24 de janeiro de 2017

Oscar 2017: Indicados

And the nominees are...


Saiu a lista de 2017.

 E vamos lá para algumas considerações:
- Amy Adams de fora é absurdo. Ela poderia ser indicada tanto por Animais Noturnos quanto por A Chegada.
- Meryl Streep é ótima mas há uma exagero em suas indicações. Além de ser queridinha, talvez o discurso anti-Trump no Globo de Ouro contou muitos pontos.
- Annette Bening foi outra esnobada, junto com seu filme 20th Century Women que ficou só com indicação para roteiro original.
- Jake Gyllenhaal, como eu previa, foi esnobado por Animais Noturnos. Neste caso, pelo menos aparentemente, a concorrência é forte.
- Tom Hanks também acabou de fora. Quem sabe se fizesse um discurso anti-Trump?!
Deadpool não foi indicado a nada. Ainda bem.
- Silêncio, de Scorsese, ficou só com indicação em cinematografia.
- E Animais Noturnos, como previsto, foi o grande esnobado. Poderia receber indicação em quase tudo e ficou só com a de ator coadjuvante para Michael Shannon. Que merece a indicação e atua bem melhor no filme que Aaron Taylor-Johnson que venceu(?!) o Globo de Ouro.

Todos os indicados a melhor filme serão analisados no Pitacos, na Maratona do Oscar. Os indicados de todas as categorias que já foram analisados estão em destaque. A lista completa:

Melhor filme
Diretor
Ator
Atriz
  • Emma Stone - La La Land
  • Natalie Portman - Jackie 
  • Isabelle Huppert - Elle 
  • Ruth Negga - Loving 
  • Meryl Streep - Florence: Quem é Essa Mulher?
Ator Coadjuvante
Atriz Coadjuvante
Roteiro Original 
Roteiro Adaptado
Fotografia
Design de Produção
Figurino
  • Aliados
  • Animais Fantásticos e onde Habitam
  • Florence: Quem é Essa Mulher?
  • Jackie
  • La La Land
Maquiagem e Cabelo
  • Um Homem Chamado Ove
  • Star Trek: Sem Fronteiras
  • Esquadrão Suicida
Edição
Efeitos Visuais
Trilha Sonora
Canção Original
  • Audition (The Fools Who Dream) - La La Land
  • Can't Stop the Feeling - Trolls
  • City of Stars - La La Land
  • The Empty Chair - Jim: The James Foley Story
  • How Far I'll Go - Moana
Edição de Som
Mixagem de Som
Animação
  • Kubo e a Espada Mágica 
  • Moana 
  • My Life as a Zucchini 
  • A Tartaruga Vermelha 
  • Zootopia 
Curta de Animação 
  • Pearl
  • Piper: Descobrindo o Mundo
  • Blind Vaysha
  • Pear Cider and Cigarettes
  • Borrowed Time
Curta-metragem
  • Ennemis Intérieurs, de Sélim Azzazi
  • La Femme et le TGV, de Timo von Gunten
  • Silent Nights, de Aske Bang
  • Sing (Mindenki), de Kristof Deák
  • Timecode, de Juanjo Giménez
Documentário
  • Fire at Sea
  • Eu não Sou seu Negro
  • Life Animated
  • O.J.: Made in America
  • 13th
Documentário em curta-metragem
  • Extremis
  • 4.1 Miles
  • Joe's Violin
  • Watani: My Homeland
  • The White Helmets
Filme estrangeiro
  • Land of Mine (Dinamarca)
  • Um Homem Chamado Ove (Suécia)
  • O Apartamento (Irã)
  • Tanna (Australia)
  • Toni Erdmann (Alemanha)

19 de janeiro de 2017

O Apartamento

Misoginia velada universal

Forushande, Dir: Asghar Farhadi, Irã, 2016, 2h05min
IMDB                 Trailer


No último ano, quase nenhum filme "estrangeiro", leia-se, que não é filme nacional e nem de países de língua inglesa (especialmente EUA) foi analisado neste blog. Neste ano haverá maior diversidade neste blog, que sempre tratou de filmes sem ser em língua inglesa ou em português. A importância disto é o de ver uma realidade diferente da nossa e também diferente daquela sempre vista nos filmes dos EUA.

O Apartamento acompanha a estória de um casal de atores que se muda de seu prédio ameaçado de desabar para um apartamento cuja histórico da antiga moradora vai causar sérios problemas a eles. Um drama de gente comum.

O principal defeito do filme é que ele demora bastante a engrenar. Todo o primeiro ato da apresentação dos personagens e seu cotidiano, é maçante, e em determinado momento eu estava me perguntando para onde iria aquela estória. Passado isso chega-se ao acontecimento que irá quebrar a rotina dos personagens e conduzir a estória, quando a mulher é agredida em casa por um desconhecido.

O filme de um país tão marcado por seu fundamentalismo político-religioso, curiosamente é muito crítico de sua sociedade. De forma muito sutil. A questão religiosa nunca toma o primeiro plano no retrato das vidas dos personagens. Há lá um homem que tem de lidar com seus dilemas de macho, sua reputação e o controle de sua esposa. É uma estória sobre a misoginia que existe em todos os lugares, não a explícita e brutal do cidadão que mata mulheres, mas a velada, do marido que se acha o senhor de sua esposa e nem se dá conta de seu comportamento desrespeitoso, ainda que possa ser atencioso, culto, educado e afetuoso.  Também há análises sobre a justiça e sobre o que deve ser feito para reparar um ilícito. 

Por mais que O apartamento conte uma estória típica de Teerã, com suas particularidades, as estórias poderiam ser vividas na China, na França ou no Brasil. Os temas são universais e atuais, talvez até mesmo atemporais. Aliás, é interessante notar que Teerã, uma grande metrópole de terceiro mundo, em alguns pontos, como na decoração dos ambientes, lembra o Brasil. 

O roteiro apesar de às vezes se demorar no desenvolvimento da estória, como no primeiro ato, é inteligente e foi premiado em Cannes. Há uma interessante mistura da estória com momentos da peça de teatro que os protagonistas estão apresentando, sempre mostrando um trecho que de alguma maneira se casa com o momento da estória pessoal deles. E o ponto que mais se destaca é a eficiente criação de personagens complexos. Ninguém é bom ou mau. Todos são seres humanos, passíveis de bondade ou de maldade. 

O diretor e roteirista Asghar Farhadi também roteirizou o excelente A Separação, vencedor do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira de 2012, que trata de um divórcio movido por uma mulher que, mais do que se separar de seu marido, quer romper com o próprio Irã e sua sociedade, e para isso terá de enfrentar o sistema legal fundamentalista. Aqui a obra não tem a mesma força de seu filme mais famoso, mas mantém algumas de suas características, especialmente a crítica sutil à sociedade. Visualmente o filme é simples, mas a trama é boa o bastante para dispensar um visual chamativo.

O elenco é ótimo, com destaque para a dupla de protagonistas. Taraneh Alidoosti consegue passar sua dor de forma muito contida e sutil. E Shahab Hosseini faz seu marido tendo que lidar com seus conflitos entre o intelectual gentil e o macho alfa justiceiro. Atuação que lhe rendeu o prestigiado prêmio em Cannes.

