23 de maio de 2007

Paradise Now

Quem são os homens-bomba?

Idem, Dir. Hany Abu-Assad, Palestina/ França/ Alemanha/ Holanda/ Israel, 2005, 90min

Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2006, Paradise Now retrata a história de dois palestinos homens-bomba.

Said e Khaled são dois amigos, unidos pela idade, ambos em torno de 25 anos, e pela pobreza que trabalham como mecânicos na cidade de Nablus, na Palestina. Donos de personalidade bastante distintas, Said é bastante introspectivo e já Khaled é muito empolgado e falante. Dada a falta de perspectiva desses, decidem se oferecer como homens-bomba na guerra sem fim entre palestinos e israelenses.

Estão aqui alguns dos elementos que sempre ouvimos falar sobre homens-bomba. A glória a eles oferecida por se tornarem mártires e a recompensa vindoura que encontrarão no paraíso, razão pelo título do filme.

Apesar de tratar de um tema extremamente noticiado, o enfoque é diferente, já que normalmente acompanhamos tais notícias por órgãos de imprensa se não favoráveis pelo menos mais próximos de Israel do que dos Palestinos. No entanto, o filme tampouco é uma ode a coragem dos mártires árabes, muito pelo contrário. Em cima desse tema são discutidos assuntos como o porquê e a eficácia dessa estratégia, mostrando que os palestinos também pensam, e não são um bando de malucos fanáticos religiosos.

Obviamente, que essa questão do fanatismo não poderia deixar de aparecer em um filme com essa temática. Mas as personagens centrais são pessoas comuns e não loucos dispostos a sair matando indiscriminadamente. O que os leva a se tornarem homens-bomba é o mote do filme, e o que chama a atenção é que isso é causado pela falta de perspectivas desses homens, que não tem pouco a perder.

O filme trata também da motivação individual. Durante o filme, parece claro que Khaled é o mais motivado, sentindo-se um herói pelo que irá fazer e com sangue nos olhos, enquanto que Said sempre adota uma postura mais crítica e fria. Contudo, como mostra o filme, não basta essa motivação na base do grito, é necessário razão mais profunda para levar um ser humano acabar com a própria vida, o que Said tem e Khaled não.

Tecnicamente, Paradise também não deixa a desejar, com bons cenários, a maioria ao ar livre, retratando o cotidiano palestino, apresentando-nos a lugares que só vemos quando há bombas explodindo.

As atuações também são dignas de elogios, especialmente para Kais Nashif, sósia de Zidane, que vive Said.

Apesar dessas qualidades, Paradise não é nem uma obra prima, o mérito maior consiste em revelar uma realidade que conhecemos através de fortes doses de ideologia importadas do noticiário televisivo pró Israel.

Nota: 7

17 de maio de 2007

O Sétimo Selo

Grande Clássico


Det Sjunde Inseglet, Dir. Ingmar Bergman, Suécia, 1956, 95min


Considerado um dos maiores clássicos da sétima arte, o Sétimo Selo é um filme que aborda temas éticos, como religião, existência de deus e a morte na Suécia da Época das Cruzadas assolada pela Peste Negra.
A narrativa tem como protagonista o cavaleiro cruzado Antonius Block (Max Von Sydow, o padre mais velho de O Exorcista) em seu retorno a Suécia após 10 anos de combate na Terra Santa, juntamente com seu escudeiro, Jöns. Ao retornarem, encontram seu país tomado pela Peste Negra, que está ceifando a população. Neste cenário, Antonius vive em confronto com a Morte, representada por um homem com seu manto negro e foice. Antonius desafia a morte para um jogo de xadrez, em cena metafórica muito marcante, numa partida que se estenderá ao longo do filme.
O outro núcleo que logo se juntará ao dessas duas personagens é representado por uma companhia circense itinerante, formados por um casal e seu filho bebê e por outro homem, representando os artistas, que tentam levar alegria à vida das pessoas em um cenário tão sombrio. Este núcleo é o protagonista de uma das melhores cenas do filme, e, provavelmente, da história do cinema, na qual é apresentado um antagonismo entre medo e alegria.
Na cena em questão, enquanto a companhia se apresenta surge uma procissão, na qual são apresentadas as piores formas de fanatismo religioso, com pessoas se auto-flagelando, pagando promessas, padres rezando, algo que ainda encontramos no mundo atual, especialmente nas épocas de páscoa, no Brasil. As mesmas pessoas que estavam vaiando e atirando tomates contra a companhia, ou seja, rechaçando a beleza, ajoelham-se e demonstram devoção à barbárie da procissão.
Ao longo da narrativa, outras personagens se juntarão a esse núcleo principal em uma viagem pela Suécia, no qual são visitados igrejas, vilas, fazendas e florestas, sendo o filme uma espécie de roadie movie mais antigo.
Todos as personagens, sem exceção, são dotadas de profundidade, nenhum deles servindo para somente ter papel de figuração. Antonius e Jons formam um antagonismo entre um homem introspectivo e ligado às grandes questões ético-filosóficas e outro homem mais adepto das coisas mais concretas e mundanas. O casal de atores representam a alegria e esperança do ser humano mesmo em cenários terríveis. Além desses, entram no rol de personagens o ferreiro traído e sua mulher, o ator conquistador, o padre ladrão, a camponesa humilde e a esposa do cavaleiro que o aguarda por anos.
Aliado a isso, a parte técnica do filme é muito bem trabalhada em se tratando de um filme não holywoodiano, antigo e em preto-e-branco. A fotografia, iluminação e cenografia fazem de algumas cenas clássicas, como a representação de Antonius jogando xadrez com a morte.
Com certeza, Sétimo Selo não é um filme de fácil e nem de única interpretação. Bergman criou uma obra profunda, que, com certeza, requer que seja vista algumas vezes para melhor entender suas mensagens. Contudo, não é uma obra como Cidade dos Sonhos, um filme que é um grande quebra-cabeça no qual o espectador tem de juntar os fragmentos para procurar entendê-lo. A narrativa é linear e favorece a compreensão, qualquer um pode entender o básico do filme, mas as grandes e profundas discussões entre Antonius e a Morte exigem atenção especial e uma participação do espectador.
Enfim, Sétimo Selo é considerado um grande clássico e possui os méritos necessários para tanto.
Nota: 10

