15 de outubro de 2013

Gravidade

Perdidos no Espaço

Gravity, Dir: Alfono Cuáron, EUA/Reino Unido, 2013, 91 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1454468/




Filme sensação do momento, após ter sido ovacionado no Festival de Cannes e elogiadíssimo pela crítica, Gravidade, tem uma trama relativamente simples: uma dupla de astronautas vividos por George Clooney e Sandra Bullock têm de se salvar após uma colisão de detritos espaciais com o ônibus espacial no qual estão. Pouco depois, descobrimos que a personagem de Sandra Bullock tem dúvidas sobre se quer lutar por sua vida, pois ainda vive o luto pela morte de sua única filha de 4 anos de idade.

Dito assim, o filme pode parecer sem graça. Talvez quem goste somente de filmes-cabeça, com tramas complexas ou filosóficas, veja Gravidade somente como um filme de ação. Mas nem só dessas tramas "mais complexas" vive o cinema. Assim, o filme se encaixa na linha dos primeiros tempos de Spielberg, como Encurralado (Duel), no qual um sujeito normal sai de casa e de repente se vê perseguido por um caminhão, ou o ultrapopular Tubarão. Nessa linha de tramas simples mais recentes destaco ainda o excepcional Drive. Assim, não há qualquer demérito na simplicidade do roteiro. Especialmente por manter a crueza dos desafios reais no ambiente hostil, sem se render a câmeras lentas, músicas dramáticas ou outros recursos emotivos.

O ponto alto de Gravidade com certeza é seu espetáculo visual. Nenhum filme anterior que teve o espaço como cenário nos fez sentir tanto neste ambiente. Este definitivamente é um filme para se ver em 3D e se sentir imerso na imensidão celestial. Aposto que o Oscar de efeitos especiais já tem dono. E só pelo esforço físico Sandra Bullock já merece disputar o de melhor atriz.

Depois de ver o filme, acho que as pessoas terão de rever aquele velho sonho de ser astronauta.

Nota: 8

8 de outubro de 2013

Idiocracia

Dãããããã


Idiocracy, Dir: Mike Judge, EUA, 2006, 84 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0387808/






Após várias gerações nas quais as pessoas mais inteligentes demoravam para se reproduzir, gerando, quando muito, um só descendente, e os "menos favorecidos intelectualmente" iam povoando o mundo, a Terra se vê coberta por uma humanidade completamente idiota em 2505. Esse é o futurismo proposto em Idiocracia.

Joe Bauers, ou Not Sure (Luke Wilson) é o protagonista da estória. Colocado em hibernação em 2005, é esquecido dentro de seu sarcófago após o projeto ser cancelado pelo exército dos EUA. Ele havia sido escolhido devido à sua incrível mediocridade, pois era um "homem médio" em todos os quesitos.

Quando acorda, em 2505, encontra um planeta imundo, povoado por quase débeis mentais, que vivem de repetir bordões de comerciais da TV, gírias e palavrões, quando conseguem exprimir mais do que 3 palavras. Num ambiente como esse, é fácil ser o sujeito mais inteligente, o que acontece com Joe. Aliás, por conseguir articular minimamente suas frases, sem falar gírias nem grunhir, todos o veem como efeminado.

Bem, a partir daí a estória segue um ritmo de ação no qual Joe é preso, considerado a pessoa mais inteligente do mundo após testes estúpidos de QI, nomeado ministro, condenado à execução pública dentre outras desventuras.

O diretor do filme é Mike Judge, mais conhecido por ser o criador da dupla de idiotas Beavis e Butt-Head. Não acompanhei muito o seriado, mas a impressão que se tem é que ele quis imaginar um mundo povoado por idiotas como seus famosos personagens, que ficam rindo, grunhindo e só pensam em sexo.