O Apartamento, apesar de seu começo demorado, é um bom filme, que prende o espectador com seus dramas cotidianos e universais.

Nota: 7

17 de janeiro de 2017

Animais Noturnos

Decisões custosas

Nocturnal Animals, Dir: Tom Ford, EUA, 2016, 1h56min
IMDB                 Trailer


Refinamento e beleza estética é o mínimo que se poderia esperar de um filme dirigido por um renomado estilista como Tom Ford. Felizmente, não só de estética se alimentam seus Animais Noturnos.

No filme, Susan, uma bem sucedida negociadora de arte, recebe um manuscrito de um romance de seu ex-marido de quem há tempos não tinha notícias. O livro escrito por uma pessoa tão importante do passado de Susan faz com que ela passe a rememorar sua história. Especialmente as decisões cruciais que tomou então e que construíram a pessoa que ela é na atualidade.

O roteiro costura brilhantemente três tramas: a de Susan no presente, a de Susan no passado e a do romance de seu ex-marido, uma estória familiar marcada por um crime. Esta última trama é tensa até dizer chega, e mexe com emoções profundas de Susan enquanto ela devora as páginas. Sentimentos pesados são abordados, como medo, arrependimentos e decisões irreversíveis. Há um certo sentido de futuro inescapável, de destino pré-concebido, do qual a pessoa não conseguirá escapar ainda que se esforce. Há até uma cena em que a mãe da protagonista antevê o que ela irá se tornar, uma burguesa chata, ainda que ela diga que seu sonho seja ser uma artista desprendida.

A direção de Tom Ford consegue manter o espectador tenso e reflexivo ao longo de todo o filme. E, como já dito, esteticamente, o filme é um primor. Mas se engana quem pensa que um estilista da alta costura só vai mostrar cenas de ambientes chiques. Ao contrário. Ele cria três ambientes bem diversos para caracterizar as três tramas. Um ambiente de cor predominantemente branca, caracterizando a assepsia no presente de Susan. Um ambiente árido e amarelado nas cenas do livro, mostrando a brutalidade da trama. E um ambiente mais colorido no passado de Susan, retratando seus tempos de lembranças puras, quando ela se permitia ser sonhadora.

Os atores dão um show. Jake Gyllenhaal novamente vai muito bem, fazendo dois papéis, o do ex-marido da protagonista e o do personagem principal do livro escrito por ele. Um dos melhores atores de sua geração, ele está sendo, como de costume, esnobado nas premiações, sendo sua única indicação ao Oscar por O Segredo de Brokeback Mountain. Amy Adams teve seu melhor ano. Assim como em A Chegada esta interpretação também é bem marcante. É quase certo que será indicada por A Chegada, mas se não fosse facilmente poderia ser indicada por este.

Aaron Taylor-Johnson, premiado como coadjuvante com o popular mas nada sério Globo de Ouro, vai bem, mas nada digno de prêmios. Michael Shannon, que constrói um personagem moralmente ambíguo e enigmático, merecia mais essa indicação, o que recebeu em diversos prêmio menores (e mais sérios).

Falando em indicações ao Oscar, este filme pode até receber alguma indicação. Mas as previsões não são das mais otimistas. Este provavelmente será um dos grandes esnobados da premiação de 2017. Quando sair a lista com os Indicados do Pitacos voltamos a mencionar o filme.

Animais Noturnos é um ótimo filme, um thriller denso, violento e reflexivo. Obra de um estilista que se mostra um artista que quer expressar seu talento de outras formas que não só a costura.

Nota: 8

31 de dezembro de 2016

Top 10 2016

Fechando o boteco




Aparentemente, se não rolar aquele Feitiço do Tempo que aprisionou o Bill Murray, daqui a poucas horas 2016 finalmente acaba. Então é hora da retrospectiva do Pitacos Cinematográficos 2016.

Essa lista não é a dos melhores filmes lançados em 2016 mas sim a dos melhores filmes lançados entre 2015 e 2016 e analisados pelo Pitacos em 2016

Lembrando que a lista é extremamente subjetiva, quem não concordar sinta-se à vontade para discordar publicamente. Infelizmente vi poucos filmes não americanos no ano, por isso a lista é quase toda de filmes dos EUA.

E os Top 10 são:
  1. O Regresso
  2. Spotlight
  3. Aquarius
  4. A Chegada
  5. O Quarto de Jack
  6. Anomalisa
  7. Sicario
  8. Mad Max: Estrada da Fúria
  9. A Grande Aposta
  10. X-Men: Apocalipse
2016 apesar de tudo ruim que ocorreu no mundo foi um ano muito produtivo para o blog. 37 filmes foram analisados, além das análises pré e pós Oscar. Infelizmente, fora da temporada de premiações, entre março e novembro não foi um ano tão interessante para o cinema, com poucos títulos interessantes em exibição nos cinemas. Mas está pra começar a enxurrada de bons filmes que são lançados na temporada de premiações.

Agradeço a todos que leram os pitacos. Ter um blog individual é solitário. Ver que tem gente lendo e curtindo o que escrevo me dá ânimo em continuar dando os meus pitacos.

Feliz 2017 com muitos bons filmes para nós!

22 de dezembro de 2016

Sully: O Herói do Rio Hudson

Apertem os Cintos 

Sully, Dir: Clint Eastwood, EUA, 2016, 1h36min
IMDB                 Trailer


Como criar expectativa e manter a platéia entretida com um filme baseado em uma história conhecida por todas e amplamente noticiada mundialmente? Esse é o desafio que Sully: O Herói do Rio Hudson tem de enfrentar. E fez o melhor que pôde nas hábeis mãos de Clint Eastwood.

Como todos sabem, em maiores detalhes ou superficialmente, em 2009 houve um pouso de emergência realizado no Rio Hudson, ao lado da cidade de Nova York, no qual todos a bordo sobreviveram e ninguém sofreu ferimentos graves. Foi um feito surpreendente e único na história da aviação. 

A trama, como indica o título, foca em seu protagonista, o veterano Comandante Chesley Sullenberger (Tom Hanks), que optou pelo pouso forçado após perder seus dois motores logo após a decolagem em um choque com aves. O filme foca então em dois aspectos. O histórico e os sentimentos de Sully e a investigação obrigatória que se segue após o incidente. A questão que se coloca é se seria possível que Sully, ao invés de optar pelo perigosíssimo pouso no rio, poderia ter se dirigido a algum aeroporto e ter feito um pouso convencional. E para isso dois mistérios são guardados para o final: se realmente os dois motores não funcionavam, pois leituras de computador indicavam que um deles estava funcionando, e se assim seria possível dirigir-se a um aeroporto após a colisão com as aves. E isso serve muito bem para manter a atenção dos espectadores.

O filme também busca, para além de Sully, elevar os outros personagens envolvidos. Algumas estórias paralelas dos passageiros são mostrados, é dado um pequeno destaque para a tripulação, especialmente para o copiloto Jeffrey Skiles (Aaron Eckhart) e também para as equipes de resgate que prontamente se dirigiram ao local da queda e evitaram que as pessoas a bordo morressem de hipotermia nas frias águas invernais do Hudson.

