29 de janeiro de 2016

Sicario

Tiros na Fronteira

Dir: Denis Villeneuve, EUA, 2015, 2h01min
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Sicario é um dos maiores injustiçados na corrida do Oscar. Foi indicado somente em 3 categorias técnicas (fotografia, edição de som e trilha sonora) nas quais é pouco provável que vença, mas poderia ser facilmente indicado em categorias importantes como roteiro, direção, atriz principal, ator coadjuvante e até melhor filme. Talvez, o fato de ser um filme muito pesado e ambíguo pesou contra. 

O filme conta a estória de uma jovem agente do FBI, líder de divisão anti-sequestros, que em uma de suas missões é confrontada com uma cena bizarra de corpos escondidos em paredes. O caso envolvia a participação de cartéis de drogas mexicanos e ela passa a integrar uma força-tarefa de agências dos EUA para reprimir o tráfico. No entanto, desde o início, não fica claro quais são os objetivos e as pessoas envolvidas na operação. O espectador acompanha a estória com os olhares da protagonista, tão perdido nesse contexto quanto ela, em meio a fronteira mexicano-americana, sobretudo na grande, pobre, suja e perigosa Ciudad Juárez. 

O clima de tensão é uma constante no filme. O diretor Denis Villeneuve consegue magistralmente deixar o espectador ao longo do filme tenso, chocado, enojado e confuso. A trilha sonora de Jóhann Jóhannsson tem um papel relevante nesta construção e foi merecida sua indicação ao Oscar. Também merece destaque a condução das cenas de ação de forma realista, sem pirotecnias. As tomadas acompanham o ponto de vista dos personagens, o que faz com que o espectador tenha uma visão  apenas parcial do cenário e das possíveis ameaças. 

As atuações são muito boas e mereciam ser lembradas nas indicações ao Oscar. Emily Blunt apresenta um trabalho muito intenso tanto fisicamente quanto emocionalmente, materializando todo o desgaste de sua personagem. Benicio Del Toro, que poderia também ter sido indicado a coadjuvante, e Josh Brolin constroem bem seus personagens enigmáticos, que contribuem para o clima de confusão do filme.

A fotografia é belíssima, especialmente nas tomadas panorâmicas do deserto da fronteira entre México e EUA. O diretor de fotografia é Roger Deakins, figurinha carimbada na categoria, mas que nunca levou o prêmio em 12 indicações anteriores (e o povo faz piada com o DiCaprio!), tendo realizado filmes como Um Sonho de Liberdade, Onde os Fracos Não Tem Vez e 007 - Operação Skyfall.

Sicario é um dos melhores filmes de 2015 e também um dos grandes injustiçados do Oscar 2016. Mas é um filme pesado e perturbador, nem um pouco agradável. Indicado para os que gostam de filmes que mostram a realidade nua e crua.

Nota: 8

28 de janeiro de 2016

Os Oito Odiados

Tudo Sangue Ruim

The Hateful Eight, Dir: Quentin Tarantino, EUA, 2015, 2h47min
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Na sequência de Django Livre Quentin Tarantino permanece no período do faroeste em seu novo filme, Os Oito Odiados. Como alerta ao espectador desavisado, este é um filme de Tarantino, então pode se preparar pra muita violência e sangue jorrando pela tela. Como em uma ilustração que está circulando (clique pra ver a imagem), a anatomia humana, na visão tarantinesca, é constituído só por pele e sangue.

Na corrida do Oscar o filme está na disputa pelas categorias de fotografia, trilha sonora e atriz coadjuvante. Poderia ter sido indicado a ator principal, diretor e até mesmo a filme, já que obras menores receberam tal indicação. A única categoria com grandes chances é trilha sonora, do mestre Ennio Morricone que acumula outras 5 indicações sem nunca ter levado o prêmio, ganhou apenas um prêmio pelo conjunto da obra.