O filme é cheio de boas tiradas. Um julgamento em que o juiz é um showman e no qual o advogado de defesa passa a acusar seu cliente, em meio a argumentações vazias, um presidente que é ex campeão de luta livre (lembram de algum ex governador da Califórnia?), uma arena mistura de coliseu com estádio de futebol com a torcida vibrando pra ver destruição e um cinema com as pessoas rindo de uma bunda que fica em cena ao longo de toda a projeção (que me lembram os frequentadores do Cinemark que gargalham a cada ironia sutil de filmes dramáticos) são alguns dos bons momentos.

O pior de tudo no filme é perceber que na brincadeira, há um belo fundo de verdade. Tenho a sensação de que o mundo está emburrecendo, por mais contraditório que pareça em um ambiente no qual transborda informação. Mas, tal contradição é aparente, pois a informação cada vez tem menos qualidade. Basta ver na página do UOL quais são as notícias mais lidas. Quase sempre são sobre fofocas de celebridades. Com tanta informação disponível as pessoas ficam com preguiça de pensar. Um mundo de alienados, como no livro clássico Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.

Duvido que quem assistir não vai pensar que talvez este seja nosso destino.

Nota: 7

23 de agosto de 2013

Hannah Arendt

Banalidade do Mal

Idem, Dir: Margarethe von Trotta, Alemanha/França/Luxemburgo, 2012, 113 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1674773/?ref_=sr_1


Hannah Arendt é considerada uma das maiores filósofas do século XX, sendo seu livro mais conhecido Origens do Totalitarismo, no qual causou grande polêmica ao comparar o nazismo ao stalinismo, vistos como duas faces da mesma moeda do totalitarismo.
O filme trata de um período posterior a este livro, quando ela vai, a serviço da revista The New Yorker, fazer a cobertura do julgamento do líder nazista Adolf Eichmann pelos israelenses. Eichmann era responsável pela logística de embarcar prisioneiros nos trens que seguiam para os campos de concentração, sendo que a morte destes prisioneiros, em sua maioria judeus, era quase uma certeza. Após a guerra, Eichmann conseguiu escapar da Alemanha e, anos depois, foi capturado pelo Mossad, o serviço secreto israelense em Buenos Aires, e levado a Jerusalém.

Todos esperavam então ver um monstro no tribunal, um nazista cruel sem o menor respeito à vida. Alguns viram o que esperavam, até porque o ódio despertado pelo genocídio ainda era muito recente. Mas Hannah Arendt tentou ver o homem, sem preconceitos, e ficou chocada ao perceber que ele não era nenhum monstro, mas um homem comum, um simples burocrata, que tinha a convicção de que apenas seguia ordens e que não tinha responsabilidade alguma pelas mortes das pessoas, pois, afinal, "somente as colocava dentro do trem".

Com isso, Arendt notou que diferentemente do que diz o senso comum, o Mal não é algo inato, um defeito de caráter ou algo do gênero. O Mal pode ser banal, como ela entendeu ao criar o conceito de "banalidade do mal". Eichmann era uma pessoa medíocre, não era nenhum gênio do mal ou um pervertido. Apenas abidicara de sua capacidade de discernir entre o que é certo e o que é errado, o que, para Arendt, é a característica masi marcante no pensamento humano.
Como toda ideia que fere o senso comum, esta causou polêmica, da mesma maneira que há poucos anos causou o excelente filme A Queda: As Últimas Horas de Hitler ao humanizar a figura do fuhrer. É muito mais fácil para o senso comum entender que Hitler era simplesmente um monstro sádico do que entender que ele era um homem comum que cometeu uma série de atrocidades, e que nós também podemos fazer o mesmo, pois, afinal, o "monstro" reside em nós.