Tom Hanks, apesar de sempre apresentar atuações ao menos convincentes, ainda que em filmes questionáveis (como O Código da Vinci), mostra o que pode ser sua melhor atuação nos últimos 10 anos. Ele consegue encenar o drama pessoal de Sully de maneira serena, sem grandes arroubos de emoção, construindo um personagem convincente. Aaron Eckhart completa bem a dupla de pilotos, servindo com um contraponto um pouco mais relaxado a Sully.

Clint Eastwood costuma apresentar trabalhos com elevado nível técnico (aqui vamos deixar de lado os bebês bonecos usados em Sniper Americano). As cenas de desastre são bem pontuadas e ele consegue transmitir emoção até mesmo nas apresentações de simulação de alternativas ao acidente. Não há nada na parte técnica que salte aos olhos, mas tudo é relativamente bem executado. A queda do avião é bem encenada, apesar de alguns aspectos da água criada em CGI serem um tanto artificiais.

Sully é um bom filme, especialmente por conseguir tirar o máximo possível de uma história conhecida. E consegue mostrar toda a emoção envolvida no "Milagre do Hudson".

Nota: 6

15 de dezembro de 2016

Rogue One: Uma História Star Wars

Outras estórias 

Rogue One: A Star Wars Story, Dir: Gareth Edwards, EUA, 2016, 2h14min
IMDB                 Trailer


A Disney comprou a Lucasfilm por conta da mina de ouro que havia dentro dela: o Universo Star Wars. Não estava rendendo tanto quanto poderia por não ser bem administrada pelo seu criador, George Lucas. Mas nas mãos corretas poderia dar lucros enormes. A Disney, além de saber produzir lucros exorbitantes, sabe também cativar o coração das audiências, conseguindo, assim, ainda mais lucros. Foi o que fez com a saga Star Wars ao lançar O Despertar da Força.

No ano passado houve um hype gigantesco com o lançamento deste filme. Não dava pra sair nas ruas sem ver várias pessoas usando camisetas do Star Wars. Brinquedos e mais brinquedos surgiram, fazendo com a saga chegasse aos corações das crianças de hoje.  E os resultados financeiros também impressionaram e chegou-se a dizer que o filme bateria Avatar como a maior bilheteria mundial da história. Não foi o caso, ficando em terceiro neste ranking, mas com mais de 2 bilhões de dólares de faturamento nas bilheterias bateu vários recordes, como maior bilheteria nos EUA e maior bilheteria em fim de semana de estréia.

Além da estória principal, envolvendo a família Skywalker, a Disney quis trabalhar subtramas do universo Star Wars. A primeira delas é esta de Rogue One: Uma História Star Wars (péssima gramática pra tradução, que deveria ser "Uma Estória de Star Wars"). A trama para este filme já estava pronta desde o primeiro filme da saga, de 1977. Veja o que diz o letreiro inicial:

"É um período de guerra civil. Partindo de uma base secreta, naves rebeldes atacam e conquistam sua primeira vitória contra o perverso Império Galático.
Durante a batalha, espiões rebeldes conseguem capturar os planos secretos da arma decisiva do império, a Estrela da Morte, uma estação espacial blindada com poder suficiente para destruir um planeta inteiro".
Pois bem, estas linhas que serviam para situar o espectador no ambiente do primeiro filme agora são a estória a ser mostrada nas telas. Infelizmente, não fizeram um bom serviço com o material.

A trama anunciada necessitava do enredo de como ocorreu a captura dos planos e de personagens novos nunca citados. Entram aí a protagonista Jyn Erso, menina indisciplinada filha do engenheiro chefe pelo projeto da Estrela da Morte e o co-protagonista Capitão Cassian Andor, espião rebelde. Ao grupo se juntam o andróide K-2SO, o religioso cego Chirrut, seu amigo Baze e o ex-piloto imperial Bodhi.

Mas essa parte que precisava ser criada do zero não foi bem feita. E isso comprometeu todo o filme.

O desenvolvimento da estória não tem muita graça ou muita emoção, algo sempre presente em Star Wars. Há uma tentativa válida de se buscar contar uma estória do universo Star Wars dentro de uma perspectiva completamente nova, junto a pessoas comuns que não possuem poderes especiais e que não se tornarão os heróis da galáxia que é bastante válida. Também é interessante fazer um filme mais sujo, em que não há a clara distinção entre o bem e o mal. Aqui, Império e Rebelião são quase que dois lados da mesma moeda, com personagens em ambos os times capazes de atos monstruosos por sua causa.

Até mesmo na parte estética há um claro rompimento com os filmes anteriores no intuito de mostrar esta outra perspectiva. Objetos familiares como a Estrela da Morte são mostrados sob novos ângulos. Pela primeira vez há legendas dizendo onde estão os personagens e também h à espaços de tempo distintos distintos, ao contrário dos filmes anteriores em que toda a estória se desenvolvia em poucos dias.

O maior problema são os personagens, especialmente a protagonista. Alguns deles tem até seu encanto, como o homem cego de fé inabalável na força, Chirrut, mas não conquistam o coração do espectador, ao contrário de Han, Luke e Leia, e mais recentemente Rey, Finn e Poe. A protagonista é completamente sem graça, não conseguindo levar o espectador a se comover com seu drama particular.

Parte da culpa certamente recai sobre a atuação desajustada de Felicity Jones. Ela não conseguiu dar o tom da persoangem, de uma menina rebelde e independente, mas de grande coração. Faltou tudo aqui dela. Ela aparenta somente estar de corpo presente. Uma tristeza, pois ela mostrou um belo trabalho em A Teoria de Tudo, que lhe valeu uma merecida indicação ao Oscar. Dois grandes atores como Mads Mikkelsen e Forest Whitaker estão muito mal aproveitados em seus papéis sem profundidade. O único que se destaca é Diego Luna, como o espião rebelde que carrega uma grande culpa.

A direção pesada de Gareth Edwards aparentemente se preocupou mais em espetáculos visuais do que com enredo e personagens. Ao menos na parte técnica Rogue One merece alguns elogios. As batalhas espaciais estão entre as melhores da saga, e os efeitos computadorizados atingem um nível assustador, não vou detalhar para não dar spoiler, mas os fãs me entenderão quando virem. A busca por uma direção de arte semelhante ao filme de 1977 também é digna de elogios, com cenários e figurinos muito bem caracterizados, ainda que sejam cópia do primeiro filme.

Rogue One mal foi lançado e já houve quem elogiasse muito o filme. Já outros, como eu, não gostaram. Aparentemente esta divisão de opiniões será a percepção do público em geral, ao contrário de O Despertar da Força que foi quase que unanimemente elogiado. Se se confirmar isso, a Disney terá seriamente que repensar o plano de lançar um filme de Star Wars por ano, sob pena de cansar o público.

Rogue One era um filme com pinta de caça-níquel. Poderia não ser se a estória fosse boa. Infelizmente, o que é muito dolorido para um fã como eu, acabou sendo um filme sem vida. Um grande desperdício de um universo tão amado por muitos, especialmente para este pitaqueiro apaixonado pela saga. E é com pesar que dou uma nota tão ruim a um filme de Star Wars. 

