Amor embaixo d´água
The Shape of Water, Dir: Guillermo del Toro, EUA, 2017, 2h03minIMDB Trailer
Sua vidinha cotidiana anda monótona e sem graça? Precisando de alguém que mude sua maneira de viver? E se esse alguém for beeeem diferente? Essa é a premissa de A Forma da Água.
Na trama, uma mulher muda que trabalha como faxineira em um laboratório secreto dos EUA dos anos 60 se afeiçoa por um "homem-peixe" encontrado nas águas amazônicas e testado para seu potencial como arma na Guerra Fria contra os soviéticos.
É um trama fantasiosa? Lógico. Então a primeira coisa a se fazer ao ir ao cinema não é ficar dizendo: "mas isso não pode acontecer!" É claro que não. O filme é simplesmente uma alegoria tentando mostrar que a beleza interior pode ser bem maior do que uma aparência horrenda. E não custa lembrar, o cinema acabou ganhando muito realismo no decorrer de seus anos, mas a fantasia foi e ainda é um dos seus elementos mais marcantes. Basta lembrar que um dos primeiros filmes da Sétima Arte foi Viagem à Lua, do visionário George Méliès, em que um canhão atirava uma bala que caía no satélite terrestre onde viviam seres exóticos.
O tom do filme e sua protagonista guardam muitas semelhanças com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Apesar do tom quase infantil que tem as histórias, suas tramas envolvem sexo, violência e conflito social. Em ambos a protagonista é uma mulher doce, sonhadora, tímida e reclusa.
A produção é caprichada. Os cenários são muito bonitos, com um que de retrô-futurístico, o futuro do pretérito, mostrando como seria o futuro na visão dos anos 60 (algo tipo o desenho dos Jetsons). Para se ambientar ao universo retratado a fotografia faz muito uso de tons de azul e verde, cores aquáticas.
O roteiro, porém, é bem simples. Uma historinha de amor improvável em que os amantes devem enfrentar grandes desafios, dentre eles o cenário real de paranoia da Guerra Fria, para ficarem unidos. Seus personagens são chapados E isso faz com que o espectador não se envolva emocionalmente com a história. Apenas verá uma historinha da carochinha bem contada e nada marcante.
O diretor Guillermo del Toro é favorito ao Oscar. Sem dúvida, a parte técnica deve muito a seu trabalho e ele conduz bem seu elenco. Contudo, a mencionada falta de envolvimento do espectador com a história deixa a desejar.
Sally Hawkings está encantadora como a protagonista muda e tímida. Digna de elogios também é a atuação indicada ao Oscar de Richard Jenkins, no papel de melhor amigo inseguro da protagonista. Não é o caso nem nunca deveria ter sido o da indicação da já (indevidamente) oscarizada Octavia Spencer, que sempre repete o mesmo papel de mulher do povo faladora. Michael Shannon é um bom ator e sua presença enche a cena, mas aqui parece ter atuado em modo automático.
O filme é o líder de indicações ao Oscar disputando 13 categorias: filme, direção, roteiro original, atriz principal, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, fotografia, edição, design de produção, trilha sonora, figurino, edição de som e mixagem de som. É fortíssimo candidato a levar o prêmio de melhor filme e favorito em direção, design de produção e trilha sonora. Assim tem sérias chances de ser o filme mais premiado da noite.
A Forma da Água se destaca por seu belo visual e por seu tema fantástico. Infelizmente, seu roteiro deixa a desejar com a falta de profundidade e de imersão emocional em seu universo aquático.
Nota: 6
Sou apaixonada por esse filme, adoro o uso da fantasia como recurso a uma crítica filosófica e social.Guillermo Del Toro tem uma sensibilidade única e minha nota é 9,5.
ResponderExcluir