Mas a maior revolta foi causada pela sua coragem em querer analisar o papel de alguns líderes judeus que colaboraram com os nazistas na organização do sistema. Esse foi o fator para que muitos até jurassem Arendt de morte e a considerassem uma traidora, pois ela era judia e até mesmo passara por um campo de concentração. Há muito de interesse político aí, pois a própria existência do Estado de Israel se deve em grande parte ao genocídio nazista e a ideia de martirização do povo judeu. Se se ataca tal martirização fica difícil justificar o sionismo, ou seja, a necessidade da existência de um Estado próprio em que o povo judeu possa viver sob suas leis.

O filme é um pouco "quadrado". Há uma certa repetição de "cenas reflexivas" de Arendt, com ela pensando com expressão séria ao lado de seus inseparáveis cigarros enquanto ouvimos uma música dramática tocada bem alto. Tecnicamente o que há de mais interessante é o fato de que Eichmann é interpretado por ele mesmo, ou seja, são usadas imagens reais de seu julgamento e de suas frases, o que nos permite julgar diretamente sobre o réu.

Mas o que sustenta o filme são as ideias de Arendt e sua coragem em expor suas polêmicas ideias. Como certeza muita conversa será gerada após a sessão.
 
Aliás, seguem duas ótimas colunas sobre Eichmann e Arendt, dos psicanalistas Contardo Calligaris e Francisco Daudt: 

Nota: 7

20 de agosto de 2013

Flores Raras

Amor e ciúmes


Idem, Dir: Bruno Barreto, Brasil, 2013, 118 min





Flores Raras pode causar polêmica por tratar de um tema ainda tabu que é o relacionamento homossexual. Já adianto que o filme não tem nenhuma cena muito explícita, apenas tem o tão temido "beijo gay", que a TV teme em mostrar.

Feita essa introdução, o filme baseia-se na história real do relacionamento amoroso entre a arquiteta Lota de Macedo Soares, criadora do Parque do Aterro do Flamengo e a poeta Elizabeth Bishop, ganhadora do Prêmio Pulitzer. Completando e complicando o relacionamento está Mary Morse, companheira de Lota.

Elizabeth deixa Nova York para fazer uma viagem pelo mundo e espairecer. Sua primeira escala é no Rio de Janeiro, de onde não sairá mais. Como era antiga colega de faculdade de Mary, esta a convida a ficar em sua casa. Lota fica irritada e cheia de ciúmes, temendo que esta antiga colega "roube" sua companheira. Mas o que ocorre é o contrário disso, sendo Lota quem se apaixona por Elizabeth.

A diferença comportamental entre as personagens centrais é marcante. Lota é firme, decidida e expansiva, com uma imagem masculinizada. Elizabeth é tímida, insegura, introvertida e delicada, tendo até mesmo certa fobia social.

O filme é muito sutil ao abordar o relacionamento. Se o expectador se despir de seus possíveis pudores contra a homossexualidade irá ver tão-somente um filme sobre idas e vindas do amor, ciúmes e outros temas relacionados. Além disso, as atuações são excelentes, com destaque para a sempre ótima (exceto em besteiras do tipo Se Eu Fosse Você), Glória Pires.

E a partir deste pitaco irei indicar outros textos sobre o filme tratado. Começando com um dos meus colunistas favoritos, Contardo Calligaris: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2013/08/1326590-flores-raras.shtml.

Nota: 7

12 de agosto de 2013

Antes da Meia Noite

Discutindo a relação

Before Midnight, Dir: Richard Linklater, EUA, 2013, 109 min


Continuação dos filmes Antes do Amanhecer (1995) e Antes do Pôr-do-Sol (2004). Para quem não os conhece, um breve resumo dessa ótima trilogia.

No primeiro filme os protagonistas são dois jovens, Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy), ele americano e ela francesa, viajando em um trem pela Europa que, após uma troca de olhares, ele a convida a descer em Viena e passarem um tempo juntos. Se apaixonam perdidamente e prometem um encontro para depois de seis meses no mesmo local.