Nota: 3

12 de dezembro de 2016

Critic´s Choice Movie Awards 2017

Termômetros do Oscar - Parte 1 

Ontem foi realizada a cerimônia de premiação Critic´s Choice, que como indica o nome, é o prêmio dado pelo voto dos críticos de cinema.

O prêmio é um dos principais "termômetros" do Oscar. É um dos que mais se aproximam dos resultados do prêmio da Academia. Para exemplificar, em 8 vezes nos últimos 10 anos o prêmio de melhor filme foi o mesmo em ambas as premiações. Além de diversos acertos em outras categorias.

Considerações:
  • La La Land é o filme a ser batido no ano. Levou melhor filme, melhor diretor (Damien Chazelle do ótimo Whiplash) roteiro original e vários prêmios técnicos, somando 8 conquistas.
  • La La Land, Moonlight e Manchester à Beira Mar são os pesos pesados da temporada. 
  • A Chegada vai ser o filme de diversas indicações e poucas estatuetas.
  • Ator principal: Casey Affleck, o irmão mais novo de Ben Affleck, ganhou melhor ator por Manchester à Beira Mar.
  • Atriz principal: categoria muito disputada. Natalie Portman venceu por Jackie. Mas a briga segue aberta.
  • Ator coadjuvante: Mahershala Ali (mais conhecido por XXX em House of Cards) venceu como ator coadjuvante.
  • Atriz coadjuvante: Viola Davis venceu por Fences (prêmio que também ganhou pela versão teatral da obra) confirmando seu favoritismo na categoria.
  • Elle venceu como melhor filme estrangeiro e mostrou sua força na categoria.

8 de dezembro de 2016

A Chegada

Um Novo Mundo 

Arrival, Dir: Denis Villeneuve, EUA, 2016, 1h56min
IMDB                 Trailer 


Como nos últimos dois anos a Maratona do Oscar deste blog foi uma corrida insana com pitacos sendo publicados às vezes diariamente, desta vez a análise dos filmes começará mais cedo. Os indicados ao prêmio só serão divulgados no final de janeiro e a cerimônia de premiação é no final de fevereiro (em meio ao nosso Carnaval). Mas alguns filmes já estão se destacando com indicações em premiações que antecedem o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A Chegada é um deles.

O filme, como entrega o título e a divulgação, tem em seu tema o primeiro encontro da humanidade com seres alienígenas, que apareceram com 12 naves aleatoriamente pela Terra. Mas aqui o foco não será o impacto que isso causará na humanidade, cenas de destruição, combate ou qualquer coisa do gênero. Contrariando tudo isso, o filme foca na jornada pessoal da renomada linguista Louise Banks, escalada para estabelecer a comunicação com os alienígenas que pousaram nos EUA, sempre envolta às lembranças de sua filha que morreu na adolescência. 

Acreditem ou não, num filme de extraterrestres os temas principais do roteiro de Eric Heisserer  baseado no conto História da Sua Vida de Ted Chiang serão as escolhas que fazemos em nossas vidas, a dor da perda e como podemos nos conectar uns aos outros. Os extraterrestres funcionam somente como um catalisador para essas mudanças.

Pode parecer que os alienígenas não tenham nada a ver com isso. Mas às vezes precisamos de um fato extraordinário para fazermos coisas simples. Exemplo: no último domingo pela primeira vez vimos as quatro torcidas organizadas dos grandes times do Estado de São Paulo fazendo um confraternização conjunta após a tragédia com o time da Chapecoense. A pergunta que fica é: eles não poderiam ter feito isso antes? É óbvio que sim, mas nosso cotidiano raso de paixões mesquinhas nos impede de buscar este contato. Nos definimos mais pelas nossas diferenças do que por nossas semelhanças. Às vezes só este fato novo para quebrar um padrão que repetimos por inércia.

Todo o impacto da chegada dos aliens ao nosso planeta é apresentado indiretamente, da mesma forma que a protagonista acompanha a estória. As consequências para a população mundial, como o caos que se segue ao encontro, sempre são mostradas pela televisão, assim como as decisões políticas das nações. Tal recurso narrativo faz a trama centrar-se ainda mais na jornada interna da protagonista.

O filme a princípio tem um ritmo muito lento, que para alguns espectadores mais acostumados ao ritmo de ação constante dos filmes de estúdios atuais pode soar enfadonho. É bastante lento o desenvolvimento do progresso das comunicações com os alienígenas, como acontece em quase tudo no mundo real. Mas no terceiro ato há uma mudança brusca no filme que nos faz repensar tudo que havia sido mostrado até então. Uma espécie de efeito semelhante ao da revelação final de O Sexto Sentido. E aí as fronteiras se expandem vertiginosamente. Nosso conceito de cronologia linear é completamente posto em questão. Não é mais o passado e o presente que dirão o que será o futuro, mas todos estes tempos andam juntos, tal qual a linguagem não-linear dos ETs. Estas frases podem parecer um completo delírio, mas no contexto do filme farão todo o sentido. 

O diretor canadense Denis Villeneuve é um craque, provavelmente o melhor diretor a aparecer no mainstream na última década. Aqui no Pitacos já foram analisados dois de seus filmes, os ótimos O Homem Duplicado e Sicario. Seus filmes são inquietantes, mantendo o espectador confuso junto ao protagonista. Um de seus recursos visuais favoritos é o uso de muitas tomadas a partir da visão dos personagens. Com esse trabalho, consegue caminhar magistralmente na tênue linha que separa os filmes de arte das produções de grande orçamento. A Chegada pode ser considerado tanto um filme de arte pelo foco inusitado da trama, por seu ritmo lento e pelas escolhas técnicas pouco convencionais, como um filme grande de estúdio, por conta de sua grande divulgação e sua boa bilheteria, bem como o fato do diretor procurar tornar a obra acessível ao grande público. 

O trio de atores principal vai bem. Jeremy Renner e Forest Whitaker fazem um bom trabalho mas a trama não lhes permite maior destaque. O holofote fica mesmo sob a ótima Amy Adams, excelente em uma atuação muito contida. Sua indicação ao prêmio de melhor atriz é quase certa, ao lado de concorrentes fortíssimas como Isabelle Huppert e Natalie Portman

Como já dito, o clima de tensão e de incerteza é constante. Para criá-lo, na parte técnica há um bom uso dos elementos cinematográficos. A fotografia minimalista de Bradford Young, característica de outros de seus filmes como Selma e O Ano Mais Violento, é bonita. Há uma alternância inteligente entre planos abertos e fechados e bom uso de contraluzes. Sua paleta é bem cinzenta, subexposta (escura) com cores pouco saturadas, conduzindo o espectador para a zona de penumbra e de melancolia da estória. Os cenários são extremamente econômicos, com quase nada de deslumbre visual que costuma caracterizar obras de ficção científica. Da mesma forma, os efeitos visuais são bem cuidados e criam bem o ambiente mas não se sobressaem.  A trilha sonora do islandês Jóhann Jóhannsson também segue nessa linha discreta, como em seus trabalhos anteriores indicados ao Oscar nos últimos dois anos, A Teoria de TudoSicario. O filme deve receber indicações em algumas destas categorias técnicas assim como de melhor filme, roteiro adaptado, direção e atriz principal, o que pode colocá-lo na liderança no número de indicações.