16 de maio de 2007

Piratas do Caribe – O Baú da Morte

Yo ho, yo ho, efeitos especiais pra mim

Pirates of the Caribbean: Dead Man´s Chest - Dir. Gore Verbinski, EUA, 2006, 150min



Continuação do filme de 2003, Piratas do Caribe “2” mostra uma nova aventura protagonizada pelo trio Elisabeth (Keira Nightley), Will Tuner (Orlando Bloom) e o divertido pirata Capitão Jack Sparrow (na excelente, como sempre, atuação de Johnny Depp).

Nesta aventura, um enredo estranhíssimo, envolvendo mais coisas sobrenaturais que o primeiro e uma rede de personagens complicam a história, que já não é lá das melhores. A confusão é tanta em meio a tantas histórias paralelas que o espectador perde-se em meio a elas.
O filme perde-se muito em suas virtudes técnicas. Realmente, os efeitos especiais impressionam, mas nunca um filme deve tentar se apoiar sobre esses, que devem servir como elemento de criação cinematográfica. Em Piratas, o filme parece um grande laboratório de testes de técnicas cinematográficas. Exemplo é o vilão principal, o Capitão Davy Jones, um ser criado por computador com uma barba de tentáculos e sua tripulação todo formado por seres semelhantes. Exagero que retira o foco de qualquer tentativa de atuação.
Piratas 2 perde até o charme de seu antecessor, que consistia em ser uma historinha simples e divertida, no qual os efeitos especiais não roubavam a cena. Sobra um pouco de diversão, menos que no primeiro, e a atuação de Johnny Depp.

Nota: 4

14 de maio de 2007

Barry Lyndon

Tudo que sobe, desce

Idem, Dir. Stanley Kubrick, Inglaterra, 1975, 183min

Apesar de ser bastante suspeito para falar de filmes do Kubrick, que é meu diretor preferido, dou aqui meu pitaco sobre essa obra-prima (só por esse comentário já dá pra saber a nota), Barry Lyndon.

A história do filme retrata a trajetória de um Zé ninguém que busca um lugar ao sol. A trajetória do anti-herói Redmond Barry, cobre um período de aproximadamente 20 anos, mostrando sua ascensão e decadência.

Redmond é um jovem irlandês que vive com sua mãe em uma casa cedida por favor por um tio. Tal situação o faz ser mal visto pela sociedade, encarnada na figura de sua prima, sua primeira paixão, que, apesar de gostar dele, o despreza por ele não ter onde cair morto. Assim, esta inicia um namoro com um capitão do exército inglês, possuidor de status e dinheiro, que ainda ajudaria sua família com o abatimento de uma dívida.

Sentindo-se traído, Barry desafia o capitão para um duelo, o qual, surpreendentemente, vence. Com isso, Redmond tem que fugir das autoridades inglesas, e inicia sua grande jornada, que passa pelo exército inglês e pelo prussiano, torna-se servo de um espião disfarçado de nobre, golpista profissional e casa-se com uma jovem viúva aristocrata.

Nessa trajetória, Kubrick coloca alguns elementos característicos de sua filmografia, como diálogos estranhos para certas situações, como no assalto em que os ladrões conversam com Barry como se fosse um encontro de cavalheiros, desilusão com as forças armadas, corrupção do mundo, hipocrisia humana e outros elementos de sua visão pessimista do mundo.

Associado a isso, um rigor técnico apurado, com ambientações, figurino e fotografia invejáveis, servindo como excelente retrato da Europa pré-revolução Francesa. As 3 horas de filme valem à pena para quem está disposto a acompanhar uma história extremamente bem contada.

Barry Lyndon é uma grande alegoria que mostra a que pode levar a ambição humana, apresentando certa lição moralista, de que as conquistas são efêmeras, e tudo que sobe, inevitavelmente, desce.

