21 de junho de 2016

X-Men: Apocalipse

Título 

X-Men: Apocalypse, Dir: Bryan Singer, EUA, 2016, 2h24min
IMDB                 Trailer


O fim do mundo se aproxima. Toda a humanidade perecerá e só os mutantes continuarão neste planeta. Esta é a premissa do filme que encerra a trilogia de origem dos mutantes do Professor X, X-Men: Apocalipse.

Na trama, o primeiro mutante da História, Apocalipse, acorda após mais de 2000 anos de hibernação e decide levar adiante seu plano de exterminar a raça humana, dando lugar a um mundo de mutantes. Em seu caminho, irá cruzar com o Professor X, cada vez mais dedicado à sua escola e à causa do coexistência entre humanos e mutantes, com o recluso Magneto, que adotou uma nova identidade e vive uma vida familiar simples e com a foragida Mística.

Seguindo a cronologia desta segunda trilogia, que nos episódios anteriores Primeira Classe e Dias de Um Futuro Esquecido se passou, respectivamente, em 1963 e em 1973, desta vez estamos no mundo de 1983. Muito rock, estilo glam, e fliperama se farão presentes na história. Contudo, desta vez faltou a política do mundo real, muito presente nos filmes anteriores com os personagens em meio à Crise dos Mísseis de Cuba e os Acordos de Paz de Paris, que encerraram a Guerra do Vietnã. Desta vez o máximo que se coloca é o controle dos arsenais nucleares mundiais, mas sem aprofundamento.

O filme se destaca entre os filmes de super-heróis que o precederam nos cinemas neste ano, Batman vs Superman e Capitão América: Guerra Civil (clique nos títulos para ler os pitacos) por conta de seu lento desenvolvimento e aprofundamento de seus personagens.

Também pudera, com um elenco de peso inigualável para obras do gênero, reunindo atores aclamados pela crítica, seria um desperdício não investir em seus personagens. O peso dramático maior cabe ao ótimo Michael Fassbender (Magneto), forte candidato a um Oscar nos próximos anos. Jennifer Lawrence (Mística) e James McAvoy (Professor X) também vão bem e tem seus momentos. Até mesmo Oscar Isaac (Apocalipse), em seu papel um tanto engessado, consegue tirar algo.

Uma das melhores qualidades do filme, e que deveria ser padrão, é que o roteiro está acima das cenas de ação ou dos efeitos especiais. Todos os realizadores de cinema deveriam aprender que os efeitos deveriam ter o propósito de ajudar a contar a estória, e não ao contrário, com uma estória feita só pra justificar cenas mirabolantes. Não que falte ação ou efeitos no filme. O final, especialmente, é uma grande catarse. Mas ele foge do exagero que faz com que o espectador se perca em alguns momentos. Aliás, a longa sequência de Mercúrio correndo é espetacular e um primor de produção de efeitos visuais.

O ponto fraco do filme fica por conta de quebrar a cronologia ao longo de toda a saga, pois uns fatos mostrados neste necessariamente teriam de afetar situações dos outros filmes. Conselho: desencane disso e aproveite a diversão, afinal, este é o propósito do filme.

X-Men: Apocalipse, pela qualidade de seu roteiro e de suas atuações, é o melhor filme de super-heróis do ano. Fica abaixo de seus predecessores na saga, mas isso não chega a ser um demérito, tendo em vista a boa qualidade destes.

Nota: 8

7 de junho de 2016

Para Sempre Alice

Memórias ao Vento

Still Alice, Dir: Richard Glatzer/Wash Westmoreland, EUA/França, 2014, 1h41min
IMDB                 Trailer                 Roteiro               Netflix


Muitas pessoas valorizam a experiência pessoal em detrimento do acúmulo de bens. O melhor exemplo são aqueles que preferem viajar a adquirir coisas, pois alegam que nossas lembranças duram mais do que bens. Mas e quando a memória vai embora?

Este é um dos problemas abordados em Para Sempre Alice. No filme a protagonista Alice é uma internacionalmente conhecida professora de linguística da prestigiada Universidade Columbia, com alto padrão de vida e com filhos já adultos. Somos apresentados a ela nas comemorações de seus 50 anos. Pouco depois ela começa a ter pequenos episódios de esquecimentos. E é diagnosticada com Alzheimer precoce.

Um diagnóstico assim é duro para qualquer pessoa, pois esta doença vai acabando com a pessoa que somos, na medida em que esquecemos de quase tudo que importa para nós. No caso de Alice é ainda pior, pois ela construiu tudo em sua vida com seu intelecto superior. E suas tão caras memórias, de viagens, da vida em família, de seu trabalho e de tudo que viveu, em pouco tempo irão abandoná-la.

Para servir ao propósito do filme de mostrar a evolução da doença, o Alzheimer de Alice avança rapidamente, acima do padrão normal. O filme passa pelas fases do luto, ainda que Alice não tenha morrido: há a negação inicial e a aceitação final. Toda sua família se vê envolvida no problema. 

O roteiro de Richard Glatzer e Wash Westmoreland (que também assinam a direção) apesar de forçar um pouco a mão no drama em alguns momentos, respeita a inteligência do espectador, pulando algumas etapas como os exames das protagonista e já indo direto para o resultado. Essa talvez seja a principal lição que os roteiristas brasileiros devam aprender, que nem tudo precisa ser explicado tintim por tintim. A direção se sustenta no talento do elenco, sobretudo da protagonista.

Julianne Moore foi finalmente contemplada com o Oscar com esse filme, em sua 5ª indicação. Foi merecido, tanto pela atuação quanto pelo conjunto da obra (que não deveria ser analisado, mas sabemos que a Academia faz muito disso). No elenco, formando sua família, estão Alec Baldwin, Kate Bosworth, Kristen Stewart, que aqui consegue ser mais expressiva que na tenebrosa (não no sentido de assustadora, mas de ruim) saga Crepúsculo.

Cinematograficamente Para Sempre Alice não é nada fenomenal, se enquadrando no rótulo de drama pessoal e familiar. Mas é um bom filme e uma lição para aprender um pouco mais sobre essa doença que muito provavelmente, infelizmente, ainda afetará alguém próximo.

Nota: 7