21 de dezembro de 2017

Star Wars: Os Últimos Jedi

Mickey Skywalker 

Star Wars: The Last Jedi, Dir: Rian Johnson, EUA, 2017, 2h32min
IMDB 


Star Wars retornou às telas de forma brilhante em O Despertar da Força. Uma nova geração de personagens foi apresentada sem descuidar do respeito aos heróis clássicos, muitos mistérios foram introduzidos e cenas belíssimas foram apresentadas. Seu sucesso entre o público e a crítica foram extraordinários. E agora vem sua continuação, Os Últimos Jedi.

Na trama, a Primeira Ordem de Snoke e Kylo Ren persegue os últimos remanescentes da Resistência liderados pela General Leia e pelo intrépido Poe Dameron, enquanto a jovem Rey irá iniciar seu treinamento Jedi com o lendário Mestre Luke Skywalker e tentará convencê-lo a se unir aos rebeldes no conflito galático.

A primeira coisa a se destacar no filme é sua estrutura bem diferente dos anteriores. Para o bem, e para o mal. Se por um lado optou-se, como em Rogue One, por adotar um tom mais realista, em que heróis e vilões são apenas duas faces da mesma moeda que podem facilmente transitar de um lado para outro e em mostrar personagens comuns na galáxia, por outro lado buscou-se dar uma leveza no filme com muitas cenas engraçadinhas à la filmes da Marvel, coirmã da Lucasfilm. Algumas são divertidas, outras são desnecessárias e parte delas quebram de maneira tosca um momento solene.

O roteiro tem bastante coisa interessante, especialmente na interação entre os personagens, e quebra várias expectativas, mas tem falhas em alguns desenvolvimentos de tramas menores. E a edição não ajuda. Nem um pouco. 

O filme é o mais longo da saga (2h32min) e dá muito espaço para sequências sem grande interesse, como todo o arco do Finn, e tem cortes muito apressados na muito mais interessante interação entre Luke e Rey. Lembra assim O Retorno de Jedi, o pior filme da sequência original, que se alonga mais contando a historinhas dos ewoks do que no confronto final entre Vader e Luke, mostrada em ritmo de videoclipe. Em alguns momentos há também uma quase falta de continuidade, de se perguntar como tal personagem foi parar em tal local.

Os personagens principais do filme anterior estão em destaque, especialmente Poe e Finn. Contudo, seu desenvolvimento é bem pobre. Eles têm muito tempo em tela mas menor importância que na aventura anterior. O destaque entre os personagens fica com os gêmeos Luke e Leia, aqui mais bem aproveitados do que em qualquer filme da saga. Rey e Kylo tem um arco interessante, mas faltou a camada de mistérios que os deixava enigmáticos em O Despertar da Força. Aqui há até sequências um tanto sobrenaturais, mas nada tão provocador quanto o sonho (ou pesadelo) de Rey no primeiro filme. Os novos personagens são completamente desnecessários e mal desenvolvidos.

Ao contrário do que se esperava, este filme adota um tom muito mais leve que seu antecessor (ainda que tenha sequências bem pesadas). Talvez seja um indício de que a Disney quer padronizar seus filmes para acertar em formas seguras para atrair o maior público possível, vender mais bonecos, criar mais áreas temáticas em seus parques e obter lucros astronômicos. Claro que Star Wars é um produto e o lucro é a parte mais importante no negócio, mas poderiam pegar mais leve nessa parte comercial.

Apesar desses vários problemas o filme tem ótimas partes. Há cenas com forte apelo nostálgico, até servindo de motivo de piada metalinguística. Ainda que sejam um truque barato, funcionam. Há cenas de muita beleza, tanto visual quanto emocional. E os minutos finais deixam até mesmo os mais críticos arrepiados.

Star Wars: Os Últimos Jedi é um filme diferente da saga, em que o tom solene foi deixado de lado em prol do entretenimento fácil, com uma edição que errou em não dar destaque a seus pontos mais fortes. Ainda assim, há sequências memoráveis e um desenvolvimento de trama surpreendente com um final arrebatador.

Nota: 7


P.S: Normalmente não leio críticas antes de postar o meu pitaco. Dessa vez li algumas e vou deixar aqui destacadas as que mais gostei, uma negativa, da Juliana Varella do blog Fala, Cinéfilo!, e outra positiva, do Tiago Belotti do canal Meus 2 Centavos.