Nota: 10

11 de maio de 2007

Homem-Aranha 3

Mosaico Aranha

Spider-Man 3, Dir. Sam Raimi, EUA, 2007, 140min


Continuação desta trilogia cinematográfica do herói de HQs e desenhos animados, que devido aos sucessos de bilheteria é bem provável que gere novos filmes.

Nesta aventura, Peter Parker (Tobey Maguire) começa a finalmente a desfrutar do sucesso como Homem-Aranha, na velha questão da fama subir à cabeça, já que é festejado, poderíamos dizer, por público e crítica. Ao mesmo tempo, sua namorada, Mary Jane (Kirsten Dunst), encontra-se em situação oposta em sua carreira como atriz da Broadway. Colocar o lado humano juntamente à ação não é novidade na série, pois todos os filmes sempre apresentaram algum conflito humano da personagem central, o que vem sendo a tônica nas superproduções de super heróis, como X-Men e Hulk.

O primeiro confronto de Homem-Aranha é com seu antigo amigo Harry Osbourne (James Franco), filho do vilão do primeiro filme, o Duende Verde, que busca vingar à morte de seu pai que acredita ele que foi assassinado por Peter. Munido de uma prancha voadora, ele enfrenta Peter e é derrotado por ele, sofrendo amnésia e retomando a amizade. Cabe aqui um elogio à atuação de Franco, que consegue mudar completamente sua expressão de vilão para bom moço após a amnésia.

Outro novo vilão é Homem-Areia (Thomas Haden Church, do brilhante Sideways) o verdadeiro assassino de Ben Parker, tio e pai de criação de Peter, um bom ladrão que ganha seus poderes em um experimento científico, como as demais personagens da série.

Também pode ser considerada como vilã a substância misteriosa que, logo no início do filme, vinda de um meteoro, entra em contato com Peter. Tal substância torna o uniforme de Aranha negro, dando mais poderes à Peter e estimulando sua agressividade. Por conta disso, surge uma das melhores cenas do filme, no momentoem que Peter, sentindo-se muito confiante, começa a paquerar todas as mulheres com que cruza na rua, inclusive dançando sozinho nas ruas de Manhattan.

Somados todos esses eventos, Peter começa a perder Mary Jane, que não se sente especial junto ao namorado, iniciando um relacionamento com Harry.

Por fim, quando Peter se livra da substância, ela cai em seu rival, o fotógrafo Eddie, que se torna Venom, que tem por objetivo único destruir o Aranha, e une-se ao Areia para tanto.

Analisando o filme em relação aos seus antecessores, a nova aventura inclui muitos vilões, o que retira a força desses, pois, desta maneira, não pode aprofundar as personagens, como fez melhor com Duende Verde no primeiro filme e Dr. Octopus no segundo. Por exemplo, o fato de Homem-Areia pedir desculpas ao Homem-Aranha surge do nada, sem grandes explicações. Venom, de seu surgimento ao seu fim, dura menos de uma hora em tela. Harry é o melhor tratado desses, que une-se ao Aranha no final para salvar Mary Jane.

Mesmo o lado humano, o que era a grande força dos dois primeiros filmes, aqui tratou de algo menos emotivo do que nos anteriores, que versavam sobre o crescimento de uma pessoa comum e sobre o conflito entre viver uma vida ordinária e uma de herói.

Assim, Homem-Aranha 3 torna-se uma vítima do sucesso da série, perdendo um pouco do tom de aprofundamento que marcaram seus antecessores e apenas repetindo seu sucesso com um grande mosaico para atrair maiores bilheterias.

Nota: 4


7 de maio de 2007

Sexo, Mentiras e Videotape

Sexo verbal

Sex, Lies and Videotape, Dir. Steven Soderbergh, EUA, 1989, 103min


Filme cult dos anos 80, especialmente por ter sido indicado ao Oscar de Melhor Roteiro. Apesar do nome, o filme não tem nada de pornográfico ou erótico, sendo que o sexo é somente discutido e a história gira em torno de somente quatro personagens, dois homens e duas mulheres, lembrando o recente e excelente Closer.

John (Peter Gallagher, hoje em dia o tiozão no O.C.) é um advogado bem sucedido casado com Ann (Andie MacDowell), que abandonou a profissão para viver cuidando do marido. A falta do que fazer faz com que ela se submeta à terapia para falar de suas neuras decorrentes de seu quase isolamento como dona de casa. Enquanto isso, John mantém um caso com sua irmã mais nova, Cynthia (Laura San Giacomo), com personalidade muito distinta de Ann, de quem sente profundo ciúme por ser a queridinha de todos. Nesse cenário de mentiras, John ainda faz o papel do senhor certinho, revelando uma profunda hipocrisia.

Com este cenário estabelecido, surge na história Graham (James Spader) amigo de faculdade de John que não o via desde a formatura. Ambos tomaram caminhos muito distintos, e Graham é praticamente um nômade que não trabalha, apenas tem um carro e sai passeando pelo mundo.