No segundo filme descobrimos que Jesse atravessou o Atlântico para encontrá-la, mas Celine não apareceu. Para tentar remediar sua dor, Jesse escreveu um livro sobre o encontro e o lança nove anos depois. Quando está lançando o livro em Paris ela aparece e eles retomam o diálogo, deixando em aberto a possibilidade de ficarem juntos.

Pois bem, em Antes da Meia Noite Jesse e Celine estão juntos nove anos após o reencontro em Paris, cidade em que moram, têm duas filhas gêmeas e estão encerrando um período de férias na Grécia. E Jesse se esforça para manter o contato com seu filho do relacionamento anterior, que mora nos EUA, de quem se despede após as férias em seu retorno à América.<

Como nos outros filmes, o filme é recheado de diálogos sobre relacionamentos, o sentido da vida, como lidar com o cotidiano, as diferenças entre os sexos, dentre outros, em um período curto de tempo. E, ao contrários dos anteriores, neste há diálogos com outros personagens. Neste ponto destaco o diálogo do almoço com os gregos, no qual estão na mesa um casal bem jovem, outro casal maduro como Jesse e Celine, e dois velhos viúvos, cada um com sua visão sobre como é se relacionar.

Tentando fazer uma síntese sobre o conteúdo do conjunto dos 3 filmes, no primeiro encontramos um amor à primeira vista, com dois jovens à la Romeu e Julieta, como toda a vida para viver e com o sonho de que poderão ser felizes para sempre. No segundo encontramos duas pessoas que passaram por muitas coisas no mundo real, mas que ainda acreditam que aquele amor do passado pode dar certo. Neste último vemos o casal real que se tornaram, afogado pelos problemas do cotidiano e envolto em uma crise de relacionamento.

É improvável que qualquer casal que vive junto não consiga se ver espelhado na tela. O relacionamento real é cheio de problemas e muito distante daquele ideal de contos de fada. Aquela última frase desses livros, "e viveram felizes para sempre", é uma das maiores mentiras já inventadas. O cotidiano é duro conosco.

Assim como no último filme que comentei, O Grande Gatsby, neste também há o problema do passado que não volta. Jesse e Celine tem que aceitar que muita coisa aconteceu nos nove anos que passaram entre quando se conheceram e quando finalmente ficaram juntos. Jesse teve um filho nesse período, e isso será um dos maiores focos de problemas entre eles, apesar de Celine gostar muito do menino. Não há como apagar esse tempo, é necessário que ambos tenham responsabilidade para arcar com as consequências de ficarem juntos. Pra cada caminho que escolhemos seguir há inúmeros que indiretamente decidimos não seguir. Saber viver com essas recusas é essencial em nossas vidas.

Aconselho que quem queira ver o filme não leia este parágrafo para não estragar a surpresa. Um dos momentos mais interessantes é quando Celine, em meio à discussão, subitamente diz que não ama mais Jesse e que esse é o fim do relacionamento. Se analisarmos bem é estranho vivermos à base desse amor romântico, muito ligado em nossas paixões e nossos impulsos. Dificilmente (pra não dizer impossível) um relacionamento pode se basear somente nesse impulso da paixão. Pra suportar o terrível cotidiano, com agendas lotadas, tarefas domésticas, contas a pagar, filhos e outros problemas é necessário haver algo mais, e não  somente o sonho de um amor perfeito. Jesse se encarrega de lembrar isso à Celine na última cena.

Enfim, gostei muito desse último filme, que manteve a qualidade dos demais. Jesse e Celine são um símbolo para os casais, senão de todos, pelo menos daqueles na faixa dos 30 aos 50 anos.<

Nota: 9

21 de junho de 2013

O Grande Gatsby

O passado não volta

The Great Gatsby, Dir: Baz Luhrmann, EUA, 2013, 142 min


Nova adaptação do clássico literário dos EUA, o Grande Gatsby traz um elenco de qualidade, liderado por Leonardo DiCaprio, para interpretar uma estória excelente. 

