7 de junho de 2016

Para Sempre Alice

Memórias ao Vento

Still Alice, Dir: Richard Glatzer/Wash Westmoreland, EUA/França, 2014, 1h41min
IMDB                 Trailer                 Roteiro               Netflix


Muitas pessoas valorizam a experiência pessoal em detrimento do acúmulo de bens. O melhor exemplo são aqueles que preferem viajar a adquirir coisas, pois alegam que nossas lembranças duram mais do que bens. Mas e quando a memória vai embora?

Este é um dos problemas abordados em Para Sempre Alice. No filme a protagonista Alice é uma internacionalmente conhecida professora de linguística da prestigiada Universidade Columbia, com alto padrão de vida e com filhos já adultos. Somos apresentados a ela nas comemorações de seus 50 anos. Pouco depois ela começa a ter pequenos episódios de esquecimentos. E é diagnosticada com Alzheimer precoce.

Um diagnóstico assim é duro para qualquer pessoa, pois esta doença vai acabando com a pessoa que somos, na medida em que esquecemos de quase tudo que importa para nós. No caso de Alice é ainda pior, pois ela construiu tudo em sua vida com seu intelecto superior. E suas tão caras memórias, de viagens, da vida em família, de seu trabalho e de tudo que viveu, em pouco tempo irão abandoná-la.

Para servir ao propósito do filme de mostrar a evolução da doença, o Alzheimer de Alice avança rapidamente, acima do padrão normal. O filme passa pelas fases do luto, ainda que Alice não tenha morrido: há a negação inicial e a aceitação final. Toda sua família se vê envolvida no problema. 

O roteiro de Richard Glatzer e Wash Westmoreland (que também assinam a direção) apesar de forçar um pouco a mão no drama em alguns momentos, respeita a inteligência do espectador, pulando algumas etapas como os exames das protagonista e já indo direto para o resultado. Essa talvez seja a principal lição que os roteiristas brasileiros devam aprender, que nem tudo precisa ser explicado tintim por tintim. A direção se sustenta no talento do elenco, sobretudo da protagonista.

Julianne Moore foi finalmente contemplada com o Oscar com esse filme, em sua 5ª indicação. Foi merecido, tanto pela atuação quanto pelo conjunto da obra (que não deveria ser analisado, mas sabemos que a Academia faz muito disso). No elenco, formando sua família, estão Alec Baldwin, Kate Bosworth, Kristen Stewart, que aqui consegue ser mais expressiva que na tenebrosa (não no sentido de assustadora, mas de ruim) saga Crepúsculo.

Cinematograficamente Para Sempre Alice não é nada fenomenal, se enquadrando no rótulo de drama pessoal e familiar. Mas é um bom filme e uma lição para aprender um pouco mais sobre essa doença que muito provavelmente, infelizmente, ainda afetará alguém próximo.

Nota: 7

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