O filme, como entrega o título, possui 8 personagens desprezíveis. Ninguém é herói. Todos são pessoas ruins que não irão atrair a simpatia do público. Os oito personagens reúnem-se em um armazém para escapar de uma nevasca. A estória começa mostrando uma diligência em que o caçador de recompensas John Ruth está levando sua prisioneira Daisy para condenação. No caminho encontra o Major Marquis Warren e depois o xerife Chris Mannix e lhes dá carona. Quando chegam na hospedaria, quatro outros dos odiados estão no lugar também se abrigando. 

Quem são todos estes personagens é o que será revelado na primeira parte do filme, sendo que há mentiras em meio a isso. Este ato se desenvolve de maneira lenta e sutil, até mesmo estranho para os padrões de Tarantino, lembrando Era Uma Vez no Oeste, obra de um dos caras que mais o inspirou, o diretor italiano mestre dos western spaghetti Sergio LeoneNa segunda parte o filme muda completamente o tom começa a se revelar uma obra tarantinesca. O sangue começa a aparecer pra valer com os muitos acertos de contas entre os personagens.

O roteiro de Tarantino, com é habitual, tem bons diálogos, muitas vezes discutindo coisas banais. O humor permeia toda a obra, com personagens repetindo o que o outro disse de forma estúpida. Talvez seja o filme mais cômico de Tarantino. Também não faltam outras marcas autorais do diretor, como a quebra da linha cronológica, muito marcante em Pulp Fiction, bem como a distribuição do filme em capítulos, característica de Kill Bill.

No elenco do filme Tarantino usou vários atores presentes em outras de suas produções, o maior destaque é seu ator favorito, Samuel L. Jackson (que merecia a indicação ao Oscar mais do que Matt Damon), mas entram na lista também Kurt Russel, Tim Roth e Michael Madsen. No elenco também está Jennifer Jason Leigh, agraciada com a indicação ao Oscar de coadjuvante, que passa o filme apanhando, mas que também não consegue fazer o público sentir pena, pois ela também é uma odiada.

Alguns tem apontado que o fato da mulher apanhar constantemente no filme é machismo. Isso pode ser falta de interpretação em um contexto geral. Nos filmes de Tarantino negros são sempre chamados de "niggers" (crioulos), palavra que mal pode ser pronunciada na atualidade nos EUA, bem como sempre há muita violência. O que não significa que o diretor seja racista, defensor da brutalidade ou misógino, ele apenas trata desses temas de forma jocosa, afinal, como foras da lei do oeste selvagem poderiam não ser brutos, machões e racistas?

Tarantino promoveu uma grande ação de marketing em cima de seu resgate das "gloriosas" lentes Ultra Panavision 70mm (clique para ver o vídeo). O que elas fazem é ampliar a panorâmica da cena, tornando-a mais alargada. Para comparação, um filme normalmente tem proporção de  1,85 de largura por 1 de altura (1,85:1) quase o mesmo que as TVs atuais. Alguns filmes modernos utilizam 2,35:1 (clique aqui para ver o verbete na Wikipedia). Os Oito Odiados tem proporção 2,76:1, permitindo panorâmicas bem amplas e inserção de mais personagens em uma tomada. A redescoberta das câmeras e lentes, utilizadas em superproduções épicas como Ben-Hur e Lawrence da Arábia, e que há 50 anos não saíam do armário foi muito interessante, mas neste filme não mostraram toda sua capacidade. Ainda assim é um grande contribuição à técnica cinematográfica, e já há uma fila de diretores ansiosos para usá-las.

Os Oito Odiados, alardeado o "oitavo filme de Quentin Tarantino", fica na metade inferior de sua obra. Ainda assim, é um bom filme, que certamente agradará seus muitos fãs. Mesmo não sendo um primor, poderia concorrer ao Oscar em mais categorias, por ser superior a outras produções indicadas.

Nota: 7

26 de janeiro de 2016

A Grande Aposta

Roleta Russa Financeira

The Big Short, Dir: Adam McKay, EUA, 2015, 2h10min
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A Grande Aposta está na disputa do Oscar em 5 categorias: melhor filme, diretor, ator coadjuvante, roteiro adaptado e edição. Não é favorito, mas pode levar melhor filme, especialmente após ter ficado com o prêmio da PGA (o "sindicato" dos produtores), e tem boas chances com roteiro e edição.