No encontro com John, estabelece-se o clima de discordância entre esses. Graham se mostra um cara que não suporta a hipocrisia do mundo, ao mesmo tempo que se revela um desajustado social, não muito habituado as regras de etiqueta do mundo “civilizado”. Esse comportamento diferente intriga Ann, que se sente atraída por essa pessoa diferente, como ela mesma se sente.

Graham revela-se um homem mais estranho do que parece. Apesar de extremamente sincero e simpático, esconde uma mania pouco comum: colecionar depoimentos por ele gravados em vídeo sobre mulheres relatando suas vidas sexuais. Mais interessante ainda é o fato de ele revelar a Ann que é impotente, sendo esses depoimentos sua fonte de prazer.

Como esperado, as máscaras caem no final, sendo que Ann descobre a traição de John com Cynthia e John vê a fita com o depoimento sexual de Ann.

Assim, Sexo, Mentiras e Videotape é um filme com poucos personagens com certa profundidade que busca mostrar a verdade que existe por trás das convenções sociais.

Nota: 7

A Comilança

Comer comer.... é o melhor para poder morrer

La Grande Bouffe, Dir. Marco Ferreri, França/Itália, 1973, 130min


Filme que passou recentemente na sessão cinéfilo do HSBC. O enredo consiste em um grupo de quatro amigos que decide se reunir para comer até morrer. Todos as personagens recebem o nome de seus intérpretes.

Marcello (Mastroianni) é um piloto de aviões machão à moda antiga. Ugo (Tognazzi) é o chef que por motivos óbvios assume a função de carrasco. Michel (Piccoli) é coreógrafo e dono da mansão onde ocorre a cerimônia. E Philippe (Noiret) é o juiz controlado por sua ama de leite. Todos senhores de meia idade e respeitados pelo que fazem.

Logo no início do isolamento, Marcello diz que não pode ficar sem transar e decide chamar algumas prostitutas à casa. Pouco depois, o grupo convida uma professora primária para juntar-se a eles. Dado seu cargo, todos julgavam ser ela uma pessoa muito pudica, temendo pela reação dela juntamente as prostitutas, mas ela releva-se mais devassa que as profissionais do sexo.

Assim, o filme segue esse caminho da comparação entre os prazeres sexuais e degustativos, apresentando-nos uma idéia de que são muito próximos um do outro, senão iguais.

Como todo filme que procura abordar a loucura humana, Comilança é também um filme que nos leva a esse mundo louco, fazendo-nos questionar se o louco são eles ou se os loucos somos nós, ou se ambos.

No entanto, o filme, apesar dos personagens bem construídos e das excelentes interpretações, tem um ritmo lento demais, e caminha para um final esperado em seu final. Algumas cenas poderiam ser mais curtas, para o filme ter menos que duas horas.

Como é um filme que gera a dúvida se é brilhante ou estúpido, mas é interessante, aqui vai sua nota

Nota: 6

13 de abril de 2007

300

Não é meu chicote que eles temem

 

Idem, Dir. Zack Snyder, EUA, 2007, 117min


Baseado na história em quadrinhos de Frank Miller, 300 retrata a épica batalha dos 300 melhores guerreiros de Esparta, liderados pelo valente Rei Leônidas (Gerard Butler) contra os 2 milhões de soldados do rei Xerxes, da Pérsia (Rodrigo Santoro).
O filme é um espetáculo gráfico fantástico. Excelentes efeitos visuais, figurinos, fotografia e edição dão o tom à grandeza da batalha das Termópilas. Seguindo uma linha totalmente diversa da que vinha sendo utilizada em épicos recentes, comoGladiador O resgate do Soldado Ryan, que utilizaram edição extremamente recortada, que confere tensão ao filme mas retira do espectador à percepção do todo, em 300 são utilizadas seqüências longas em slow motion em alguns confrontos, o que dá ao espectador a percepção real dos movimentos corporais da batalha. Percebemos todos os movimentos utilizados pelo guerreiro para matar diversos oponentes.
O enredo inicia-se apresentando-nos no panorama da vida de caserna espartana. Didaticamente, é mostrado o treinamento militar desde a infância, que diferenciava a pólis de Esparta. Lá, desde o nascimento, o sujeito era condicionado a ser um soldado. Tal traço fundamental da cultura espartana é mostrado ao longo de todo o filme, por meio da determinação dos guerreiros, seu treinamento exclusivo para a guerra, a figura do corcunda rejeitado para ser soldado, entre outras.
Seguindo no enredo, emissários persas vêm a Esparta com o propósito de pedirem que Leônidas ajoelhasse-se perante Xerxes e aceita-se seu domínio, tornando-se vassalo deste, o que é prontamente recusado. Como a cidade tem dúvidas da eficiência que teria uma guerra contra os persas, recusasse a entregar seu exército. Assim o rei Leônidas convoca sua elite, numa missão sem o carimbo de oficial, reforçando o espírito guerreiro de seus homens.
Reunidos, a turma de sunguinha e capa parte para a batalha. Aí começa o espetáculo gráfico do filme.
Passado parte dos confrontos, o imperador Xerxes reúne-se com Leônidas. Neste momento, o homossexualismo do filme, já pronunciado com a turma dos marombados de sunguinha, atinge o ápice, quando Xerxes, cheio de piercings, depilado e alto, no melhor estilo Vera Verão, como bem lembrado pelo pessoal do Pânico na TV, coloca as mãos no ombro de Leônidas e dizendo: “Não é meu chicote que eles temem”. Os cinemas brasileiros estão desabando em risos neste momento, apesar de ser uma cena séria, na qual Xerxes tenta convencer Leônidas a aceitar a dominação.
Paralelamente a ação, na cidade de Esparta, a rainha busca convencer o conselho a enviar o exército para defender a nação, sendo algo que poderia ser retirado do filme, pois, além de quebrar a seqüência, é muito mal feito, com discursos grandiloquentes, sedução, etc. tudo pela necessidade do filme de colocar uma mulher em destaque numa história de guerra. Neste caso, melhor seria deixar histórias de amor e política de salões de lado, concentrando o foco no filme na batalha. Mas é Hollywood, então é necessário introduzir alguns elementos para atraírem maior público.
Assim, o filme é dividido numa clássica história épica e numa intriga política. Não fosse o visual assombroso, 300 seria um filme qualquer. Mas, devido a isso, merece seu crédito.
Nota: 6
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10 de abril de 2007

