9 de fevereiro de 2016

O Regresso

Sobrevivência e Vingança

The Revenant, Dir:  Alejandro González Iñárritu, EUA, 2015, 2h36min
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O Regresso é o filme com o maior número de indicações ao Oscar 2016, concorrendo em 12 categorias. É favorito em categorias fortes, como direção, ator e fotografia, e também é um dos favoritos ao prêmio principal, junto a Spotlight e A Grande Aposta.

O filme está baseado na história real de um explorador de peles americano no início do século XIX, Hugh Glass, que é atacado por uma ursa. Após ser ferido gravemente, Glass tem que ser carregado pelos seus companheiros, que estão ameaçados pelo ambiente selvagem, pela aproximação do inverno e pelos índios nativos Arikara que os consideram inimigos. Ao carregar um homem quase morto, o grupo abandona Glass à própria sorte e vê seu filho mestiço sendo morto por um dos seus companheiros, Fitzgerald.

Ainda sem condições físicas, Glass passará por uma série de provações para deixar a área selvagem e regressar a um acampamento americano. E sempre obstinado em vingar o assassinato de seu filho. Assim, o filme combina filmes de superação frente a um ambiente hostil, como Gravidade e Náufrago, com filmes de vingança, como Kill Bill e Rastros de Ódio

O roteiro tem mais ação do que diálogos. Mas não o tipo de ação com atores malhados e explosões. A ação aqui foca no homem lutando para sobreviver em um ambiente hostil, com muitas cenas viscerais. Há também muita violência nos embates humanos, especialmente nos provocados pelo sempre tenso convívio entre indígenas e ocidentais. Apesar de ser um filme sobre a sobrevivência, aqui não se recorre ao recurso barato de discursos eloquentes carregados de lições de moral. O filme tem grande preocupação com o realismo.

Leonardo DiCaprio certamente leva o Oscar desta vez. Apesar das piadas, ele nunca foi favorito nos prêmios anteriores. E como a Academia ADORA filmes em que os atores tem de passar por sacrifícios e transformações físicas, o prêmio é certo. E com méritos, apesar de ele ter se mostrado um ator mais completo em filmes anteriores, como Diamante de Sangue e Os Infiltrados.

Tom Hardy é o antagonista e foi indicado a coadjuvante. Ele é um ator muito forçado e duro, cujo constante balançar de cabeça indicando concordância é incômodo, tanto aqui quanto em Mad Max: Estrada da Fúria. E sua voz rouca é reprise da entonação que utilizou como Bane em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Outros atores mereciam bem mais a indicação, como Idris Elba (Beasts of No Nation) e Oscar Isaac (Ex Machina) (em breve sairá um pitaco sobre quem deveria ter sido indicado). No elenco também está Domhnall Gleeson, em boa interpretação, ator presente em outros três dos filmes que disputam os prêmios (Ex Machina, Star Wars: O Despertar da Força e Brooklin).
  
A direção do mexicano Alejandro G. Iñárritu é espetacular. Como o maior dos mestres do cinema, Stanley Kubrick, em Barry Lyndon, o diretor utiliza somente luz natural neste filme. Poucas também são as cenas em ambientes fechados e o diretor nos leva à natureza selvagem do oeste americano pré-colonização. Como todo diretor competente, consegue fazer com que o público sinta o que ele quer e, no caso, coloca o espectador no corpo ferido de Glass. Iñárritu é um nome em destaque na Hollywood atual, que após ganhar 3 prêmios em 2015 (filme, roteiro e direção) pelo espetacular Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), segue em alta rumo ao bicampeonato como diretor e forte concorrente à dobradinha de melhor filme.

Também notável é a fotografia de seu compatriota Emmanuel Lubezki. Com seu foco em paisagens, ele utiliza-se de imagens subexpostas (escuras), com pouca saturação e com uma paleta predominantemente azul. Também utiliza-se de movimentos de câmera muito interessantes, ótimos planos-sequência e tomadas que levam o espectador a ter a mesma visão que os personagens. Ganhou os dois últimos prêmios de fotografia pelos mencionados Gravidade e Birdman, e caminha para o tricampeonato.

O filme também se destaca nas demais categorias técnicas a que concorre (edição, design de produção, maquiagem, figurino, edição de som, mixagem de som e efeitos visuais), mas não deve ganhar em nenhuma dessas, pois boa parte destes prêmios ficará com Mad Max: Estrada da Fúria.

O Regresso é um filme forte e violento, que conta uma boa história de superação e vingança. Apesar de exigir estômago em algumas cenas mais pesadas, é uma ótima experiência cinematográfica. 

Nota: 9

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