O filme conta três estórias paralelas de sujeitos excêntricos que previram o grande colapso financeiro e econômico que se iniciou nos Estados Unidos em 2008, causado pela negociação de títulos baseados em créditos podres. O tema é um pouco árido para se tratar com leigos, especialmente pelo grande número de operações financeiras e termos técnicos. Sabendo disso, o filme, que quebra a "quarta parede" e faz os atores dialogarem com o público, interrompe a narrativa em 3 momentos e traz celebridades para explicar os conceitos de forma simples e bem humorada, no melhor estilo da série de livros Para Leigos (For Dummies).

Não que as explicações torne os espectadores profundos conhecedores de mercado de ações. Mas permite que o público entenda que as operações que levaram ao colapso global tinham como base títulos podres baseados em dívidas de alto risco e impagáveis, com créditos concedidos a pessoas que não tinham a menor possibilidade de honrá-las no longo prazo. Parece assim, que o sistema todo brincava de roleta russa financeira. E os grandes agentes do sistema, leia-se bancos, corretoras, agências de risco, imprensa e até mesmo o governo sabiam disso, mas ignoravam o risco na esperança que a fase de crescimento econômico nunca terminasse. O que confere um tom profundamente crítico do filme ao sistema capitalista.

O filme é um drama com generosas pitadas de humor negro. Parece até uma versão higienizada do ótimo O Lobo de Wall Street (clique aqui para ler o pitaco), sem drogas, orgias e mau-caratismo. E isso não é demérito, pois se naquele esses excessos eram o elemento central, aqui há uma maior preocupação política e social. Exemplo disso é o fato dos personagens que lucraram com a crise não saírem festejando, mas sentirem-se até mesmo envergonhados, pois sabem que seu sucesso financeiro se deu conjuntamente com um aumento espetacular de desemprego e de pessoas perdendo seus lares por dívidas.

Tal qual seu concorrente no Oscar Spotlight (clique aqui para ler o pitaco), A Grande Aposta reúne um bom elenco em que nenhum personagem assume o protagonismo. A direção de atores é eficiente, mas fica abaixo do citado concorrente. Christian Bale e Steve Carell se destacam, e ambos poderiam ter recebido indicações a melhor coadjuvante, o que ficou com o primeiro. Não deve ser contemplado em razão dos fortes concorrentes e por já ter levado o mesmo prêmio em 2011 com O Vencedor.

O ponto de maior destaque do filme é sua edição extremamente ágil, parecendo videoclipe. Esta também exerce função narrativa, pontuando a cronologia com fotos de momentos importantes da história dos EUA. A fotografia trabalha em conjunto com a edição, com mudanças rápidas de enquadramento, foques e desfoques ágeis, dando um tom documental à obra. E o roteiro assinado pelo diretor Adam McKay e por Charles Randolph, que está indicado ao Oscar na categoria adaptado, também garante o ritmo acelerado, com diálogos ágeis e personagens rapidamente apresentados, sem que sejam superficiais.

Um pouco exagerada foi a indicação de McKay na categoria de direção, pois havia concorrentes que apresentaram trabalho melhores, especialmente Ridley Scott e seu Perdido em Marte (clique aqui para ler o pitaco) e Alex Garland e seu minimalista e subestimado Ex-Machina (clique aqui para ler o pitaco). De qualquer forma, dificilmente será premiado.

A Grande Aposta é uma obra interessante, especialmente em razão de um grande estúdio, a Warner, trazer um tema que ataca fortemente o capitalismo. Corre por fora, mas pode surpreender na premiação de melhor filme. 

Nota: 8

21 de janeiro de 2016

Divertida Mente

Coisas da Cabeça

Inside Out, Dir:  Pete Docter/Ronnie Del Carmen, EUA, 2015, 1h35min
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Divertida Mente é a mais forte animação na corrida do Oscar. Também está indicada a melhor roteiro original com chances reais de premiação.

O filme conta a estória de personagens que representam os sentimentos de uma adolescente, Riley. Pensei que a estória fosse ultra-original mas descobri, através do canal do YouTube Meus 2 Centavos, que esse tema já foi trabalhado em outras obras, como o filme Osmosis Jones e a velha série de TV Herman´s Head. Mas, como poucos devem conhecê-los, aparenta originalidade.