Ocorre que a trama do livro, para chegar à tela, precisa ser adaptada, e em alguns momentos o filme se perde em querer fugir do eixo central, produzindo um espetáculo visual, na tentativa de mostrar toda a opulência construída pelo excêntrico e misterioso milionário Jay Gatsby no intuito de chamar à atenção de seu antigo amor, Daisy. 

Algo que me irritou desde o começo do filme foi o excesso de tomadas nas cenas, ou seja, os cortes da câmera. Tentei contar e não me lembro de uma tomada sequer que durasse mais de 10 segundos. Em qualquer diálogo a câmera incessantemente cortava do close de um ator para o de outro. Há também um certo excesso de ação no início do filme, mas há o mérito de reconstruir digitalmente Nova York na próspera era dos anos 1920. Mas, pra quem viu outros filmes do mesmo diretor, como Moulin Rouge e Romeu + Julieta, sabe que ele tem uma queda por esse ritmo acelerado e cenários exagerados.

Mas, apesar desses detalhes, o filme não é ruim. A partir da metade a estória fica mais densa e flui melhor, apesar de as tomadas curtas não pararem. E assitimos, com pena, toda a obsessão de Gatsby para retornar a um tempo que já se foi, quando ele conheceu Daisy e sonhava em ter uma grande vida ao seu lado.

Detalhe final: Vi em 2D. 3D pra mim só se justifica em filmes de ação, o que, pelo menos não deveria ser um com a trama de Gatsby.

Nota: 7

27 de maio de 2013

Homem de Ferro 3

O Homem da Roupa de Ferro

Iron Man 3, Dir. Shane Black, EUA, 2013, 130 min



Tony Stark está de volta após sua aventura coletiva em Os Vingadores, filme do qual não gostei por incluir dois super-heróis que já tinha achado sem graça, Thor e Capitão América, outros quase inexpressivos, Gavião Arqueiro e Viúva Negra (mesmo sendo essa interpretada pela Scarlett Johansson) e que me pareceu uma reunião de heróis com um roteiro qualquer lotado de cenas de ação e efeitos especiais só pra vender ingressos. Bem, feito essa observação, vamos falar do Homem de Ferro 3, que é o que interessa.

Nessa nova aventura Tony Stark (Robert Downey Jr, que continua muito bem no papel de herói fanfarrão) está atormentado com sua experiência junto aos Vingadores. Tem pesadelos recorrentes envolvendo o encontro com o monstro do filme anterior. E é confrontado por um terrorista poderoso, o Mandarim (Ben Kingsley), que está secretamente alinhado a um dono de um conglomerado tecnológico rival das Stark Industries, Aldrich Killian (Guy Pearce), ressentido com Tony Stark, que ignorou sua proposta tecnológica 13 anos antes. Também estão de volta a seus papéis Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) e Coronel Rhodes (Don Cheadle), agora convertido de Máquina de Guerra em Patriota de Ferro, a mesma armadura com uma pintura que mais lembra o uniforme ufanista do Capitão América, e é debochado por Stark todo o tempo.

A maior ameaça no filme é o clã de ex-soldados contratados por Killian que tem a incrível capacidade de gerar altíssimas temperaturas corporais e se regenerarem. A não ser que percam o controle, quando explodem causando uma grande área de danos. A grande novidade em relação ao equipamento do Homem de Ferro é que agora ele controla sua armadura à distância por movimentos de seu corpo, e as peças vem voando em direção a ele. Esses efeitos são responsáveis por diversos bons momentos do filme, incluindo aqueles no qual Stark passa a armadura para Pepper.

Aliás, a relação entre Stark e Pepper é enfatizada nesse episódio, pois o primeiro é obrigado a se questionar se vale à pena arriscar a vida dela para ser o herói do dia.

O momento negativo no filme é a luta final, na qual tem umas 40 armaduras de Homem de Ferro voando por todos os lados e enfrentando os capanguinhas e Stark, ao perder uma delas, luta desarmado em parte do tempo contra o vilão. Ora, não bastava vestir uma armadura??? Risos!

