23 de fevereiro de 2016

Brooklin

Bonitinho, mas Ordinário

Brooklyn, Dir: John Crowley, Reino Unido/Irlanda/Canadá, 2015, 1h51min
IMDB                 Trailer


Um filme bonitinho, mas ordinário. Todo certinho e com boas atuações, esse é Brooklin (em mais um dos mistérios dos títulos em "brasileiro", o distribuidor trocou o "y" do título original pelo "i", vai entender). Indicado em 3 categorias no Oscar 2016 (filme, atriz principal e roteiro adaptado), o filme é o representante da já conhecida "cota britânica" na premiação. Sua indicação a melhor filme é exagerada, mas as demais nomeações são merecidas.

A estória mostra Eilis, uma moça sem perspectivas de futuro na Irlanda que consegue se mudar para Nova York, mais especificamente, é claro, pro Brooklyn. Lá ela irá enfrentar os desafios de se adaptar a um novo local e, acima de tudo, a saudade que sente de sua mãe e de sua irmã que deixou em seu país. O início é duro, mas com o tempo ela se adapta ao emprego, tem a chance de cursar uma faculdade e, principalmente, arruma um namorado, que muda completamente sua relação com o local. Na metade do filme ela tem de voltar a seu país e em sua volta as perspectivas de futuro que antes não existiam, como um bom emprego e um bom pretendente, surgem também na Irlanda. E aí ela terá de decidir o que quer para o futuro. Fica claro que a moça dividida entre dois amores (e dois países) será o tema mais forte aqui.

O filme trabalha um bom tema, a imigração, um dos maiores atos de coragem e desapego que uma pessoa pode ter. Um lugar muito marcante sobre isso é Ilha Ellis, em NY, antigo ponto de desembarque de imigrantes e atualmente um museu sobre imigração dos EUA, presente no clássico O Poderoso Chefão: Parte 2, que mostra o pequeno Vito chegando à América. O filme traz ainda um subtema pouco explorado que é a cansativa e dura viagem de navio, em que as pessoas mal podiam se alimentar para não passarem mal. Mas esses temas são secundários. O mote aqui é o romance.

O roteiro do escritor Nick Hornby (autor do livro Alta Fidelidade) às vezes carrega um pouco no melodrama, mas são em momentos pontuais, e em geral o filme é sóbrio. Seu principal mérito foi de ter criado uma personagem sólida, que foge do estereótipo da mocinha romântica típica. A direção de John Crowley é elegante e suave, pegando as minúcias da dor da personagem central, sem necessitar de muitos exageros dramáticos. Um ponto interessante é a fotografia e o design de produção que acompanham o estado emocional de Eilis, e quando ela está apaixonada todo o cenário fica tomado por cores alegres em tons suaves.

Saoirse Ronan (lê-se Sãrcha, a pronúncia é difícil até pros anglófilos) faz um ótimo trabalho na pele da protagonista, uma moça firme, corajosa, mas sentimental. Já foi previamente indicada ao Oscar ainda adolescente pelo bom Desejo e Reparação e a indicação ao prêmio agora adulta confirma que sua carreira está progredindo, ao contrário de diversos atores mirins que deram errado - não é Macaulay Culkin é Haley Joel Osment? No elenco também está o onipresente Domhnall Gleeson, presente em outros três filmes indicados ao Oscar 2016 (O Regresso, Star Wars: O Despertar da Força e Ex Machina).

Brooklin é um bom filme que certamente encantará as moças e não será tão chato de ver para os rapazes que as acompanham como a maioria das comédias românticas. Mas só está na lista dos indicados a melhor filme pra agradar os britânicos. Se era pra preencher a "cota britânica", melhor seria incluir na lista o ótimo Ex Machina.

Nota: 7

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