Os sentimentos controladores são Alegria, Tristeza, Nojinho, Medo e Raiva. Engenhosamente, todas as pessoas do filme são controlados por outras versões desses mesmos sentimentos. E, apesar de parecer difícil entender o conceito, a Pixar, como é comum em seus filmes, o explica de maneira simples, ao mesmo tempo em que conta uma emocionante estória mesmo antes dos créditos iniciais do filme. Lembram do começo de Up, que dizem que construiu em minutos uma estória de amor melhor do que a de toda a série Crepúsculo? (clique aqui para rever).

Tudo estava normal na vida de Riley, seja com sua família, seus amigos e seu time de hockey em Minessotta. Então seu pai decide que todos devem se mudar para São Francisco, e os problemas surgem de forma repentina. A garota terá de reorganizar tudo em sua vida, ainda mais estando com 11 anos às beiras da entrada da adolescência. Aí todas as suas ilhas de pensamento, que dão sentido à sua vida, tem de ser reorganizadas. Durante o processo Alegria e Tristeza são acidentalmente jogadas para fora da sala de controle, tendo que achar seu caminho de volta em meio a todo o emaranhado de lembranças da menina.

O filme tem seus momentos em que parece um pouco arrastado na jornada de Alegria e Tristeza, com excesso de desafios de ambas para voltar para a sala de controle. Também há um excesso de protagonismo do amigo imaginário, Bing Bong, apesar de ser esse um personagem interessante. Mas isso não atrapalha o filme, que tem um ótimo roteiro, com chances reais de premiação, recheado de boas ideias em explicar a mente humana, como a de dizer que fatos e opiniões são muito parecidos. Em tempos de redes sociais em que as pessoas pouco se importam se uma notícia é verdade ou se somente lhes parece verdade, nada mais real.

Como é padrão nas obras da Pixar, a animação é muito bem feita. No entanto, acho que a qualidade estética de Minions (clique aqui para ler o pitaco) foi superior, indicando que a Disney pode estar ficando um pouco para trás na corrida das animações.

Divertida Mente é um bom filme, com destaque para seu roteiro cheio de boas ideias inovadoras e ousadas, em um tempo em que Hollywood tem sido mais continuísta do que nunca. Por conta de seus méritos e do prestígio de sua produtora, é favorito ao Oscar de melhor animação.

Nota: 8

19 de janeiro de 2016

Spotlight

Horror Oculto

Dir: Tom McCarthy, EUA, 2015, 2h08min
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Spotlight é um dos mais fortes concorrentes ao Oscar de melhor filme, tendo vencido em um dos "termômetros" da premiação, o Critics´ Choice, além de diversos prêmios menores. Também está indicado nas categorias de direção, roteiro original, ator coadjuvante, atriz coadjuvante e edição.

O filme trata da investigação jornalística do jornal The Boston Globe, através de sua equipe de investigações aprofundadas, a Spotlight, de uma série de casos de abusos infantis por padres que revelou ao mundo ser essa não apenas uma prática localizada mas um escândalo global acobertado pelo alto clero.

O ponto alto da estória é não transformar um caso tão sério em uma estória de vilões e de heróis. O filme mostra que o maior problema não era o de haver alguns padres degenerados que abusavam de crianças, mas o fato da igreja católica acobertar seus atos, sempre abafando os casos por meio de transferências para outras paróquias ou por licenças-saúde. E tudo isso em meio a cumplicidade da sociedade bostoniana, que preferia olhar para o outro lado quando sabia que havia algo de podre no ar.

O roteiro de Josh Singer e do também diretor Tom McCarthy é um dos destaques do filme. Um tema, por mais interessante que possa ser, pode ser mal trabalhado. No caso do filme, o tema poderia facilmente ter gerado um dramalhão sobre o sofrimentos das vítimas. Mas não é o que ocorre. O sofrimento é mostrado de maneira crua, sem necessidade de recursos narrativos como câmeras lentas ou músicas dramáticas. Os dramas pessoais são apresentados sem pudor, com descrições claras de como os padres se aproveitavam das crianças mais vulneráveis, normalmente provenientes de lares problemáticos. Mas o filme nunca perde o foco da questão institucional. 

