13 de abril de 2007

300

Não é meu chicote que eles temem

 

Idem, Dir. Zack Snyder, EUA, 2007, 117min


Baseado na história em quadrinhos de Frank Miller, 300 retrata a épica batalha dos 300 melhores guerreiros de Esparta, liderados pelo valente Rei Leônidas (Gerard Butler) contra os 2 milhões de soldados do rei Xerxes, da Pérsia (Rodrigo Santoro).
O filme é um espetáculo gráfico fantástico. Excelentes efeitos visuais, figurinos, fotografia e edição dão o tom à grandeza da batalha das Termópilas. Seguindo uma linha totalmente diversa da que vinha sendo utilizada em épicos recentes, comoGladiador O resgate do Soldado Ryan, que utilizaram edição extremamente recortada, que confere tensão ao filme mas retira do espectador à percepção do todo, em 300 são utilizadas seqüências longas em slow motion em alguns confrontos, o que dá ao espectador a percepção real dos movimentos corporais da batalha. Percebemos todos os movimentos utilizados pelo guerreiro para matar diversos oponentes.
O enredo inicia-se apresentando-nos no panorama da vida de caserna espartana. Didaticamente, é mostrado o treinamento militar desde a infância, que diferenciava a pólis de Esparta. Lá, desde o nascimento, o sujeito era condicionado a ser um soldado. Tal traço fundamental da cultura espartana é mostrado ao longo de todo o filme, por meio da determinação dos guerreiros, seu treinamento exclusivo para a guerra, a figura do corcunda rejeitado para ser soldado, entre outras.
Seguindo no enredo, emissários persas vêm a Esparta com o propósito de pedirem que Leônidas ajoelhasse-se perante Xerxes e aceita-se seu domínio, tornando-se vassalo deste, o que é prontamente recusado. Como a cidade tem dúvidas da eficiência que teria uma guerra contra os persas, recusasse a entregar seu exército. Assim o rei Leônidas convoca sua elite, numa missão sem o carimbo de oficial, reforçando o espírito guerreiro de seus homens.
Reunidos, a turma de sunguinha e capa parte para a batalha. Aí começa o espetáculo gráfico do filme.
Passado parte dos confrontos, o imperador Xerxes reúne-se com Leônidas. Neste momento, o homossexualismo do filme, já pronunciado com a turma dos marombados de sunguinha, atinge o ápice, quando Xerxes, cheio de piercings, depilado e alto, no melhor estilo Vera Verão, como bem lembrado pelo pessoal do Pânico na TV, coloca as mãos no ombro de Leônidas e dizendo: “Não é meu chicote que eles temem”. Os cinemas brasileiros estão desabando em risos neste momento, apesar de ser uma cena séria, na qual Xerxes tenta convencer Leônidas a aceitar a dominação.
Paralelamente a ação, na cidade de Esparta, a rainha busca convencer o conselho a enviar o exército para defender a nação, sendo algo que poderia ser retirado do filme, pois, além de quebrar a seqüência, é muito mal feito, com discursos grandiloquentes, sedução, etc. tudo pela necessidade do filme de colocar uma mulher em destaque numa história de guerra. Neste caso, melhor seria deixar histórias de amor e política de salões de lado, concentrando o foco no filme na batalha. Mas é Hollywood, então é necessário introduzir alguns elementos para atraírem maior público.
Assim, o filme é dividido numa clássica história épica e numa intriga política. Não fosse o visual assombroso, 300 seria um filme qualquer. Mas, devido a isso, merece seu crédito.
Nota: 6
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10 de abril de 2007

Borat

Michael Moore da Comédia


Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan, Dir. Larry Charles, EUA, 2006, 84min

Comédia que suscitou muita polêmica ao redor do mundo por seu humor totalmente politicamente incorreto, Borat é um pseudo-documentário que narra a viagem do personagem título, vivido por Sacha Baron Cohen, para conhecer os hábitos norte-americanos.
O filme inicia-se com Borat Sagdiyev apresentando sua aldeia natal, um povoado bastante pobre, no Cazaquistão. Borat apresenta sua família, seu vizinho, e seus hábitos, já fazendo graça com seu próprio país.
A seguir, Borat viaja aos EUA, com o objetivo de centrar sua visita à New York. Chegando lá, faz piadas com os costumes, lembrando um pouco Crocodilo Dundee, ao tentar cumprimentar as pessoas no metrô e nas ruas. As reações são as mais bizarras possíveis, passando por pessoas que ignoram, as que são agressivas e culminando em um louco que sai correndo quando Borat estende a mão para cumprimentá-lo na rua.
Assistindo à TV no hotel, Borat apaixona-se por Pámela Anderson, a mais famosa salva-vidas do seriado Baywatch, e decide cruzar os EUA até Los Angeles para encontrá-la.
Assim, inicia-se uma jornada que cruza o país, retratando o comportamento “gangsta life” dos negros de Atlanta, as tradicionais famílias cheias de regras de etiqueta do sul do país, universitários que querem beber até cair, prostitutas, evangélicos petencostais, cowboys entre outras figuras típicas da cultura americana.
As piadas retiradas desse estranhamento cultural são excelentes. O protagonista utiliza-se da velha fórmula de se fazer de bobo da corte, para que as pessoas mostrem o pior de si mesmas. Obviamente, fica a questão do que é verdade e do que é encenado no filme. Creio que as melhores piadas são frases reais, ditas por americanos estúpidos.
Borat não é um filme para toda a família. Muitas piadas são pesadas, e há um humor escatológico para chocar até mesmo quem se divirta com isso. Mas quem for assistir ao filme sem estar preocupado com o politicamente correto, com certeza irá rir bastante até mesmo dos momentos mais, digamos, heterodoxos.
Nota: 7
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