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The Nice Guys, Dir: Shane Black, EUA, 2016, 1h56minIMDB Trailer Roteiro
Ao ver o cartaz deste filme normalmente há dois tipos de reação do espectador. Aquele que curte mais a pipoca que o filme vai pensar: legal, uma comédia pra não pensar muito com dois bons atores. E o segundo, aquele que gosta de "filmes-cabeça" pensa: olha aí mais um filme bobo feito só pra ganhar dinheiro. E nenhum estará completamente certo, e nem completamente errado.
Dois Caras Legais é escrito e dirigido por Shane Black, roteirista do clássico Máquina Mortífera. Assim como em seu grande sucesso, aqui também há a reunião de dois tipos opostos. Healy (Russell Crowe) é o durão, um cara que bate nos outros quando pago. March (Ryan Gosling) é um detetive particular picareta, que só age por dinheiro e aceita casos até de idosas senis que estão em busca do marido já morto. O caminho dos dois irá se cruzar por conta de uma garota que fez um filme pornô e está sendo perseguida. Ela paga a Healy para protegê-la enquanto outra investigação paralela de March o leva a investigar a moça. Há de cara um confronto entre eles (na verdade uma surra dada pelo primeiro no segundo), mas depois se unem quando percebem que estão envolvidos em um caso misterioso que pode esconder uma grande conspiração.
A trama envolve uma certa complexidade e em certos momentos várias coisas parecem não ter sentido, mas ao final tudo é entregue mastigado ao espectador, lembrando o velho recurso dos desenhos do Scooby-Doo.
O filme é uma comédia e não faltam momentos divertidos, indo desde sutilezas de estranhamento de época, deboche de certas condutas pessoais, personagens caricatos a cenas pastelão, em momentos em que Gosling apanha muito e não sofre maiores consequências. O que poderia fazê-lo parecer o Bruce Willis em Duro de Matar, aqui é só farra e o filme deixa isto explícito, fazendo que ele lembre mais o memorável Coyote do desenho do Papa-Léguas.
Em um filme tão centrado em seus personagens a dupla principal tem que funcionar. E os dois bons atores que carregam o filme fazem isso bem. Curiosamente há até ecos do primeiro filme de sucesso de Russell Crowe, Los Angeles: Cidade Proibida (pitaco aqui), uma estória policial ambientada na mesma cidade em tempos passados e com Crowe sendo um cara rústico. Até a oscarizada (?!) Kim Basinger está presente, escondida atrás de infinitas plásticas. No elenco de apoio, destaca-se a jovem Angourie Rice no papel de filha adolescente de March.
O filme é bom tecnicamente. A ambientação dos anos 70 é ótima, numa Los Angeles em transição da era hippie para a era disco. A fotografia bastante colorida é muito bonita. A trilha sonora é um pouco clichê setentista, mas, sendo esta uma época de ótimas músicas, agrada ao longo de todo o filme.
Pelo cartaz Dois Caras Legais parecia somente um filme caça-níquel juntando dois astros hollywoodianos. Não deixa de ser, mas não é vazio como se poderia esperar. Há uma boa estória sendo contada, fazendo dele um filme pipoca de qualidade.
Nota: 7
P.S: Nesta quinta-feira será dado início à Maratona do Oscar 2017 com o pitaco de A Chegada.
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