Tudo Sangue Ruim
The Hateful Eight, Dir: Quentin Tarantino, EUA, 2015, 2h47minIMDB: clique aqui
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Na sequência de Django Livre Quentin Tarantino permanece no período do faroeste em seu novo filme, Os Oito Odiados. Como alerta ao espectador desavisado, este é um filme de Tarantino, então pode se preparar pra muita violência e sangue jorrando pela tela. Como em uma ilustração que está circulando (clique pra ver a imagem), a anatomia humana, na visão tarantinesca, é constituído só por pele e sangue.
Na corrida do Oscar o filme está na disputa pelas categorias de fotografia, trilha sonora e atriz coadjuvante. Poderia ter sido indicado a ator principal, diretor e até mesmo a filme, já que obras menores receberam tal indicação. A única categoria com grandes chances é trilha sonora, do mestre Ennio Morricone que acumula outras 5 indicações sem nunca ter levado o prêmio, ganhou apenas um prêmio pelo conjunto da obra.
O filme, como entrega o título, possui 8 personagens desprezíveis. Ninguém é herói. Todos são pessoas ruins que não irão atrair a simpatia do público. Os oito personagens reúnem-se em um armazém para escapar de uma nevasca. A estória começa mostrando uma diligência em que o caçador de recompensas John Ruth está levando sua prisioneira Daisy para condenação. No caminho encontra o Major Marquis Warren e depois o xerife Chris Mannix e lhes dá carona. Quando chegam na hospedaria, quatro outros dos odiados estão no lugar também se abrigando.
Quem são todos estes personagens é o que será revelado na primeira parte do filme, sendo que há mentiras em meio a isso. Este ato se desenvolve de maneira lenta e sutil, até mesmo estranho para os padrões de Tarantino, lembrando Era Uma Vez no Oeste, obra de um dos caras que mais o inspirou, o diretor italiano mestre dos western spaghetti Sergio Leone. Na segunda parte o filme muda completamente o tom começa a se revelar uma obra tarantinesca. O sangue começa a aparecer pra valer com os muitos acertos de contas entre os personagens.
O roteiro de Tarantino, com é habitual, tem bons diálogos, muitas vezes discutindo coisas banais. O humor permeia toda a obra, com personagens repetindo o que o outro disse de forma estúpida. Talvez seja o filme mais cômico de Tarantino. Também não faltam outras marcas autorais do diretor, como a quebra da linha cronológica, muito marcante em Pulp Fiction, bem como a distribuição do filme em capítulos, característica de Kill Bill.
No elenco do filme Tarantino usou vários atores presentes em outras de suas produções, o maior destaque é seu ator favorito, Samuel L. Jackson (que merecia a indicação ao Oscar mais do que Matt Damon), mas entram na lista também Kurt Russel, Tim Roth e Michael Madsen. No elenco também está Jennifer Jason Leigh, agraciada com a indicação ao Oscar de coadjuvante, que passa o filme apanhando, mas que também não consegue fazer o público sentir pena, pois ela também é uma odiada.
Alguns tem apontado que o fato da mulher apanhar constantemente no filme é machismo. Isso pode ser falta de interpretação em um contexto geral. Nos filmes de Tarantino negros são sempre chamados de "niggers" (crioulos), palavra que mal pode ser pronunciada na atualidade nos EUA, bem como sempre há muita violência. O que não significa que o diretor seja racista, defensor da brutalidade ou misógino, ele apenas trata desses temas de forma jocosa, afinal, como foras da lei do oeste selvagem poderiam não ser brutos, machões e racistas?
Tarantino promoveu uma grande ação de marketing em cima de seu resgate das "gloriosas" lentes Ultra Panavision 70mm (clique para ver o vídeo). O que elas fazem é ampliar a panorâmica da cena, tornando-a mais alargada. Para comparação, um filme normalmente tem proporção de 1,85 de largura por 1 de altura (1,85:1) quase o mesmo que as TVs atuais. Alguns filmes modernos utilizam 2,35:1 (clique aqui para ver o verbete na Wikipedia). Os Oito Odiados tem proporção 2,76:1, permitindo panorâmicas bem amplas e inserção de mais personagens em uma tomada. A redescoberta das câmeras e lentes, utilizadas em superproduções épicas como Ben-Hur e Lawrence da Arábia, e que há 50 anos não saíam do armário foi muito interessante, mas neste filme não mostraram toda sua capacidade. Ainda assim é um grande contribuição à técnica cinematográfica, e já há uma fila de diretores ansiosos para usá-las.
Nota: 7
Não diria que é ruim mas eu particularmente achei que no quesito "sangue" ultrapassou o exagero! Além de se tornar meio monótono no inicio...3 hrs ao todo! Eu não recomendo.
ResponderExcluirPrezada Enara. Obrigado pelo comentário.
ResponderExcluirCopio aqui o te respondi no Facebook: Minha esposa achou o mesmo que você quanto ao sangue e por isso achou o filme horrível. Já eu rachei de rir. É tão exagerado que vira piada!
Abraços!