15 de outubro de 2013

Gravidade

Perdidos no Espaço

Gravity, Dir: Alfono Cuáron, EUA/Reino Unido, 2013, 91 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1454468/




Filme sensação do momento, após ter sido ovacionado no Festival de Cannes e elogiadíssimo pela crítica, Gravidade, tem uma trama relativamente simples: uma dupla de astronautas vividos por George Clooney e Sandra Bullock têm de se salvar após uma colisão de detritos espaciais com o ônibus espacial no qual estão. Pouco depois, descobrimos que a personagem de Sandra Bullock tem dúvidas sobre se quer lutar por sua vida, pois ainda vive o luto pela morte de sua única filha de 4 anos de idade.

Dito assim, o filme pode parecer sem graça. Talvez quem goste somente de filmes-cabeça, com tramas complexas ou filosóficas, veja Gravidade somente como um filme de ação. Mas nem só dessas tramas "mais complexas" vive o cinema. Assim, o filme se encaixa na linha dos primeiros tempos de Spielberg, como Encurralado (Duel), no qual um sujeito normal sai de casa e de repente se vê perseguido por um caminhão, ou o ultrapopular Tubarão. Nessa linha de tramas simples mais recentes destaco ainda o excepcional Drive. Assim, não há qualquer demérito na simplicidade do roteiro. Especialmente por manter a crueza dos desafios reais no ambiente hostil, sem se render a câmeras lentas, músicas dramáticas ou outros recursos emotivos.

O ponto alto de Gravidade com certeza é seu espetáculo visual. Nenhum filme anterior que teve o espaço como cenário nos fez sentir tanto neste ambiente. Este definitivamente é um filme para se ver em 3D e se sentir imerso na imensidão celestial. Aposto que o Oscar de efeitos especiais já tem dono. E só pelo esforço físico Sandra Bullock já merece disputar o de melhor atriz.

Depois de ver o filme, acho que as pessoas terão de rever aquele velho sonho de ser astronauta.

Nota: 8

8 de outubro de 2013

Idiocracia

Dãããããã


Idiocracy, Dir: Mike Judge, EUA, 2006, 84 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0387808/






Após várias gerações nas quais as pessoas mais inteligentes demoravam para se reproduzir, gerando, quando muito, um só descendente, e os "menos favorecidos intelectualmente" iam povoando o mundo, a Terra se vê coberta por uma humanidade completamente idiota em 2505. Esse é o futurismo proposto em Idiocracia.

Joe Bauers, ou Not Sure (Luke Wilson) é o protagonista da estória. Colocado em hibernação em 2005, é esquecido dentro de seu sarcófago após o projeto ser cancelado pelo exército dos EUA. Ele havia sido escolhido devido à sua incrível mediocridade, pois era um "homem médio" em todos os quesitos.

Quando acorda, em 2505, encontra um planeta imundo, povoado por quase débeis mentais, que vivem de repetir bordões de comerciais da TV, gírias e palavrões, quando conseguem exprimir mais do que 3 palavras. Num ambiente como esse, é fácil ser o sujeito mais inteligente, o que acontece com Joe. Aliás, por conseguir articular minimamente suas frases, sem falar gírias nem grunhir, todos o veem como efeminado.

Bem, a partir daí a estória segue um ritmo de ação no qual Joe é preso, considerado a pessoa mais inteligente do mundo após testes estúpidos de QI, nomeado ministro, condenado à execução pública dentre outras desventuras.

O diretor do filme é Mike Judge, mais conhecido por ser o criador da dupla de idiotas Beavis e Butt-Head. Não acompanhei muito o seriado, mas a impressão que se tem é que ele quis imaginar um mundo povoado por idiotas como seus famosos personagens, que ficam rindo, grunhindo e só pensam em sexo.

O filme é cheio de boas tiradas. Um julgamento em que o juiz é um showman e no qual o advogado de defesa passa a acusar seu cliente, em meio a argumentações vazias, um presidente que é ex campeão de luta livre (lembram de algum ex governador da Califórnia?), uma arena mistura de coliseu com estádio de futebol com a torcida vibrando pra ver destruição e um cinema com as pessoas rindo de uma bunda que fica em cena ao longo de toda a projeção (que me lembram os frequentadores do Cinemark que gargalham a cada ironia sutil de filmes dramáticos) são alguns dos bons momentos.

O pior de tudo no filme é perceber que na brincadeira, há um belo fundo de verdade. Tenho a sensação de que o mundo está emburrecendo, por mais contraditório que pareça em um ambiente no qual transborda informação. Mas, tal contradição é aparente, pois a informação cada vez tem menos qualidade. Basta ver na página do UOL quais são as notícias mais lidas. Quase sempre são sobre fofocas de celebridades. Com tanta informação disponível as pessoas ficam com preguiça de pensar. Um mundo de alienados, como no livro clássico Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.

Duvido que quem assistir não vai pensar que talvez este seja nosso destino.

Nota: 7