21 de fevereiro de 2014

Clube de Compras Dallas

Pagando bem, que mal tem

Dallas Buyers Club, Dir: Jean Marc Vallée, EUA, 2013, 117 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0790636/


Candidato aos Oscars de melhor filme, melhor ator (Matthew McConaughey) e melhor ator coadjuvante (Jared Leto), Clube de Compras Dallas retorna à década de 80 e aos primórdios da descoberta da Aids. Ron Woodroof (McConaughey), eletricista por profissão e picareta por diversão, descobre ser HIV positivo e que, segundo o médico que o atende, tem somente 30 dias de vida. Como à época, a Aids ainda estava confinada a grupos de risco, como usuários de drogas injetáveis e homossexuais, o rude e homofóbico Ron reage furiosamente à notícia, como se seu diagnóstico fosse uma afirmação de que ele é gay.

Ao longo do filme, veremos que o prognóstico de 30 dias de vida estava completamente equivocado. Aliás, médicos "videntes" são um fenômeno um tanto quanto recorrente na sociedade. De qualquer forma, Ron, após se informar melhor sobre a doença e aceitar que contraiu o vírus após suas inúmeras relações sexuais desprotegidas com prostitutas e outras mulheres promíscuas, passa a buscar tratamento. À época o AZT ainda era uma droga em fase experimental, de modo que não era possível comprá-la, e seu único caminho legal seria aceitar se submeter aos testes, podendo receber a droga placebo. Como não aceita isso, Ron passa da dar seus pulos.

Trambiqueiro de longa data, o protagonista percebe que pode ganhar dinheiro vendendo o tratamento a diversos infectados, tornando-se sócio da travesti Rayon (Leto), que tem contatos na comunidade infectada. Daí o nome do filme, pois eles obtem enorme sucesso vendendo a associação ao clube de compras que oferece os medicamentos necessários para o tratamento por meio do pagamento de mensalidade. Aliás, os remédios que fornecem são outros que não o AZT, o que provoca a ira da indústria farmacêutica, ansiosa por emplacar a droga mais cara da história como a única viável ao tratamento, apesar de, ao menos em sua fase inicial, ser altamente tóxica.

Os dois atores principais, os galãs Leto e McConaughey (o nomezinho difícil de se soletrar) passaram por incrível transformação física. De homens sarados tornaram-se raquíticos para os papéis. Como essas transformações chamam a atenção da Academia, como nos mostram muitos exemplos, o maior de todos sendo o de Charlize Theron que inacreditavelmente ficou feia para Monster: Desejo Assassino (clique aqui para ver), vieram as indicações aos prêmios. Felizmente as indicações não se devem somente à mudança física, pois ambos estão bem no filme, especialmente o protagonista, que só vinha fazendo papéis bobos em comédias românticas.

Clube trata de um tema ao mesmo tempo pesado e interessante. Como mostra a luta de uma pessoa contra o sistema, tem sido comparado a Erin Brockovich. Mas a direção e roteiro são um tanto quanto quadrados, faltando algo que qualifique Clube como um grande filme.

A mensagem que o filme deixa é que mesmo um caipira machista como Ron pode perceber que o preconceito contra o diferente somente existe pela ignorância, fazendo com que possamos acreditar que o entendimento e o carinho entre as pessoas é algo viável.

Nota: 6

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