30 de agosto de 2016

Los Angeles: Cidade Proibida

O lado escuro do paraíso

L.A. Confidential, Dir: Curtis Hanson, EUA, 1997, 2h18min
IMDB                 Trailer


Nas décadas de 1940 e 1950 filmes em preto e branco com fortes contrastes, personagens dúbios, casos policiais e femme fatales marcaram época. Os franceses nomearam o gênero como filme noir (escuro). De tempos em tempos Hollywood recicla a forma, como em Los Angeles: Cidade Proibida, filme de 1997 e indicado a diversos prêmios no Oscar 1998 (e perdeu quase todas para o limpa-prêmios Titanic).

A trama se passa no período em que Los Angeles era a cidade em que todos nos EUA sonhavam em ir. O paraíso. Mas um paraíso com muita sujeira para além do glamour. A ação do filme ocorre após à prisão do chefe do crime de Los Angeles, o personagem real Mickey Cohen, quando um vácuo se abre no submundo e se inicia uma guerra para assumir a liderança criminosa. Neste cenário é que convergirão os caminhos de três policiais com perfis completamente distintos: o certinho Ed, o bruto Bud e o malandro Jack.

A trama tem muitos detalhes e exige a atenção (e a inteligência) do espectador. Os diálogos são cheios de gírias e palavrões, o que o diferencia dos filmes noir do período de ouro do gênero, numa busca por naturalidade na trama do submundo. 

Os personagens são um tanto quanto estereotipados, mas crescem com a qualidade de seus intérpretes. Russell Crowe e Guy Pearce eram ainda desconhecidos quando fizeram o filme, mas carimbaram seus passaportes para o estrelato nesta produção. Kevin Spacey já havia sido premiado com um Oscar e mostrou seu talento habitual.

Também está no elenco como a mulher fatal Kim Basinger, ícone sexual dos anos 1980 e 1990, que surpreendentemente venceu o Oscar de atriz coadjuvante com sua performance. Talvez pelo fato dos membros da Academia não acreditarem que ela era atriz de verdade, após diversas indicações de pior atriz no famigerado Framboesa de Ouro. Ela não compromete o filme, mas tampouco o engrandece. E todas as suas concorrentes entregaram melhores atuações, com destaque para Julianne Moore em Boogie Nights (isso era só o prenúncio do que viria a ocorrer na catastrófica premiação do Oscar do ano seguinte, 1999) Além disso, quando dessa produção Basinger já mostrava sinais claros de cirurgias plásticas e aos 43 anos era um pouco velha para o papel de uma prostituta dos anos 50, época em que certamente os homens consideravam velhas mulheres de mais de 30.

Apesar de se inscrever no gênero noir (de escuro), a fotografia do filme é bastante luminosa, com muitos cenários diurnos. A direção de arte é caprichada e consegue levar o público aos anos dourados de L.A. E a direção é competente, cadenciando bem os momentos de investigação com cenas de ação bem fortes.

Los Angeles: Cidade Proibida é um bom filme, mas talvez um pouco arrastado e complexo para alguns públicos. Mas se destaca em importantes elementos cinematográficos como roteiro e atuações. E Hollywood merece o crédito por produzir um filme adulto e um tanto quanto sujo, que faz lembrar o grande cinema americano dos anos 1970. 

Nota: 8