A Chegada é um filme que fica na linha tênue que divide cinema de arte de cinema pipoca. Não é para todos os públicos, pois é um filme que exige um comprometimento do espectador. Mas também não é um filme hermético feito para pseudo-intelectuais e supostos entendidos em arte se fingirem superiores. É um grande obra, certamente o melhor da safra Hollywood 2016 até o momento.

Nota: 9


P.S: Domingo ocorre a primeira grande premiação que antecede o Oscar, o Critic´s Choice Movie Awards, o prêmio dado pelos críticos. Segunda-feira sai um pitaco com algumas breves análises sobre a premiação. 

6 de dezembro de 2016

Dois Caras Legais

Parças 

The Nice Guys, Dir: Shane Black, EUA, 2016, 1h56min
IMDB                 Trailer                 Roteiro


Ao ver o cartaz deste filme normalmente há dois tipos de reação do espectador. Aquele que curte mais a pipoca que o filme vai pensar: legal, uma comédia pra não pensar muito com dois bons atores. E o segundo, aquele que gosta de "filmes-cabeça" pensa: olha aí mais um filme bobo feito só pra ganhar dinheiro. E nenhum estará completamente certo, e nem completamente errado. 

Dois Caras Legais é escrito e dirigido por Shane Black, roteirista do clássico Máquina Mortífera. Assim como em seu grande sucesso, aqui também há a reunião de dois tipos opostos. Healy (Russell Crowe) é o durão, um cara que bate nos outros quando pago. March (Ryan Gosling) é um detetive particular picareta, que só age por dinheiro e aceita casos até de idosas senis que estão em busca do marido já morto. O caminho dos dois irá se cruzar por conta de uma garota que fez um filme pornô e está sendo perseguida. Ela paga a Healy para protegê-la enquanto outra investigação paralela de March o leva a investigar a moça. Há de cara um confronto entre eles (na verdade uma surra dada pelo primeiro no segundo), mas depois se unem quando percebem que estão envolvidos em um caso misterioso que pode esconder uma grande conspiração.

A trama envolve uma certa complexidade e em certos momentos várias coisas parecem não ter sentido, mas ao final tudo é entregue mastigado ao espectador, lembrando o velho recurso dos desenhos do Scooby-Doo.

O filme é uma comédia e não faltam momentos divertidos, indo desde sutilezas de estranhamento de época, deboche de certas condutas pessoais, personagens caricatos a cenas pastelão, em momentos em que Gosling apanha muito e não sofre maiores consequências. O que poderia fazê-lo parecer o Bruce Willis em Duro de Matar, aqui é só farra e o filme deixa isto explícito, fazendo que ele lembre mais o memorável Coyote do desenho do Papa-Léguas.

Em um filme tão centrado em seus personagens a dupla principal tem que funcionar. E os dois bons atores que carregam o filme fazem isso bem. Curiosamente há até ecos do primeiro filme de sucesso de Russell Crowe, Los Angeles: Cidade Proibida (pitaco aqui), uma estória policial ambientada na mesma cidade em tempos passados e com Crowe sendo um cara rústico. Até a oscarizada (?!) Kim Basinger está presente, escondida atrás de infinitas plásticas. No elenco de apoio, destaca-se a jovem Angourie Rice no papel de filha adolescente de March.

O filme é bom tecnicamente. A ambientação dos anos 70 é ótima, numa Los Angeles em transição da era hippie para a era disco. A fotografia bastante colorida é muito bonita. A trilha sonora é um pouco clichê setentista, mas, sendo esta uma época de ótimas músicas, agrada ao longo de todo o filme.

Pelo cartaz Dois Caras Legais parecia somente um filme caça-níquel juntando dois astros hollywoodianos. Não deixa de ser, mas não é vazio como se poderia esperar. Há uma boa estória sendo contada, fazendo dele um filme pipoca de qualidade. 

Nota: 7


P.S: Nesta quinta-feira será dado início à Maratona do Oscar 2017 com o pitaco de A Chegada.

8 de novembro de 2016

A Luz Entre Oceanos

Luz na Escuridão

The Light Between Oceans, Dir: Derek Cianfrance, Reino Unido/Nova Zelândia/EUA, 2016, 2h13min
IMDB                 Trailer 

Uma estória de amor permeada por um grande drama familiar em um cenário paradisíaco e com um elenco de primeira, resumidamente assim pode-se definir A Luz Entre Oceanos.

Na trama, Tom, um ex-combatente das trincheiras da Primeira Guerra Mundial, aceita o solitário emprego de faroleiro em um ilha isolada. Em pouco tempo casa-se com um moça da região, Isabel. O amor o faz redescobrir o prazer pela vida, abalado após os horrores que presenciou nos campos de batalha. Após dois abortos espontâneos de Isabel, um barco a remo chega à ilha com um homem morto e uma bebê que eles decidem criar como se fosse sua filha biológica. Pouco tempo depois, Tom descobre a trágica história da bebê, e que sua mãe acredita que ela morreu no mar.

O roteiro baseia-se no livro de mesmo nome de M.L. Stedman de 2011, e algumas passagens deixam clara sua origem, especialmente um certo excesso de leitura de cartas.  O que é um bom veículo em um livro não o é exatamente em um filme, onde se deve mostrar, não contar. Mas tal "defeito" do roteiro não atrapalha a narrativa. Prova disso é que há alguns pequenos detalhes que são mostrados de passagem e posteriormente vão ganhar importância na trama. 

Alguns temas são muito importantes ao filme, sobretudo esta mencionada confusa estória familiar. Em certo sentido lembra o ótimo Pais e Filhos de Hirokazu Kore-eda. A diferença maior é que enquanto no filme japonês a trama centra-se numa troca de bebês, em A Luz entre Oceanos existe a criação de uma criança por outros pais, enquanto há uma mãe que sofre pela suposta morte da filha.

Também presente está o conflito de Tom entre o dever e o que é certo, quando tem de decidir se deve comunicar ao serviço de faróis que encontrou o barco ou se cria a bebê para compensar sua esposa pelos dolorosos abortos que sofreu. Posteriormente surgirá o mesmo conflito entre se deve contar à mãe da bebê o que ocorreu ou se finge que está tudo bem pela felicidade de sua esposa. Por fim, há algumas discussões sobre o perdão e o efeito que ele produz sobretudo naquele que perdoa, mais no que em quem foi perdoado.

Como já indica o elenco composto por duas atrizes oscarizadas, Alicia Vikander e Rachel Weisz e por um ator indicado que provavelmente ganhará o prêmio em breve, Michael Fassbender, as atuações se destacam. Seria muito fácil transformar uma estória tão dramática em uma novela mexicana. Mas a qualidade dos intérpretes impede que isso ocorra, pela sobriedade com que encaram seus trabalhos, sem que isso signifique uma atuação fria.

A direção de Derek Cianfrance consegue conduzir bem seus atores (o que não é difícil) e seus cenários paradisíacos. A fotografia dá grande destaque ao horizonte e aos pores do sol, com uma paleta com destaque para o dourado nos momentos de aproximação entre Tom e Isabel, e depois adota tons azuis nos momentos de tensão, ambientando bem a estória.

A Luz Entre Oceanos é um belíssimo romance. Aos emotivos é recomendável levar uma caixa de lenços, pois a carga dramática é intensa. 