Quem ainda não viu não perca a cena "escondida" que passa no final do filme, na qual será revelado que a narração em off de Stark não era dirigida a plateia. 

Concluindo, quem gosta do Homem de Ferro, verá uma aventura interessante.

Nota: 7

27 de março de 2013

Trainspotting - Sem Limites

Quem quer ser um junkie?


Trainspotting, Dir. Danny Boyle, Reino Unido, 1996, 94min





Revi recentemente este filme que incluo entre aqueles que mais me marcaram, pois foi um dos primeiros contatos que tive, em minha adolescência, com filmes não-hollywoodianos. Escrevo assim porque detesto o rótulo de "alternativo", como se somente os grandes estúdios dos EUA produzissem filmes importantes, além do que existe essa cultura besta de querer se "diferenciar".


Trainspotting traz a história de um grupo de amigos escoceses, a maioria deles usuários de heroína, uma das drogas mais pesadas. São eles o protagonista que tenta deixar o vício, Renton (o pouco conhecido à época Ewan McGregor), o cara que tenta sempre se mostrar bem sucedido, Sick Boy, o bonzinho e fraco Spud, o esportista Tommy e o machão beberrão falso-moralista Begbie.



A estória gira em torno da tentativa de Renton de deixar a vida focada no uso de heroína e viver uma vida normal. Esse é o eixo condutor do filme, pois, desde o início, se questiona o que é a vida normal. Ser bem sucedido no trabalho, ter família, filhos, carro, viagens de férias? Talvez o objetivo de todos nós seja buscar o prazer, e o uso de drogas seria apenas uma outra forma. Aliás, nesse ponto, o filme também lembra o ótimo Clube da Luta, pois mostra a tentativa de fugir da vida certinha por uma via considerada socialmente inadequada.



Algumas cenas surreais são inesquecíveis, como a do bebê engatinhando no teto, ou a do "mergulho" dentro da privada do "banheiro mais sujo da Escócia". Algumas são divertidíssimas, como aquela que dois amigos estão falando sobre sexo em uma balada, enquanto suas namoradas fazem o mesmo no banheiro. Quando se encontram as garotas perguntam sobre o que eles falavam, ao que eles cravam "futebol" e devolvem a pergunta, tendo como resposta "compras". 



Uma personagem muito marcante é Begbie. Ele é o cara que não usa drogas, mas fuma e bebe o tempo inteiro, enquanto dá lições de moral nos amigos mesmo sendo campeão em arrumar confusões em bares. 



Há muitas outras cenas fantásticas no filme, além de uma trilha sonora rockeira muito boa. A edição é um destaque à parte, pois o ritmo do filme se alterna bastante, às vezes (poucas) sendo lento, e por outras vezes se tornando um vídeo clipe. 



A excelente direção é de Danny Boyle, que posteriormente foi merecidamente premiado com o Oscar de melhor diretor por Quem Quer Ser um Milionário?.



Trainspotting é um filme bem pesado, mostrando as pessoas se drogando de maneira muito realista, tendo sido por alguns considerado apologista ao uso de drogas. Não vejo assim, pois ao mesmo tempo em que mostra que a droga dá um imenso prazer imediato (se assim não fosse, ninguém usaria), mostra a destruição que ela pode causar, especialmente na estória sobre Tommy. Talvez seja até moralista, ao mostrar que o caminho pra quem fica nas drogas é, quase sempre, o da ruína. Assim, tem um paralelo também com Réquiem para um Sonho, que trata da dependência de maneira mais genérica.



Como o filme é a adaptação de um livro de mesmo nome, há discussões sobre Danny Boyle dirigir a adaptação da sequência, Porno, contando o destino das personagens alguns anos depois.