Borat

Michael Moore da Comédia


Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan, Dir. Larry Charles, EUA, 2006, 84min

Comédia que suscitou muita polêmica ao redor do mundo por seu humor totalmente politicamente incorreto, Borat é um pseudo-documentário que narra a viagem do personagem título, vivido por Sacha Baron Cohen, para conhecer os hábitos norte-americanos.
O filme inicia-se com Borat Sagdiyev apresentando sua aldeia natal, um povoado bastante pobre, no Cazaquistão. Borat apresenta sua família, seu vizinho, e seus hábitos, já fazendo graça com seu próprio país.
A seguir, Borat viaja aos EUA, com o objetivo de centrar sua visita à New York. Chegando lá, faz piadas com os costumes, lembrando um pouco Crocodilo Dundee, ao tentar cumprimentar as pessoas no metrô e nas ruas. As reações são as mais bizarras possíveis, passando por pessoas que ignoram, as que são agressivas e culminando em um louco que sai correndo quando Borat estende a mão para cumprimentá-lo na rua.
Assistindo à TV no hotel, Borat apaixona-se por Pámela Anderson, a mais famosa salva-vidas do seriado Baywatch, e decide cruzar os EUA até Los Angeles para encontrá-la.
Assim, inicia-se uma jornada que cruza o país, retratando o comportamento “gangsta life” dos negros de Atlanta, as tradicionais famílias cheias de regras de etiqueta do sul do país, universitários que querem beber até cair, prostitutas, evangélicos petencostais, cowboys entre outras figuras típicas da cultura americana.
As piadas retiradas desse estranhamento cultural são excelentes. O protagonista utiliza-se da velha fórmula de se fazer de bobo da corte, para que as pessoas mostrem o pior de si mesmas. Obviamente, fica a questão do que é verdade e do que é encenado no filme. Creio que as melhores piadas são frases reais, ditas por americanos estúpidos.
Borat não é um filme para toda a família. Muitas piadas são pesadas, e há um humor escatológico para chocar até mesmo quem se divirta com isso. Mas quem for assistir ao filme sem estar preocupado com o politicamente correto, com certeza irá rir bastante até mesmo dos momentos mais, digamos, heterodoxos.
Nota: 7
[3 Comentários]
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26 de março de 2007

O Ilusionista

Só não ilude a platéia

The Illusionist, Dir. Neil Burger, EUA/República Tcheca, 2006, 110min


Filme ambientado em meados do século XIX, na Áustria, que retrata a trajetória da personagem-título protagonista, o mágico Eisenheim, vivido pelo ótimo Edward Norton.
O início da história retrata a adolescência de Eisenheim, quando se apaixona por uma jovem aristocrata, Sophie. Por ser um camponês, o amor não pode ir adiante, e o ilusionista muda-se para outros países da Europa.
De volta à Áustria, já na casa dos trinta anos, Einsenheim apresenta um espetáculo que conquista e ao mesmo tempo assusta o público, pois suas atrações envolvem fantasmas. Nisso, reencontra sua amada, agora noiva do príncipe herdeiro do trono austro-húngaro, atiçando seu ciúme e vendo-se perseguido pelo agente de polícia local, vivido por Paul Giamatti, de Sideways.
A história desenvolve-se de maneira lenta e enfadonha. O filme é daqueles nos quais o espectador pergunta-se se ainda falta muito para acabar. Além disso, é mais uma historinha de amor bobinha e previsível.
Fica nítido durante o filme que alguns detalhes são propositalmente omitidos, como o “assassinato” da mocinha. No qual utiliza-se a tática dos ilusionistas de mostrar somente um ângulo. Assim, o filme tem mais algumas dessas “ilusões”.
Ao final, o mocinho e a mocinha unem-se para um bobo final feliz, enquanto o inspetor fica todo feliz por ter descoberto a trama por eles armada.
Se o diretor quis criar uma ilusão, conseguiu, ao colocar dois bons atores (que precisam escolher melhor seus papéis, pois aqui decepcionam) e de conseguir uma ampla divulgação para um filme péssimo.
Nota: 3