O diferencial do trabalho da Spotlight foi ter descoberto todos os padres suspeitos de crimes sexuais, o que fizeram através da minuciosa leitura dos extensos catálogos de movimentação do clero, onde constavam todos os dados de transferências e licenças dos religiosos, como dito, expedientes utilizados pela igreja para abafar os casos. Esse grande trabalho de formiguinha é bem mostrado no filme, de maneira enxuta.

O filme, como é normal em filmes que envolvem jornalistas (nessa linha temos o clássico Todos os Homens do Presidente), conta com as tradicionais cenas com pessoas conversando enquanto andam apressadas pelas redações de jornais, e com muitos diálogos falados de maneira rápida. Também é interessante que o filme trata de maneira tangencial no tema da sobrevivência dos jornais em um mundo que caminhava para a mídia digital no começo dos anos 2000, assim como que a pauta jornalística pode ser fortemente afetada por um fato bombástico, como o 11 de Setembro, que ocorre durante as investigações e as suspende por um tempo. 

Importante destacar que o filme não vai para o lado simplista de dizer que o problema é a existência da religião, como muitos têm feito quando atribuem a culpa pelo terrorismo fanático de grupos como o Estado Islâmico à existência do Islã (Não é, Donald Trump?). O filme é sério e deixa localizado o problema entre seus responsáveis, sem deixar de apontar a mencionada covardia da sociedade que suspeitava do problema mas fingia ignorar, algo semelhante ao que fez a sociedade alemã da época do nazismo em relação à questão judaica.  

Outro destaque são as excelentes atuações. Não há exatamente um protagonista, mas Michael Keaton e Mark Ruffalo têm um pouco mais de destaque que os demais personagens. Ambos estão excelentes e qualquer deles merecia a indicação ao Oscar, que ficou para Ruffalo, que faz um jornalista determinado mas bastante impulsivo e atrapalhado, servindo até mesmo para um bem colocado alívio cômico. Se o prêmio dependesse somente do mérito, ele seria fortíssimo candidato à vitória. Rachel McAdams também foi indicada e faz um bom trabalho, mas seu papel tem importância um pouco menor na trama, sendo a personagem que mais se envolve, ainda que de forma muito contida, com as dores das vítimas e dos católicos que tentavam ignorar a verdade. Mesmo os personagens pequenos se destacam, sobretudo os atores desconhecidos que interpretaram as vítimas.

Somente por conta da direção de atores Tom McCarthy já faz jus à sua indicação ao Oscar. Mas, além disso, todos os outros elementos do filme estão bem colocados, como a fotografia e a edição, sem que esses roubem o espaço do ótimo roteiro.

Spotlight é um ótimo filme, que prende a atenção do espectador e o leva junto com a equipe na descoberta da verdade ao longo de suas 2 horas de projeção. Todas as peças funcionam bem, sobretudo as mais importantes, roteiro, atuações e direção, merecendo suas indicações ao Oscar.

Nota: 9

14 de janeiro de 2016

Oscar 2016: Indicados

And the Nominees Are...



Saiu a lista dos indicados ao Oscar. Conforme forem saindo os pitacos irei atualizando a lista. Basta clicar no título para ler o pitaco.

Todos os filmes indicados a melhor filme, melhores atuações e roteiros serão analisados aqui. Como são muitos filmes, o projeto é lançar até 3 pitacos por semana, às terças, quintas e sextas.

Considerações sobre as indicações:
- Star Wars merecia estar na lista de melhor filme, é melhor do que os outros 3 indicados que já vi (Mad Max, Ponte dos Espiões e Perdido em Marte)
- Ex-Machina merecia mais indicações. Levou por roteiro original e efeitos visuais, mas merecia por melhor filme, melhor diretor, ator coadjuvante (Oscar Isaac) e atriz coadjuvante (Alicia Vikander, que levou a mesma indicação por A Garota Dinamarquesa)
- Ponte dos Espiões é ruim e não mereceu as indicações a melhor filme e melhor roteiro. Tom Hanks poderia ter levado uma indicação pelo filme. 
- O Brasil tá no Oscar com a animação O Menino e o Mundo. Não adianta torcer porque não vai ganhar de Divertida Mente, mas a indicação já é um prêmio.

