disso, o ator principal daquele, Ashton Kutcher, ainda que elogiado por sua performance e muito semelhante fisicamente ao personagem real, é muito inferior ao protagonista desta obra.

O filme praticamente não tem momentos de silêncio, com os ágeis diálogos de Aaron Sorkin (um dos esnobados pelo Oscar) ocupando toda a projeção. As atuações são muito boas e as indicações de Michael Fassbender e Kate Winslet ao Oscar foram merecidas. Ele é um ótimo ator, que merecia ter levado o prêmio de coadjuvante por 12 Anos de Escravidão (mas foi preterido por Jared Leto sobretudo por sua transformação física em O Clube de Compras Dallas) e ainda vai levar o Oscar, mas não desta vez, já que o prêmio será do Leonardo di Caprio. Ela sempre é uma atriz muito competente, e após ser premiada no Globo de Ouro tem chances na disputa pelo Oscar. Seth Rogen e Jeff Daniels também estão no elenco.

A direção de Danny Boyle (conhecido por Trainspotting e por Quem Quer Ser um Milionário) é ágil como o roteiro, no melhor estilo câmera na mão para acompanhar o vai e vem de Jobs pelos bastidores das apresentações. Também é interessante a distinção dos três momentos pelo visual apresentado em função da técnica de captação utilizada, 16mm em 1984, 35mm em 1988 e digital em 1998.

Steve Jobs é um bom filme, que se destaca pelo roteiro biográfico enxuto e pelas boas atuações. Recomendado para os que tem disposição para filmes verborrágicos mas com diálogos interessantes.

Nota: 7

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Dê o seu pitaco