18 de fevereiro de 2015

A Teoria de Tudo

Doutor Fantástico

The Theory of Everything, Dir: James Marsh, Reino Unido, 2014, 123min
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A Teoria de Tudo concorre a 5 prêmios no Oscar: filme, roteiro adaptado, canção, ator (Eddie Redmayne) e atriz (Felicity Jones). Não deve levar o prêmio máximo, mas tem seus méritos, sobretudo nas atuações.

O enredo baseia-se na história da vida de Stephen Hawking, notoriamente conhecido como o maior cientista vivo. E, como é de conhecimento geral, ele sofre de uma séria doença degenerativa, a esclerose natural amiotrófica (a mesma doença que motivou o desafio do balde de gelo, que muita gente deve ter feito só pela farra, sem ter dado a doação para as pesquisas direcionadas à cura), que o mantém quase que inteiramente paralisado, sem que seu raciocínio sofra qualquer dano.

O filme trata superficialmente da ciência e se foca nos desafios pessoais de Hawking, desde pouco antes do diagnóstico, em 1963, que afirmava que ele viveria no máximo por mais dois anos, até sua condecoração como cavaleiro pela rainha Elisabeth II, quase 30 anos depois. Um bom recorte, tendo em vista que atualmente a doença atingiu quase que por completo os músculos da face de Hawking, e ele não consegue mais expressar emoções.

A trama foi baseada na autobiografia de Jane Hawking, ex-mulher de Stephen, que no Brasil recebeu o mesmo título do filme. Portanto, o relacionamento entre eles é o eixo condutor do filme. Por conta disso, muitos podem imaginar que será uma história romântica melodramática. Mas não é o que ocorre. Jane não é mostrada como a guerreira que por conta do amor superou tudo para cuidar de seu amado, mas uma mulher comum, que tentou seguir essa vida de entrega, mas que fraquejava e vacilava, como qualquer pessoa. Humana, demasiado humana.

A vida de Stephen Hawking certamente merece destaque. Já bastaria ser o cientista que ele é para tanto. Ou bastaria ter superado todas as limitações impostas pela doença. E, extraordinariamente, ele une ambas as coisas. Uma vida singular, sem dúvida.

Muito interessante é a abordagem da questão religiosa no filme. Stephen é ateu e Jane cristã fervorosa. Mas isso não impede seu relacionamento, pois ambos sabem que não adianta ficarem tentando converter um ao outro, basta o respeito para que o convívio seja feliz. Bela lição de vida em tempos de tamanho fanatismo e sectarismo.

As atuações são o grande destaque. Eddie Redmayne incorpora Hawking, em uma atuação espantosa. Certamente ele é favorito ao Oscar, considerando que papéis baseados em personagens reais dão prêmios (Ben Kingsley venceu por Gandhi e Meryl Streep como Margaret Thatcher em A Dama de Ferro), assim como interpretar deficientes (Dustin Hoffman por Rain Man e Tom Hanks por Forrest Gump). Felicity Jones, que no começo parece ser somente uma boa samaritana, aos poucos vai mostrando a complexidade dos sentimentos de Jane por Stephen. Não deve ganhar o prêmio, mas mostrou um ótimo trabalho.

O filme também deveria ter sido indicado ao prêmio de melhor direção, pois, como dito, os atores estão espetaculares, e certamente é necessário ter um bom diretor para isso. O roteiro foi muito bem adaptado para as telas e tem boas chances de levar o prêmio. Sua maior qualidade é buscar ser bem humorado com as adversidades, como Hawking, que já fez pontas em Os Simpsons e The Big Bang Theory, costuma ser.

Em síntese, uma história real sensacional, muito bem roteirizada e conduzida na tela e estrelada por uma dupla de atores extremamente inspirados.

Nota:8

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