Grande Clássico
Det Sjunde Inseglet, Dir. Ingmar Bergman, Suécia, 1956, 95min
Considerado um dos maiores clássicos da sétima arte, o Sétimo Selo é um filme que aborda temas éticos, como religião, existência de deus e a morte na Suécia da Época das Cruzadas assolada pela Peste Negra.
A narrativa tem como protagonista o cavaleiro cruzado Antonius Block (Max Von Sydow, o padre mais velho de O Exorcista) em seu retorno a Suécia após 10 anos de combate na Terra Santa, juntamente com seu escudeiro, Jöns. Ao retornarem, encontram seu país tomado pela Peste Negra, que está ceifando a população. Neste cenário, Antonius vive em confronto com a Morte, representada por um homem com seu manto negro e foice. Antonius desafia a morte para um jogo de xadrez, em cena metafórica muito marcante, numa partida que se estenderá ao longo do filme.
O outro núcleo que logo se juntará ao dessas duas personagens é representado por uma companhia circense itinerante, formados por um casal e seu filho bebê e por outro homem, representando os artistas, que tentam levar alegria à vida das pessoas em um cenário tão sombrio. Este núcleo é o protagonista de uma das melhores cenas do filme, e, provavelmente, da história do cinema, na qual é apresentado um antagonismo entre medo e alegria.
Na cena em questão, enquanto a companhia se apresenta surge uma procissão, na qual são apresentadas as piores formas de fanatismo religioso, com pessoas se auto-flagelando, pagando promessas, padres rezando, algo que ainda encontramos no mundo atual, especialmente nas épocas de páscoa, no Brasil. As mesmas pessoas que estavam vaiando e atirando tomates contra a companhia, ou seja, rechaçando a beleza, ajoelham-se e demonstram devoção à barbárie da procissão.
Ao longo da narrativa, outras personagens se juntarão a esse núcleo principal em uma viagem pela Suécia, no qual são visitados igrejas, vilas, fazendas e florestas, sendo o filme uma espécie de roadie movie mais antigo.
Todos as personagens, sem exceção, são dotadas de profundidade, nenhum deles servindo para somente ter papel de figuração. Antonius e Jons formam um antagonismo entre um homem introspectivo e ligado às grandes questões ético-filosóficas e outro homem mais adepto das coisas mais concretas e mundanas. O casal de atores representam a alegria e esperança do ser humano mesmo em cenários terríveis. Além desses, entram no rol de personagens o ferreiro traído e sua mulher, o ator conquistador, o padre ladrão, a camponesa humilde e a esposa do cavaleiro que o aguarda por anos.
Aliado a isso, a parte técnica do filme é muito bem trabalhada em se tratando de um filme não holywoodiano, antigo e em preto-e-branco. A fotografia, iluminação e cenografia fazem de algumas cenas clássicas, como a representação de Antonius jogando xadrez com a morte.
Com certeza, Sétimo Selo não é um filme de fácil e nem de única interpretação. Bergman criou uma obra profunda, que, com certeza, requer que seja vista algumas vezes para melhor entender suas mensagens. Contudo, não é uma obra como Cidade dos Sonhos, um filme que é um grande quebra-cabeça no qual o espectador tem de juntar os fragmentos para procurar entendê-lo. A narrativa é linear e favorece a compreensão, qualquer um pode entender o básico do filme, mas as grandes e profundas discussões entre Antonius e a Morte exigem atenção especial e uma participação do espectador.
Enfim, Sétimo Selo é considerado um grande clássico e possui os méritos necessários para tanto.
Nota: 10
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