Nota: 7

11 de outubro de 2016

Aquarius

Clara Contra Golias 

Dir: Kleber Mendonça Filho, Brasil, 2016, 2h22min
IMDB                 Trailer


Aquarius foi o filme mais falado no Brasil neste ano, mais pelo protestos liderados por seu elenco e equipe do que por seu conteúdo. Mas e o filme, é bom? Pois é, isso é o que menos se discute.

Aquarius ocupou mais espaço no noticiário político do que no cultural recentemente, em razão de seus realizadores terem utilizado o Festival de Cannes e outros espaços como palco para seus protestos contra o processo de impeachment. Assim, a turma antipetista passou a odiar Aquarius sem vê-lo, enquanto a turma contra o impeachment passou a amá-lo incondicionalmente também sem vê-lo, o que faz com que Aquarius fosse muito mais julgado pelas bandeiras levantadas do que pelo que é. 

O simbolismo ficou maior que a obra. Ver ou não o filme se tornou mais um ato político do que um evento cultural. Nada contra os protestos, pois neste espaço defende-se a liberdade de expressão de forma muito ampla, mas sendo este um blog de crítica cinematográfica, há que se afastar as opiniões políticas e analisar a obra em seu contexto. 

Feita esta consideração inicial sobre a polêmica política que envolveu o filme (que quase nada tem a ver com a obra), resta dizer que Aquarius é um filmaço!

A trama centra-se na protagonista Clara (Sonia Braga), última moradora de um antigo prédio residencial na praia de Boa Viagem em Recife, cujos demais apartamentos foram todos adquiridos por uma construtora que deseja erguer um moderno condomínio-clube-fortaleza. Clara resiste a ideia de vender seu imóvel, pois passou sua vida lá e não vê motivos para deixar o lugar. Este é o eixo condutor da obra. Uma alegoria da luta entre um Brasil que vai ficando para trás frente a uma modernidade que quer destruir os sinais do passado, mas mantendo as mesmas pessoas no poder.

Apesar do tema central sempre estar presente, o filme é muito maior que esta batalha de uma mulher contra o poder econômico, uma representação do mito bíblico de Davi contra Golias. O filme é sobre a vida de Clara, passando por seus relacionamentos com seus familiares, com seus vizinhos, com seus amigos, com sua empregada, sobre sua saúde, sua sexualidade. Enfim, sobre suas dores e alegrias.

O roteiro, centrado nesta vida, tem grandes momentos. Há muitos bons diálogos. Os temas pessoais de Clara são abordados de maneira madura, sem excessos dramáticos, ora de maneira leve, ora de maneira dura. Há diversas críticas sociais, algumas muito bem feitas, mas algumas outras ficam um pouco deslocadas do tema com um ou outro diálogo didático demais, parecendo uma frase pronta de universitário de humanas, soando artificial. Mas estes pequenos defeitos não chamam a atenção frente ao brilhantismo da obra.

O filme é muito bem dirigido, com destaque para a fotografia que acerta em bons enquadramentos, com destaque para algumas tomadas aéreas que se iniciam focadas nos personagens e abrem-se muito, mostrando a cidade de Recife (quase um personagem na obra) em que os personagens se inserem. Na produção há que se destacar a ótima caracterização dos anos 80, com um menino usando camiseta de marca de cigarro, garrafas de vidro de cerveja e de refrigerante sobre a mesa em uma festa e diversas pessoas fumando sem preocupação em uma ambiente fechado cheio de crianças. Os que tem mais de 30 anos vão se sentir de volta ao passado. Esse nosso estranhamento e nostalgia com o passado não tão distante lembra um pouco a ótima série Mad Men. Também se destaca a bela trilha sonora, que se encaixa perfeitamente à obra e à protagonista, que era crítica musical. Destaque para a belíssima canção Hoje, de Taiguara

O roteirista e diretor Kleber Mendonça Filho, em seu filme anterior, O Som ao Redor (pitaco aqui), tinha um bom tema mas o tratou de forma arrastada, sem foco e maçante. Aqui não, especialmente pelo fato de ter uma narrativa central, o que não havia na obra anterior. Alguns cacoetes ele manteve, como a utilização de fotos antigas na abertura da obra e as já citadas cenas deslocadas da narrativa central. O foco quase que constante em Clara nos faz levar a viver seus dramas com ela. A direção de atores também é ótima.

Com essa direção todo o elenco trabalha bem, mas o destaque é sem dúvida a onipresente Sonia Braga. Sua atuação é fenomenal, ao mesmo tempo sutil e impactante, mostrando diversas faces de sua personagem que cativa o público numa estória em que cada um pode se identificar em algum aspecto. Já existe um pequeno lobby para sua indicação ao Oscar 2017, o que seria muito merecido.

Com relação à polêmica não indicação de Aquarius na vaga brasileira do Oscar pelo comitê brasileiro que escolheu Pequeno Segredo há que se fazer algumas considerações. 

Primeiro, não dá pra saber se a escolha foi política ou não, como forma de boicote por conta dos protestos feitos pelos realizadores do filme. Acreditar piamente na hipótese do boicote é ir na linha do tão falado "não tenho provas, mas tenho convicção" versão "Fora, Temer". Não se nega que a hipótese pode ser verdadeira, pois foi estranho o que ocorreu.

Segundo, o ainda não lançado Pequeno Segredo tem que ser uma obra espetacular (e muitos que o viram já estão dizendo que não é) para bater Aquarius, pois não é todo dia que se fazem filmes tão bons. 

Por fim, uma das justificativas do comitê para a indicação foi a da "adequação ao gosto da Academia". Não se sabe exatamente o que isso quer dizer, mas talvez signifique um filme dramático sentimental e fofo, tipo A Vida É Bela. Pois bem, não sei se o comitê sabe, mas as últimas obras que venceram o prêmio de melhor filme em língua estrangeira não se enquadravam nisso. Os últimos cinco premiados, o iraniano A Separação (premiado em 2012), o francês Amor (2013), o italiano A Grande Beleza (2014), o polonês Ida (2015) e o húngaro Filho de Saul (2016) não são filmes fofinhos ou agradáveis, são todos obras pesadas, reflexivas, com narrativas pouco convencionais e alguns até violentas. Nem mesmo os últimos vencedores do prêmio principal são filmes bonitinhos, e se tornou um chavão falso acreditar que os tais "velhinhos da Academia" são excessivamente conservadores.

Aquarius gerou muita polêmica em meio ao cenário político polarizado que estamos vivendo. Seria uma pena que o filme ficasse marcado no imaginário coletivo somente pela polêmica do momento atual, pois é uma grande obra, que deveria ser vista por todos, independentemente de se considera que o que aconteceu neste ano foi um impeachment ou um golpe. Felizmente o tempo fará com que este fato político fique no nosso tempo, e o filme será lembrado somente por seu ótimo conteúdo.

Nota: 9

27 de setembro de 2016

Fogo Contra Fogo

Pacino x De Niro (e não é só isso)

Heat, Dir: Michael Mann, EUA, 1995, 2h50min
IMDB                 Trailer                 Roteiro


Ver as lendas Al Pacino e Robert De Niro dividindo a tela ainda hoje é o chamariz para o público ver Fogo Contra Fogo, lançado em 1995. Felizmente, o filme é bem mais do que um simples veículo para proporcionar este encontro aguardado pelos fãs.