Lista Completa dos Indicados


Melhor Filme


Melhor Diretor


Melhor Atriz


Melhor Ator


Melhor Atriz Coadjuvante


Melhor Ator Coadjuvante


Melhor Roteiro Original


Melhor Roteiro Adaptado


Melhor Canção Original

  • "Earned It" - Cinquenta Tons de Cinza
  • "Manta Ray" - Racing Extinction
  • "Simple Song #3" - Youth
  • "Writing's On The Wall" - 007 Contra Spectre
  • "Til It Happens To You" - The Hunting Ground

Melhor Fotografia


Melhor Figurino


Melhor Maquiagem e Cabelo


Melhor Mixagem de Som


Melhor Edição de Som


Melhores Efeitos Visuais


Melhor Design de Produção


Melhor Edição


Melhor Trilha Sonora


Melhor Longa Estrangeiro

  • Theeb - Jordânia
  • A War - Dinamarca
  • Cinco Graças - França
  • O Filho de Saul - Hungria
  • O Abraço da Serpente - Colômbia

Melhor Animação


Melhor Documentário em Curta-Metragem

  • Body Team 12
  • Chau, Beyond The Lines
  • Claude Lanzmann: Spectres Of The Shoah
  • A Girl In The River: The Price Of Forgiveness
  • Last Day Of Freedom

Melhor Documentário em Longa-Metragem

  • Amy
  • Cartel Land
  • O Peso do Silêncio
  • What Happened, Miss Simone?
  • Winter on Fire: Ukraine's Fight fo Freedom

Melhor Curta-Metragem

  • Ave Maria
  • Day One
  • Everything Will Be Okay (Alles Wird Gut)
  • Shok
  • Stutterer

Melhor Curta em Animação

  • Bear Story
  • Prologue
  • Os Heróis de Sanjay
  • We Can't Live Without Cosmos
  • World of Tomorrow

12 de janeiro de 2016

Star Wars: O Despertar da Força (2º pitaco)

A Força está de Volta!

Star Wars: The Force Awakens, Dir: J.J. Abrams, EUA, 2015, 2h15min
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ALERTA: LOTADO DE SPOILERS

Após o pitaco sem spoilers (clique aqui para ler), que trata da parte técnica, vamos ao pitaco que trata da trama, feito após este pitaqueiro ter visto o filme 4 vezes. Fã faz essas coisas...

A trama, tem semelhanças muito grandes com o Episódio IV, Uma Nova Esperança (clique aqui para ler o pitaco sobre a Trilogia Clássica): importantes planos secretos foram escondidos em um dróide que vai parar em um planeta desértico onde vive uma humilde jovem órfã que sonha em deixar aquele lugar, e que, subitamente, vê-se envolvida no maior conflito da galáxia. No final, há uma gigantesca estação espacial ameaçadora que o heróis precisam destruir.


Apesar disso, o filme traz elementos novos marcantes. O principal é o fato de não existir mais um conflito já estabelecido entre os dois lados da Força. Luke sumiu e o espaço do lado luminosos ficou vago, sobrando só Kylo Ren e o Supremo Líder Snoke, representantes do lado negro. A Força tornou-se um mito, e é o antes cético Han Solo quem vai dizer aos novos heróis, Finn e Rey, que ela não é somente "mambo jambo", uma tolice.

Como já dito no outro pitaco, os novos personagens são sensacionais! Rey é apaixonante, com sua delicadeza, esperança, independência e coragem. Uma ótima heroína para as novas gerações, especialmente para as meninas. E a atuação da bela Daisy Ridley é sensacional! Impressionante saber que uma novata consegue ter tamanha presença em tela e tanta expressividade. Completando, a música tema do mestre John Williams cai com uma luva para a personagem (clique aqui para ouvir), com seu início delicado e seus momentos marcantes, que demonstram alguém descobrindo sua força. 

