10 de março de 2014

Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual

Solidão na multidão

Medianeras, Dir: Gustavo Taretto, Argentina, 2011, 95 min
IMDB: clique aqui

No Brasil, é comum um sentimento aflorado contra a Argentina. Mas mesmo quem tem essa birra com os "hermanos", se gosta de cinema, não pode negar que os filmes argentinos são geralmente muito bons, e dão de goleada na produção cinematográfica do Brasil. Diferentemente do panorama nacional, em que, em boa parte das vezes, os filmes ou tratam de miséria ou são essas comédias bizarras que mais lembram uma Zorra Total de duas horas de duração, os filmes argentinos normalmente tratam de histórias cotidianas de classe média, muito bem contadas.

Medianeras, que originalmente era um curta-metragem e depois ganhou a versão de longa, se enquadra nessa categoria. A abertura do filme já é um primor, mostrando o mar de prédios da capital portenha enquanto o narrador em off analisa que BA´s é uma cidade que dá as costas ao seu rio e que a urbanização é totalmente caótica, com prédios altos do lado de baixos, novos do lado de velhos e outros contrastes que deterioram o ambiente urbano. Parte daí a análise se tal caos no planejamento não se espelha em nossas vidas.

Martin (Javier Drolas), o protagonista, é um programador de sites que praticamente não sai de casa, fazendo tudo online. Mariana que mora na mesma rua de Martin, a poucos prédios de distância, é uma arquiteta que trabalha produzindo vitrines. Ambos cruzam-se várias vezes durante o filme, mas nunca se veem, perdidos na multidão.

Além de inúmeras semelhanças de gostos e de posturas, os dois também tem um passado de rompimento de relação amorosa doloroso e de relações posteriores efêmeras e sem graça. Ao longo do filme as rotinas dos dois são acompanhadas em paralelo.

O fato de estarem perdidos na multidão traz o paralelo dos famosa série de livros Onde Está Wally (por isso o poster do filme acima). Mariana diz que o único cenário em que nunca encontrou Wally é na cidade, uma metáfora por sua busca pela cara metade na metrópole impessoal.

Outro ponto muito bem abordado pelo filme é o fato de estarmos altamente conectados nos dias atuais, e isso não aplacar a solidão. Martin diz uma excelente frase que sintetiza tudo isso: "A internet me aproximou do mundo, mas me afastou da vida".

Nota: 9


P.S: Links para o filme no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=yKwxlP_DW_8
http://www.youtube.com/watch?v=8ja-vEbiY1c

E também o filme na versão anterior, curta metragem:
http://www.youtube.com/watch?v=kDj9yoBJ0k8

Um comentário :

  1. Esse filme tem uma fotografia incrível, principalmente na introdução, porém a história não me marcou tanto.

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