O filme é um remake de outro filme televisivo do mesmo roteirista, diretor e produtor Michael Mann Os Tiras de Los Angeles, feito nove anos antes, baseado em uma história real, ocorrida nos anos 60, envolvendo um ladrão experiente e um policial durão.

Na trama o assaltante Neil McCauley (De Niro), após um mau sucedido roubo a carro forte que acidentalmente resulta na morte de seus três guardas, passa a ser procurado pelo policial de homicídios Vincent Hanna (Pacino). A obsessão destes dois homens para vencer um ao outro conduzirá a estória.

Apesar de ser um filme feito para unir os dois grandes atores, eles dividem a tela em somente dois momentos. O mais marcante é um diálogo em uma lanchonete na metade do filme. No esboço deste texto criticava-se a falta de realismo em ver um policial e um ladrão trocando confidências e percebendo-se semelhantes, como ocorre no filme. Mas as pesquisas para esta publicação mostraram que tal improvável cena ocorreu de fato no caso em que se baseia o filme (link para o vídeo em que o policial em que se baseia o caso conta parte desta história).

Ainda que a cena do café fosse mera licença poética, seria uma belíssima cena e um momento memorável do cinema. Dois homens em lados opostos que se percebem como faces da mesma moeda. Um agente da lei versus um fora da lei. Dois homens tão dedicados à suas ocupações que deixaram suas vidas pessoais a reboque. Um já tinha dois divórcios nas costas e caminhava para o terceiro. O outro nunca havia tido um relacionamento sério e estava tentando pela primeira vez amar uma mulher. 

O filme tem um ritmo um pouco lento e com muitas reflexões sobre as escolhas que fazemos em nossas vidas. Para alguns pode ser enfadonho. Foi o que eu achei vendo o filme pouco depois do lançamento, aos 15 anos de idade, quando não achei o filme muito interessante. Talvez não por ter achado o filme chato, mas em razão dos temas debatidos, como a questão carreira versus família, que não fazia muito sentido para um garoto que ainda estava começando a querer curtir o sábado à noite. Vinte anos depois, para um homem com carreira e família, este filme muda completamente de perspectiva.

O filme alterna muito bem suas sequências de ação com seus momentos em que foca nos personagens, com suas reflexões silenciosas. Vale elogiar as boas sequencias de ação em um filme que não é de ação. A ação aqui não ocupa o espaço principal, mas é uma ferramenta a serviço do roteiro. O problema no cinema sempre se dá quando algum elemento quer ser maior que o roteiro, o que já foi diversas vezes criticado neste espaço, que é o que ocorre com os efeitos visuais no cinema hollywoodiano atual.

A cena de ação mais famosa é um tiroteio no centro de Los Angeles, elogiadíssima no meio cinematográfico. No entanto, chama a atenção o fato da polícia ter iniciado um tiroteio em uma área cheia de pessoas, expondo a vida de dezenas de civis inocentes. No mundo real, se a polícia não fosse inconsequente, teria preferido deixar os criminosos fugirem com milhões de dólares do que correr o risco de ver alguns inocentes mortos ao final da ação.

Pacino e De Niro não estavam no auge de suas carreiras, basta lembrar de O Poderoso Chefão II  ou de outros filmes de atuações memoráveis de ambos como Serpico ou Touro Indomável, mas fazem um bom trabalho. O elenco é completado por muita gente renomada com boas atuações. Estão no filme Jon Voight (mais conhecido atualmente como pai da Angelina Jolie), Val Kilmer, Tom Sizemore, Ashley Judd, Danny Trejo e Natalie Portman.

Fogo Contra Fogo, muito além de unir dois medalhões em cena, é um bom filme, que leva a reflexões sobre escolhas na vida, em meio a um cenário violento e tumultuado.

Nota: 7

30 de agosto de 2016

Los Angeles: Cidade Proibida

O lado escuro do paraíso

L.A. Confidential, Dir: Curtis Hanson, EUA, 1997, 2h18min
IMDB                 Trailer


Nas décadas de 1940 e 1950 filmes em preto e branco com fortes contrastes, personagens dúbios, casos policiais e femme fatales marcaram época. Os franceses nomearam o gênero como filme noir (escuro). De tempos em tempos Hollywood recicla a forma, como em Los Angeles: Cidade Proibida, filme de 1997 e indicado a diversos prêmios no Oscar 1998 (e perdeu quase todas para o limpa-prêmios Titanic).

A trama se passa no período em que Los Angeles era a cidade em que todos nos EUA sonhavam em ir. O paraíso. Mas um paraíso com muita sujeira para além do glamour. A ação do filme ocorre após à prisão do chefe do crime de Los Angeles, o personagem real Mickey Cohen, quando um vácuo se abre no submundo e se inicia uma guerra para assumir a liderança criminosa. Neste cenário é que convergirão os caminhos de três policiais com perfis completamente distintos: o certinho Ed, o bruto Bud e o malandro Jack.

A trama tem muitos detalhes e exige a atenção (e a inteligência) do espectador. Os diálogos são cheios de gírias e palavrões, o que o diferencia dos filmes noir do período de ouro do gênero, numa busca por naturalidade na trama do submundo. 

Os personagens são um tanto quanto estereotipados, mas crescem com a qualidade de seus intérpretes. Russell Crowe e Guy Pearce eram ainda desconhecidos quando fizeram o filme, mas carimbaram seus passaportes para o estrelato nesta produção. Kevin Spacey já havia sido premiado com um Oscar e mostrou seu talento habitual.

Também está no elenco como a mulher fatal Kim Basinger, ícone sexual dos anos 1980 e 1990, que surpreendentemente venceu o Oscar de atriz coadjuvante com sua performance. Talvez pelo fato dos membros da Academia não acreditarem que ela era atriz de verdade, após diversas indicações de pior atriz no famigerado Framboesa de Ouro. Ela não compromete o filme, mas tampouco o engrandece. E todas as suas concorrentes entregaram melhores atuações, com destaque para Julianne Moore em Boogie Nights (isso era só o prenúncio do que viria a ocorrer na catastrófica premiação do Oscar do ano seguinte, 1999) Além disso, quando dessa produção Basinger já mostrava sinais claros de cirurgias plásticas e aos 43 anos era um pouco velha para o papel de uma prostituta dos anos 50, época em que certamente os homens consideravam velhas mulheres de mais de 30.

Apesar de se inscrever no gênero noir (de escuro), a fotografia do filme é bastante luminosa, com muitos cenários diurnos. A direção de arte é caprichada e consegue levar o público aos anos dourados de L.A. E a direção é competente, cadenciando bem os momentos de investigação com cenas de ação bem fortes.

Los Angeles: Cidade Proibida é um bom filme, mas talvez um pouco arrastado e complexo para alguns públicos. Mas se destaca em importantes elementos cinematográficos como roteiro e atuações. E Hollywood merece o crédito por produzir um filme adulto e um tanto quanto sujo, que faz lembrar o grande cinema americano dos anos 1970. 