Nota: 10

12 de março de 2013

O Som ao Redor

Casa-Grande & Senzala


Idem, Dir. Kleber Mendonça Filho, Brasil, 2012, 131min


Filme que tem recebido excelentes críticas e esteve envolvido em uma polêmica após um comentário maldoso de um diretor da Globo Filmes, O Som ao Redor retrata o cotidiano de pessoas que vivem ou trabalham numa rua em Recife, a poucos metros da praia.

O filme traz diversas tramas paralelas sem interrelação. Estão lá a dona de casa entendiada que não consegue dormir com os latidos do cachorro do vizinho, o velho patriarca de uma família que era dona de terras do passado, os moradores de um edifício de luxo que querem demitir o porteiro que dorme no serviço, os seguranças da rua que chegam para "garantir o sono dos moradores, dentre outros.

O filme tem vários defeitos e poucas qualidades. O primeiro defeito é a duração. O diretor não precisava gastar duas horas para que se entendesse a mensagem que ele quer passar, de que a relação casa-grande e senzala persiste em existir no Brasil contemporâneo, apesar da nova roupagem. Aliás, tal sentido é explicitado logo na primeira cena, em que há a exibição de uma sequência de fotos antigas de grandes propriedades rurais, os senhores e seus dependentes.

Também incomoda a lentidão com que se desenvolve a história. Várias coisas vão acontecendo sem muita conexão. A dona de casa tenta envenenar o cachorro, um menino chuta a bola no prédio de luxo e não consegue pegá-la de volta, um corretor de imóveis vai tomar café da manhã com a empregada após dormir com uma moça que conhecera na noite anterior, etc. Apenas a proximidade física, por tudo acontecer na mesma rua, estabelece um elo entre as cenas.

Além disso, algumas cenas nem se desenvolvem. Ao menos duas cenas mostram um casal de adolescentes em uniformes escolares se beijando em um cantinho. Cenas totalmente perdidas e sem nenhuma ligação com os demais eventos. 

Como qualidade, há cenas interessantes, como a em que os seguranças vão pedir "benção" ao velho patriarca para atuar na área em que ele vive, e este começa a caçoar do mulato caolho, mostrando seu tratamento humilhante para os, no seu ponto de vista, "inferiores". Também há uma interessante cena sobre a reunião de condomínio para discutir a demissão do porteiro que há muitos anos lá trabalha mas só dorme em serviço.

Também se destaca a preocupação do diretor de tratar as personagens como pessoas com defeitos e qualidades, não elegendo heróis e vilões de forma maniqueísta. 

Em síntese, o filme tem bons momentos, mas são muito poucos, sendo na maior parte do tempo, extremamente cansativo. Havia maneiras muito melhores de se mostrar a persistência das formas de tratamento coloniais.

Nota: 4

De volta em um novo canal

Pitacos cinematográficos, que andava morto-vivo no endereço do UOL, voltou, agora em casa nova, no Blogger.

Na primeira vez tinha parado de escrever por falta de público. Agora, com o Facebook e o Twitter, como recomendaram alguns amigos, talvez consiga mais visibilidade, por isso a volta.

Resgatei os posts antigos, colocando a data da postagem original. 

Não revisei nada. Posso até ter mudado de ideia ou notado algum erro de português, mas deixei como originalmente publicado.

Os comentários antigos podem ser acessados clicando no link abaixo da nota.

Basicamente a ideia básica é a mesma do primeiro pitaco:
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Apresentação do Pitacos
Sejam bem vindos ao Pitacos Cinematográficos (que pretensão, será que alguém vai mesmo ler isso aqui)!
Este blog foi criado para análise de filmes. Este blog não é um diário pessoal, no entanto, qualquer crítica reflete as idéias e a visão do autor. Ao final de cada avaliação atribuirei aos filmes uma nota de 0 a 10.
Comentários, sugestões e discussões serão bem vindos!
Aguardo seus pitacos!
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É isso. Aguardo seus novos pitacos!