20 de março de 2007

Dreamgirls

O caminho do sucesso

 

Idem, Dir. Bill Condon, EUA, 2006, 131min




Baseado em peça homônima da Broadway, Dreamgirls, mostra a trajetória de um grupo de cantoras negras, desde seu início até seu término. O filme ganhou destaque por ter vencido o Globo de ouro de melhor filme na categoria musical/comédia.

Iniciando-se no início da década de 1960, o filme usa como pano de fundo o crescimento da cultura negra (ou afro-americana, para os politicamente corretos) nos EUA. Na época, a cultura negra era restrita a seu grupo étnico marginalizado, sendo que haviam rádios para negros, jornais para negros e shows para negros, num típico exemplo de cultura de gueto.

Neste cenário, um homem inescrupuloso e ganancioso, Curtis Taylor Jr., interpretado pelo oscarizado Jamie Foxx, busca ganhar dinheiro com o crescimento da música negra. Para isso, vai a shows para a comunidade negra em busca de uma banda que possa servir aos seus interesses. Na busca, ele encontra as Dreamettes, grupo iniciante em busca do sucesso musical, liderado pelo impressionante vocal de Effie White (Jennifer Hudson, vencedora do Oscar de Atriz Coadjuvante pelo filme), acompanhada por Deena Jones (Beyoncé Knowles) e Lorrel Robinson (Anika Noni Rose).

Curtis convida o grupo para excursionar como backing vocals do astro negro James "Thunder" Early, vivido por Eddie Murphy, em ótima atuação, apesar de não deixar o caráter de malandro que sempre o caracterizou, mas colocando um aspecto dramático no personagem, nunca antes demonstrado por ele. Esta parte do início do filme é contagiante, com músicas muito animadas e editado em forma de clip musical, o que não torna o filme chato, como costumam ser os musicais.

Com a turnê, as meninas adquirem luz própria e deixam James Early, mudando o nome para The Dreams. Nesse momento, Effie está namorando com o produtor, Curtis. Curtis tinha visão de longo prazo, e decide que para a banda atingir o estrelato a virtude mais importante não será a qualidade da voz de Effie, mas a beleza estonteante de Deena. Mesmo contrariada, Effie aceita a mudança. Mas a inveja dela muda esta situação com o tempo, não aceitando ser simplesmente a backing vocal do grupo por saber que seu talento é maior que o da parceira, além de corretamente suspeitar que seu namorado, Curtis, está tendo um caso com ela.

Assim, Effie deixa o grupo. Esta parte do filme é seu ponto fraco, pois utiliza o péssimo hábito de musicais de usar músicas para fazer diálogos, recurso que somente quem é muito fã deste gênero aprecia. Um filme que a princípio estava casando a música muito bem com a história torna-se maçante nesta parte.

Como exemplo de como um musical pode estragar uma boa história, tomo o exemplo de Primavera para Hitler, comédia de Mel Brooks dos anos 60 que relata a história de uma tentativa de criar um fracasso de bilheteria na Broadway, que foi transformado em peça da Broadway nos anos 90, com o nome de Os Produtores e retornou ao cinema em 2005 com este título, tornando uma das melhores comédias da história do cinema em um filme detestável, no qual deve-se usar o fast forward nas canções sem graça.

Na seqüência, Dreamgirls mostra o sucesso absoluto atingido pelas Dreams, agora rebatizado como Deena Jones and The Dreams, com sua líder se tornando uma estrela de primeira grandeza no mundo todo, rompendo as barreiras que antes existiam para cantoras negras.

A parte final, como não poderia deixar de ser em um filme hollywoodiano, caminha para a busca do final feliz, com a reaproximação entre Deena e Effie, o fim do relacionamento entre Deena e Curtis e o reconhecimento de que Effie foi o grande talento que o grupo teve e foi abandonada.

Apesar da questão da música substituir diálogos e da historinha comum de decadência e superação, Dreamgirls ainda assim é um bom filme de entretenimento, com momentos de grande energia e beleza visual.

