2 de março de 2018

Oscar 2018: Indicados do Pitacos

Os Esnobados de 2018


E vamos a mais uma edição dos Esnobados. Nesse ano até que não tem tantas mudanças, exceto para filme. Apesar de nenhum dos indicados nessa categoria ser ruim, há outras produções superiores.

Infelizmente não vi todos os filmes indicados em todas as categorias de longas. Mas acho que posso dar uns pitacos com base no que vi. Algumas categorias deixei intactas. 

Três filmes que se incluí em diversas categorias são os mesmo que incluí na de melhor filme, que foram bem esnobados.

Vamos à lista:


Melhor Filme

  • Me Chame Pelo Seu Nome
  • Dunkirk
  • Corra!
  • Trama Fantasma
  • The Post - A Guerra Secreta
  • Três Anúncios Para um Crime
  • O Destino de Uma Nação
  • Lady Bird - A Hora de Voar
  • A Forma da Água
  • O Estranho que Nós Amamos
  • Blade Runner 2049
  • Mãe!
Sim, vou tirar até mesmo um dos favoritos ao Oscar A Forma da Água. Achei esses eliminados apenas ok. Os incluídos tem muito maior valor artístico, ainda que Mãe! seja um filme bem desagradável, mas essa era a proposta do diretor.

Melhor Direção


  • Dunkirk - Christopher Nolan
  • Corra! - Jordan Peele
  • Trama Fantasma - Paul Thomas Anderson
  • A Forma da Água - Guillermo del Toro
  • Lady Bird - A Hora de Voar - Greta Gerwig
  • Blade Runner 2049 - Denis Villeneuve
  • O Estranho que Nós Amamos - Sofia Coppola
Tirei uma mulher da lista, mas incluí outra. Acho que Sofia Coppola só não está no páreo por já ter vencido o Festival de Cannes. Seu trabalho é muito superior ao de Gerwig. E ainda ficou de fora a única mulher que já ganhou um Oscar de direção, Kathryn Bigelow, que fez um belo trabalho em Detroit em Rebelião.

Melhor Atriz


  • Sally Hawkins - A Forma da Água
  • Frances McDormand - Três Anúncios Para um Crime
  • Margot Robbie - I, Tonya
  • Saoirse Ronan - Lady Bird - A Hora de Voar
  • Meryl Streep - The Post - A Guerra Secreta
  • Nicole Kidman - O Estranho que nós Amamos
Streep é fantástica, mas não fez um trabalho digno de premiação. Kidman fez um trabalho melhor do que o do ano passado em que foi indicada por Lion.

Melhor Ator


  • Timotheé Chalamet - Me Chame Pelo Seu Nome
  • Daniel Day Lewis - Trama Fantasma
  • Daniel Kaluuya - Corra!
  • Gary Oldman - O Destino de Uma Nação
  • Denzel Washington - Roman J. Israel, Esq.
  • James McAvoy - Fragmentado
Denzel Washington é o destaque do filme e faz um bom trabalho, mas McAvoy teve que se desdobrar para fazer bem uns 10 papéis no filme.


Melhor Ator Coadjuvante


  • Willem Dafoe - Projeto Flórida
  • Richard Jenkins - A Forma da Água
  • Christopher Plummer - Todo o Dinheiro do Mundo
  • Sam Rockwell - Três Anúncios Para um Crime
  • Woody Harrelson - Três Anúncios Para um Crime
  • Colin Farrell - O Estranho que Nós Amamos
    Harrelson dá humanidade a Três Anúncios, mas Farrell contribui muito mais para O Estranho que nós Amamos.


    Melhor Atriz Coadjuvante


    • Mary J. Blige - Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi
    • Allison Janney - I, Tonya
    • Laurie Metcalf - Lady Bird - A Hora de Voar
    • Lesley Manville - Trama Fantasma
    • Octavia Spencer - A Forma da Água
    • Vicky Krieps - Trama Fantasma
    Octavia Spencer sempre faz o mesmo papel da mulher do povo esperta e faladora, já ganhou até um Oscar imerecido por isso. Vicky Krieps não se intimidou em contracenar com a lenda Daniel Day-Lewis. Kirsten Dunst também está ótima em O Estranho que Nós Amamos.


    Melhor Roteiro Original

    • Corra!
    • A Forma da Água
    • Três Anúncios Para um Crime
    • Lady Bird - A Hora de Voar
    • Doentes de Amor
    • Mãe!
    Doentes de Amor é um filme que não se decide se é drama exagerado ou uma comédia sem graça. De qualquer jeito, é ruim. Mãe! é de embrulhar o estômago, mas é genial.


    Melhor Roteiro Adaptado

    • Artista do Desastre
    • Me Chame Pelo Seu Nome
    • A Grande Jogada
    • Mudbound
    • Logan
    • Blade Runner 2049
    Infelizmente somente vi Logan dentre os indicados que é bom. Mas Blade Runner 2049 é melhor e assume seu lugar.


    Melhor Fotografia

    • Blade Runner 2049 - Roger Deakins
    • Mudbound - Rachel Morrison
    • Dunkirk - Hoyte van Hoytema
    • A Forma da Água - Dan Laustsen
    • O Destino de Uma Nação - Bruno Delbonnel
    • Star Wars - Os Últimos Jedi
    Os Últimos Jedi tem uma série de defeitos, mas sua fotografia é ótima, muito superior à repetitiva de O Destino de Uma Nação.