Kylo Ren é o outro lado da moeda e também muito interessante. O neto do temido Vader é um vilão ainda em preparação, sem equilíbrio emocional necessário, o que demonstra com seus chiliques destruidores. Adam Driver também mostra um bom trabalho ao ter de mostrar as emoções conflitantes do personagem na cena com Han Solo, a propósito, uma cena memorável, com grandes atuações, diálogos, ritmo, e fotografia.

Finn não é um personagem tão importante ou complexo, apesar de aparecer bastante, mas John Boyega cumpre bem a função de coadjuvante, servindo como alívio cômico e par romântico de Rey. A química entre os dois é imediata, ao contrário da forçação de barra que foi o amor entre Padmé e Anakin na Trilogia de Origem, fruto da má direção de George Lucas.

Infelizmente faltou destaque para Poe Dameron, vivido pelo fenomenal Oscar Isaac, que mesmo com sua pequena participação ganha o espectador na primeira cena e conduz o início da trama. O papel merece mais destaque nos próximos filmes, pois Isaac é um ator de primeira grandeza. O mesmo se pode dizer da Capitã Phasma, que apesar de seu look de destaque e de contar com a interpretação de uma atriz conhecida, Gwendoline Christie, não mostrou a que veio.

Muitas são as perguntas abertas, bem ao estilo Lost. As principais envolvem os eventos que ocorreram entre o lapso de tempo entre O Retorno de Jedi e O Despertar da Força. Talvez a principal pergunta seja "Quem é Rey?". Não sabemos quem são seus pais, por que foi deixada em Jakku, como adquiriu suas habilidades e nem de onde vem a Força que ela possui. Também há perguntas sobre o passado de Kylo, especialmente o motivo que o levou destruir a nascente Academia Jedi de Luke. E o mestre do mal, Snoke, também é um enigma. Alguns sugeriram ser ele uma reencarnação do finado Imperador Palpatine ou ainda de seu mestre Darth Plagueis, mas já foram desmentidos.

A perturbadora morte de Han Solo é prova do efeito que Game of Thrones provocou no mundo do entretenimento. Ninguém mais tem dó de matar personagens principais e amados pelo público. E alguns especulam que Kylo Ren o matou para se unir definitivamente ao lado negro, para que depois ele destrua o lado negro por dentro. Não acredito na teoria, apesar de achar excepcional, por um motivo simples: o filme é da Disney e os executivos do estúdio não vão permitir que se dê qualquer justificativa para um cara que mata o próprio pai, ainda que seja um meio para atingir um fim nobre.

Quanto à Starkiller, essa é uma reencarnação da Estrela da Morte. Já disse que o Universo de Star Wars não precisa sempre de uma arma gigantona pra assustar. E sua apresentação é feito de forma um pouco rápida e atrapalhada, pois não se cria um clima de tensão com a destruição dos planetas da República, como foi bem feito em Uma Nova Esperança com a destruição de Alderan. E sua pouca importância na trama é comprovada no momento em que sua destruição base é ofuscada pelo bem mais interessante confronto de sabres entre Kylo x Finn e Rey. Aliás, o momento em que Rey usa seu poder para puxar o sabre e se revela uma nova jedi é de arrepiar qualquer fã da saga. Um dos grandes momentos de toda a franquia, comparável ao "Eu sou seu pai".

O final é lindo! A fotografia é sensacional e a mistura dos temas musicais de Rey e Luke é espetacular (clique aqui para ouvir). O filme termina no momento certo. Luke tinha que aparecer, mas qualquer diálogo entre ele e Rey seria desnecessário. As expressões faciais dos atores falam mais que qualquer palavra. Para os entendedores aquele foi o encontro entre diferentes gerações de jedis, o mestre e a aprendiz.

J.J. Abrams foi muito competente em trazer de volta a magia de Star Wars. Os recordes de bilheteria comprovam. E os novos personagens apresentam muitas possibilidades de desenvolvimento. A Força está de volta!


Nota: 8