Luz na Escuridão
The Light Between Oceans, Dir: Derek Cianfrance, Reino Unido/Nova Zelândia/EUA, 2016, 2h13minIMDB Trailer
Uma estória de amor permeada por um grande drama familiar em um cenário paradisíaco e com um elenco de primeira, resumidamente assim pode-se definir A Luz Entre Oceanos.
Na trama, Tom, um ex-combatente das trincheiras da Primeira Guerra Mundial, aceita o solitário emprego de faroleiro em um ilha isolada. Em pouco tempo casa-se com um moça da região, Isabel. O amor o faz redescobrir o prazer pela vida, abalado após os horrores que presenciou nos campos de batalha. Após dois abortos espontâneos de Isabel, um barco a remo chega à ilha com um homem morto e uma bebê que eles decidem criar como se fosse sua filha biológica. Pouco tempo depois, Tom descobre a trágica história da bebê, e que sua mãe acredita que ela morreu no mar.
O roteiro baseia-se no livro de mesmo nome de M.L. Stedman de 2011, e algumas passagens deixam clara sua origem, especialmente um certo excesso de leitura de cartas. O que é um bom veículo em um livro não o é exatamente em um filme, onde se deve mostrar, não contar. Mas tal "defeito" do roteiro não atrapalha a narrativa. Prova disso é que há alguns pequenos detalhes que são mostrados de passagem e posteriormente vão ganhar importância na trama.
Alguns temas são muito importantes ao filme, sobretudo esta mencionada confusa estória familiar. Em certo sentido lembra o ótimo Pais e Filhos de Hirokazu Kore-eda. A diferença maior é que enquanto no filme japonês a trama centra-se numa troca de bebês, em A Luz entre Oceanos existe a criação de uma criança por outros pais, enquanto há uma mãe que sofre pela suposta morte da filha.
Também presente está o conflito de Tom entre o dever e o que é certo, quando tem de decidir se deve comunicar ao serviço de faróis que encontrou o barco ou se cria a bebê para compensar sua esposa pelos dolorosos abortos que sofreu. Posteriormente surgirá o mesmo conflito entre se deve contar à mãe da bebê o que ocorreu ou se finge que está tudo bem pela felicidade de sua esposa. Por fim, há algumas discussões sobre o perdão e o efeito que ele produz sobretudo naquele que perdoa, mais no que em quem foi perdoado.
Como já indica o elenco composto por duas atrizes oscarizadas, Alicia Vikander e Rachel Weisz e por um ator indicado que provavelmente ganhará o prêmio em breve, Michael Fassbender, as atuações se destacam. Seria muito fácil transformar uma estória tão dramática em uma novela mexicana. Mas a qualidade dos intérpretes impede que isso ocorra, pela sobriedade com que encaram seus trabalhos, sem que isso signifique uma atuação fria.
A direção de Derek Cianfrance consegue conduzir bem seus atores (o que não é difícil) e seus cenários paradisíacos. A fotografia dá grande destaque ao horizonte e aos pores do sol, com uma paleta com destaque para o dourado nos momentos de aproximação entre Tom e Isabel, e depois adota tons azuis nos momentos de tensão, ambientando bem a estória.
A Luz Entre Oceanos é um belíssimo romance. Aos emotivos é recomendável levar uma caixa de lenços, pois a carga dramática é intensa.
Nota: 7
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