Nota: 6 

[2 Comentários]
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12 de março de 2007

Cartas de Iwo Jima

Os inimigos não são selvagens

Iwo Jima, Dir. Clint Eastwood, EUA, 2006, 141min


O outro lado da moeda de A Conquista da Honra, retratando o lado japonês na batalha de Iwo Jima.
Complementando o filme citado, Cartas enfoca a preparação e a ação da batalha, já que em  Conquista o eixo é a repercussão. A história tem como personagem central o General Kuribayachi, comandante da ilha, vivido pelo excelente Ken Watanabe, o líder samurai de O Último Samurai. O general chega à ilha às vésperas da batalha, e desde o princípio causa desconforto dentre os oficiais locais por suas idéias divergentes das comuns entre os japoneses.
Assim, fica nítido que o general terá de enfrentar o descrédito de seus comandados, que ainda o consideram simpatizante dos EUA, devido ao fato dele ter estudado no país inimigo. De cara, Kuribayachi, questiona a preparação que estava sendo feita, com resistência na praia, alegando que esta não seria a melhor forma de defesa, abortando o plano já em execução e criando a estratégia de defesas subterrâneas.
Outra personagem relevante é o soldado Saigo, ex-padeiro que tem a função de mostrar o combate sob a ótica dos combatentes, que em certas situações se vê com problemas com seus oficiais e é salvo pelo general, num lance do acaso.
Iniciada a batalha, o filme retrata as dificuldades japonesas no conflito. A primeira delas é a falta de suprimentos. Os soldados passam dias sem comer e beber nada, já que a ilha é improdutiva, enquanto os bombardeios norte-americanos são incessantes. Além disso, a derrota é dada como certa, restando ao General Kuribayachi convencer seus homens de que vale à pena continuar lutando, pois isso daria um dia a mais de paz ao território japonês, contrariando assim o antigo código de ética dos samurais, que estabelecia que quando a derrota é iminente, o combatente deve se sacrificar em prol de sua honra.
O filme também trata de questões que envolvem a guerra. Uma delas é a demonificação do inimigo. A propaganda de ambos os lados apresenta o outro como covardes, selvagens e atribui outros adjetivos inferiorizadores ao inimigo. A captura de um soldado americano do qual um oficial lê a carta para a mãe comove os soldados japoneses, que percebem que ele não é selvagem como lhes diziam. Outra é que brutalidades são cometidas por ambos os lados, ao mostrar uma rendição de soldados japoneses que são mortos por sentinelas americanos porque esses tinham medo de ficar vigiando-os na escuridão. E por fim, que seus inimigos podem estar a seu lado, como no exemplo do oficial que mata um desertor. No entnato, esses argumentos não são novidade. Outros filmes já bateram nesta tecla, como Além da Linha Vermelha e  Resgate do Soldado Ryan.
Na comparação entre os dois filmes, A Conquista da Honra apresenta um fator mais contestador, pois Clint questiona os valores de seus próprio país, ao questionar se os heróis merecem tal desiganação. Cartas de Iwo Jima, por ser um filme do lado japonês dirigido por um americano, apresenta detalhes que tentam colocar os EUA como nação superior, e merecedores da vitória.
Um deles é o fato do personagem central e um de seus oficiais serem admiradores dos EUA, o que nos mostra que o país deva ser respeitado por seus inimigos. Outro detalhe importante no conjunto dos filmes é que nenhum americano demonstra respeito pelos japoneses, o que neutralizaria o efeito causado pelo respeito americano. Contribui para isso também o fato de nenhum japonês ter tido uma aparição razoável em Conquista, enquanto que em Cartas há vários diálogos no idioma, e alguns personagens americanos.
Assim, Clint apresenta os americanos como superiores e como merecedores da vitória na guerra, apesar de mostrar que os japoneses não são monstros. Para quem quer um filme que analisa melhor os dois lados do confronto entre EUA e Japão a sugestão é Tora! Tora! Tora! disponível em DVD, em que cada lado é produzido por seu país.

Nota: 6
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9 de março de 2007

O Último Rei da Escócia

O horror …

The Last King of Scotland, Dir: Kevin MacDonald, EUA/Inglaterra, 2006, 121min


Apesar do título do filme, a história retrata o ditador de Uganda, Idi Amin Dada, que ascendeu ao poder na década de 1970, que se auto-intitulou Rei da Escócia por ser admirador deste país e por ser inimigo da Inglaterra, assim como os escoceses.
O papel do ditador coube a Forest Whitaker, em excelente atuação que foi coroada pelo Oscar, com todos os méritos.
Mas o papel central fica com James McAvoy, que interpreta um jovem médico escocês recém formado, Nicholas Garrigan, angustiado pelo fato do pai, também médico, não deixar que ele desenvolva seu brilho próprio, decidindo ir a busca de novos horizontes, partindo para Uganda em uma jornada de fuga.
Chegando a África, o jovem médico vai trabalhar na assistência as comunidades carentes, cenário de grande falta de recursos no hospital, mas que não o incomodava, pois finalmente ele se via livre para se destacar sem a sombra paterna. Além disso, ele sente-se bem junto aos sofridos mas alegres africanos e com seu sucesso junto às mulheres africanas.
Em uma jogada do destino, o jovem médico é chamado às pressas para ajudar o ditador, que, em visita ao campo, sofre um pequeno acidente. No episódio ele toma uma atitude de grande coragem e chama a atenção do presidente.
Em pouco tempo, ele é chamado para ser médico particular de Amin, e, assim, vai ganhando sua confiança, vivendo os glamoures da corte do déspota, cercado por dinheiro, luxo, grandes festas e belas mulheres. Além disso, sua relação com Amin evolui a ponto do ditador considerá-lo conselheiro pessoal, dando assim poder e prestígio a Garrigan.
Mas o que a princípio eram somente flores vai se revelando. Garrigan começa a descobrir as atrocidades do regime, cercado por prisões e assassinatos a mando do ditador, e quando vê já não tem mais para onde fugir, percebendo que aquilo não é o mundo dos sonhos que vislumbrava.
Assim, o filme revela-se uma história na qual o eixo central é a desilusão humana, na qual a fuga de uma realidade desagradável leva-o a uma realidade ainda pior.
No entanto, um eixo central que poderia revelar-se muito bom em mãos competentes perde-se aqui. O filme é muito mal dirigido e escrito. Desde o princípio o espectador sabe o que vai acontecer, mostrando-se um filme extremamente previsível e quadrado. Mesmo a loucura de Amin, que vai aumentando à medida que cresce seu poder, não é um recurso novo. Apesar disso, Whitaker retrata tal loucura muito bem, o que acaba sendo a grande salvação do filme.
No elenco ainda, a sumida Gillian Anderson, a agente Scully de Arquivo X, em papel menor.