Nota: 8

19 de julho de 2016

The Lost Honour of Christopher Jefferies

O Professor Aloprado Injustiçado

Idem, Dir: Roger Michell, Reino Unido, 2014, 1h54min
IMDB     


ALERTA DE SPOILERS. Um pouco da trama geral é revelado, mas sem detalhes.

Uma ocorrência de desaparecimento de uma moça revela-se ser na verdade um caso de homicídio. O principal suspeito, seu senhorio, o excêntrico professor universitário aposentado, o personagem-título de The Lost Honour of Christopher Jefferies (sem título em português).  

O filme baseia-se em uma história real que abalou o Reino Unido nos últimos dias de 2010 e se tornou uma das maiores investigações policias da história do país (Link do caso na Wikipedia).

Christopher Jefferies foi preso sem nenhuma prova contra si, apenas coincidências circunstanciais e teve de passar 3 dias encarcerado. Quando saiu do cárcere, percebeu a forte cobertura midiática, que devassou sua vida. A mídia britânica não teve pudor algum em condená-lo, não pelo ato que supostamente cometera, mas por sua figura. Basicamente, atribuiram que alguém de aparência e comportamento estranho "naturalmente" seria um homicida.

Apesar de ser apresentado como filme no Netflix, na verdade o produto original foi uma minissérie em 2 capítulos. O roteirista Peter Morgan tem bons filmes em seu currículo, Rush e A Rainha, e faz um bom trabalho aqui de não entregar muito da estória, mas levar os espectadores numa jornada junto ao protagonista.

Jason Watkins apresenta um ótimo trabalho como o protagonista, não deixando de lado sua caracterização excêntrica (muito parecido com o personagem real, como pode ser visto nesta foto), porém mantendo-se firma na tênue linha entre o real e o espalhafatoso. Não seria difícil tornar esse personagem um estereótipo de professor louco desajustado. Mas ele mostra sua humanidade ao ter de de abrir mão de sua privacidade e sua reputação de bom cidadão.

A condenação moral da sociedade aqui faz lembrar o ótimo premiado filme sueco-dinamarquês, A Caça (clique no título para ler o pitaco). Enquanto naquele mostrava-se o impacto na vida de um cidadão em uma pequena comunidade, neste o cidadão é difamado nacionalmente.

O filme mostra como os britânicos ficaram chocados com este caso de abuso governamental e midiático. A pergunta que fica a nós, espectadores brasileiros, é o que os súditos da rainha diriam do sistema processual penal brasileiro, que ignora várias garantias humanas diariamente, e de nossa mídia, com seus programas policias grotescos..

The Lost Honour of Christopher Jefferies é um filme interessante sobre abuso policial e midiático sobre um cidadão comum. Importante em um mundo tão ansioso em prontamente condenar o ato e, especialmente, a vida dos suspeitos.

Nota: 7

12 de julho de 2016

Independence Day: O Ressurgimento

Aliens Atacam Novamente!

Independence Day: Resurgence, Dir: Roland Emmerich, EUA, 2016, 2h00min
IMDB                 Trailer


Independence Day, o original, queiram ou não, foi um marco no cinema. Foi um dos produtos mais bem acabados esteticamente do subgênero do filme catástrofe, em uma época em que os efeitos digitais (CGI) estavam em seu início. Jurassic Park, o divisor de águas do gênero, havia sido lançado só três anos antes. ID4 (seu apelido carinhoso) foi o campeão de bilheteria de 1996 e gerou a infame paródia Marte Ataca! (em que Jack Nicholson causa muitas risadas parodiando o heroico Mr. President do original).

Apesar de campeão de bilheteria, a crítica nunca recebeu bem o filme. Pudera. O roteiro é cheio de clichês patrióticos (em um filme que lida com a aniquilação da humanidade), personagens rasos e situações bomba-relógio. Alguns diálogos são risíveis, como o discurso patriótico do Mr. President, com o famoso "Today, is our INDEPENDENCE DAY!". E as atuações ajudam menos ainda.

Dito isso, não se pode negar que, apesar de todos os defeitos, o filme original é um ótimo produto de entretenimento (clique aqui para ver um vídeo, em inglês, analisando os pontos fortes do roteiro). A tensão é constante e as cenas de destruição global até hoje são marcantes. E feitas sem CGI, à maneira antiga, com maquetes e gasolina. Por esses motivos, sempre digo que Independence Day é meu filme tosco favorito. 

Como não podia deixar de ser na fase atual de pouca criatividade, Hollywood resolveu continuar essa estória 20 anos depois. E não foi muito feliz.

O roteiro do novo filme tem a mesma estrutura do antigo. Os ETs chegam, começa a rolar a destruição global e culmina no grande confronto final. O novo filme erra feio ao não conseguir gerar o mesmo efeito de tensão que era o ponto forte do primeiro. E isso não se deve por conta do público já estar preparado, mas por erros de roteiro. No primeiro, foi sendo criada uma grande tensão que levava o público a imaginar a destruição que se seguiria, com a morte de vários personagens secundários que foram criando empatia com o público. Como sabe qualquer diretor de filme de terror, a tensão que se cria ANTES do ocorrido é bem mais forte do que mostrar a tragédia. E nisso o filme erra bastante. Não há expectativa criada. Londres é completamente destruída sem que o espectador esperasse isso, resultando em uma cena de destruição esvaziada de conteúdo.   

No primeiro filme a chegada dos aliens ocorre logo no início. Em O Ressurgimento, gasta-se muito tempo contextualizando o espectador sobre o que ocorreu nos 20 anos anteriores. Os personagens novos (alguns não tão novos assim, pois eram crianças no filme anterior) não tem muita graça e pouco acrescentam. Por fim, as repetições entre os dois filmes, mais do que gerar um paralelismo interessante, acaba resultando em uma repetição incômoda, com os mesmos enquadramentos, expressões dos atores e cenários. Uma ou outra repetição vai lá, até é positivo para alimentar a nostalgia dos fãs, mas parecer um remake cansa.

Exceção feita a Will Smith, que se tornou astro internacional e ganhou respeito como intérprete após o primeiro filme, os demais atores do primeiro filme e novamente presentes como Bill Pullman e Jeff Goldblum sempre foram canastrões. Os novos não mudam o panorama. Aqui vemos até a inclusão de uma boa atriz, Charlotte Gainsbourg (a Ninfomaníaca), deslocada em um blockbuster. E o veterano Judd Hirch poderia ter sido deixado de lado, pois ele conduz uma trama paralela que nada acrescenta, não servindo nem como o alívio cômico que fora na aventura anterior

E o filme mostra claramente algumas das marcas dos 20 anos entre as duas estórias. Se antes mal se mostrava a gigantesca China, neste o país ganha destaque, com a inclusão de uma heroína chinesa e cenas de destruição no Império do Meio. Também não fica de fora a normalização da homoafetividade, pois dois cientistas presentes no original se revelam um casal gay. Não tem a tão "temida" cena do beijo, mas tem o afeto e a cumplicidade entre dois homens, assim como ocorre com casais hetero.

Independence Day: O Ressurgimento tem os mesmos problemas de seus antecessor. Mas falha em imitar suas virtudes. Recomendado para os fãs da agora série, que, infelizmente, sairão com uma certa decepção do cinema.

Nota: 5