    Melhor Figurino

    • A Bela e a Fera
    • O Destino de Uma Nação
    • Trama Fantasma
    • A Forma da Água
    • Victoria e Abdul 


    Melhor Maquiagem e Cabelo

    • O Destino de Uma Nação
    • Extraordinário
    • Victoria e Abdul

    Melhor Mixagem de Som

    • Em Ritmo de Fuga
    • Blade Runner 2049
    • Dunkirk
    • A Forma da Água
    • Star Wars - Os Últimos Jedi

    Melhor Edição de Som

    • Em Ritmo de Fuga
    • Blade Runner 2049
    • Dunkirk
    • A Forma da Água
    • Star Wars - Os Últimos Jedi

    Melhores Efeitos Visuais

    • Blade Runner 2049
    • Guardiões da Galáxia Vol.2
    • Kong - A Ilha da Caveira
    • Star Wars - Os Últimos Jedi
    • Planeta dos Macacos - A Guerra

    Melhor Design de Produção

    • A Bela e a Fera
    • Blade Runner 2049
    • O Destino de Uma Nação
    • Dunkirk
    • A Forma da Água

    Melhor Montagem

    • Em Ritmo de Fuga
    • Dunkirk
    • Eu, Tonya
    • A Forma da Água
    • Três Anúncios Para um Crime

    Melhor Trilha Sonora Original

    • Dunkirk - Hans Zimmer
    • Trama Fantasma - Jonny Greenwood
    • A Forma da Água - Alexandre Desplat
    • Star Wars - Os Últimos Jedi - John Williams
    • Três Anúncios Para um Crime - Carter Burwell

    The Post

    O Quarto Poder

    Dir: Steven Spielberg, EUA, 2017, 1h56min
    IMDB                 Trailer


    Qual o papel da imprensa na sociedade contemporânea? Essa talvez seja a principal questão que Steven Spielberg queira responder em The Post.

    Na trama passada em 1971, a dona do The Washington Post fica no dilema entre publicar arquivos secretos sobre o fracasso da Guerra do Vietnã que a justiça já havia proibido o concorrente The New York Times de divulgar, mantendo a credibilidade de seu veículo, ou se calar, evitando a possível falência da empresa e um mal estar com seus amigos políticos de longa data. 

    O filme foi feito para engrandecer os jornalistas, mostrados como uma classe de pessoas sempre em busca de mostrar à sociedade o mal que o governo pode causar. Há, inclusive, muitos termos do setor, como "lide" e "foca", que talvez os não habituados ao jargão das redações tenham um pouco de dificuldade em compreender.

    O papel da imprensa na informação aos governados, tão questionado sobretudo após a vitória política de Donald Trump, é bem analisado na trama. O vilão principal aqui é Richard Nixon, mas  a culpa sobra também para todos os presidentes anteriores a ele envolvidos na Guerra do Vietnã: Eisenhower, Kennedy e Johnson. Todos mentiram ao público sobre as chances dos EUA vencerem a guerra.

    Há um embate muito forte no filme entre o dinheiro e o interesse público. De um lado estão os jornalistas, que querem mostrar tudo, doa a quem doer. Do outro a editora do jornal, que sabe que se o jornal desagradar muita gente pode perder anunciantes e leitores e não ter mais saúde financeira para seguir produzindo material de qualidade, perdendo o próprio sentido da existência.

    Spielberg não resiste a seu habitual sentimentalismo e passa um pouco do ponto na análise do drama da protagonista, uma milionária que tem que lutar pelo legado da empresa de sua família. Até mesmo outros personagens mostrados como pessoas comuns se compadecem desse drama emocional. Felizmente os exageros de pieguice aqui estão contidos, ao contrário de seu último filme "adulto", Ponte dos Espiões.

    Há também algumas pitadas de discussão sobre a inserção feminina no mundo empresarial bem inseridas. Não é um tratado sobre o tema, mas é bem contextualizado, mostrando que se ainda hoje as mulheres vivem desafios no mundo corporativo, há quase 50 anos atrás elas eram vistas como alienígenas.

    No elenco os dois maiores pesos pesados de Hollywood, Meryl Streep e Tom Hanks. Streep, como sempre, é competente, mas sua atuação não era digna de premiação dessa vez. No entanto, ela tem lugar cativo nas indicações, sendo essa a sétima nos últimos 10 anos. Hanks aqui deixou seu papel habitual de bom moço para interpretar um anti-herói e se saiu mal. Seu personagem é o estereótipo do diretor de redação durão e mal humorado. Para compô-lo, ele se vale de uma voz áspera extremamente caricatural que só prejudica sua atuação. Ainda assim, não chega a prejudicar o filme.

    Tecnicamente, como é padrão nos filmes de Spielberg, o filme é bem realizado, com a bela fotografia de seu parceiro de longa data Janusz Kaminski. Merecem destaque as sequências que mostram a parte técnica da produção de um jornal antes da era digital.

    Na corrida do Oscar o filme recebeu indicação para atriz principal e melhor filme. Não vai ganhar nada na noite da premiação, e nem merece, ainda que seja um bom filme.

    The Post é um filme interessante sobre a importância da mídia nos bastidores do poder e merece ser visto por quem se interessa por entender como nossa visão sobre a política é formada.

    Nota: 7