8 de março de 2007

A Conquista da Honra


Heróis?


Flags of Our Fathers - Dir. Clint Eastwood, EUA, 2006, 132min



Este novo filme do astro dos filmes de faroeste e já oscarizado diretor, Clint Eastwood, mostra o lado dos americanos na Batalha de Iwo Jima, na qual enfrentou o Império Japonês, episódio célebre da Guerra do Pacífico, da Segunda Guerra Mundial, na qual se combateu por uma pequena ilha, estratégica para alcançar o Japão. Quase simultaneamente, Eastwood lançou Cartas de Iwo Jima, face oposta de A conquista da Honra, que mostra o lado japonês no conflito.

A história de Conquista enfoca a famosa foto em que 6 fuzileiros navais americanos, os marines, aparecem erguendo a bandeira dos EUA após a conquista da ilha. Tal foto alça os retratados à condição de heróis ao chegar aos EUA. Clint mostra com coragem como uma nação pode se servir de falsos heróis para poder angariar recursos para a guerra. Aliado a uma visão humana muito poderosa, mostra os dramas vividos por homens comuns alçados à condição de heróis, mesmo sem terem praticado nenhum ato de heroísmo, mas somente por terem estado em uma foto na qual era possível retirar significados diversos dos reais.

Na época do combate em Iwo Jima as tropas americanas já estavam exaustas pelos 3 anos de combate a que estavam expostas. Conseqüentemente, a opinião pública do país também não exibia o mesmo entusiasmo em apoio à participação na guerra. Assim, somente um fato novo reverteria este quadro, o que ocorreu graças à publicação da foto na primeira capa dos principais jornais dos EUA. O imaginário popular viu na imagem um esforço hercúleo dos combatentes para hastear a bandeira do país, pela qual eles tanto se orgulhavam.

Tal fato transformou os presentes na foto em heróis instantâneos, tendo os 3 sobreviventes da foto sidos retirados do front para serem recebidos nos EUA com honras que não lhes cabiam, já que sequer hastearam a primeira bandeira na ilha, mas simplesmente a substituíram por outra, já que a primeira foi pedida pelo comandante da missão como troféu particular. Além disso, um dos “heróis” não estava presente na foto, tendo sido responsável por hastear a primeira bandeira, sendo que este tampouco era combatente, mas um mensageiro, e, mesmo assim, recebeu a mais alta honraria dos EUA, a Medalha de Honra.

Em comum entre os 3 “heróis” está o fato de nenhum deles considerar-se um herói. Mas cada um demonstra isso de sua forma. O mensageiro, o mais insignificante dos três, fica vislumbrado com sua fama, e leva em sua “bagagem” na turnê dos heróis entra sua namorada, que se aproveita de sua fama para aparecer. Já o mais valente dos combatentes, índio americano, nem queria estar na turnê, e tem problemas com alcoolismo para lidar com as cicatrizes da guerra. Por fim, o enfermeiro da marinha, é o mais introspectivo dos três, e é o ponto de equilíbrio na desigualdade entre os dois primeiros protagonistas.

No elenco, os mais famosos são Ryan Phillippe e Barry Pepper, mas o destaque fica por conta de Adam Beach, na pele do índio Ira Hayes.

Destaque também para a produção caprichada, que recriou muito bem as cenas da batalha, valendo-se de recursos semelhantes aos de Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg, que, a propósito, é produtor do filme.


Nota: 8


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Apresentação do Pitacos


Sejam bem vindos ao Pitacos Cinematográficos (que pretensão, será que alguém vai mesmo ler isso aqui)!

Este blog foi criado para análise de filmes. Este blog não é um diário pessoal, no entanto, qualquer crítica reflete as idéias e a visão do autor. Ao final de cada avaliação atribuirei aos filmes uma nota de 0 a 10.

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