City of Stars
Dir: Damien Chazelle, EUA, 2016, 2h08minIMDB Trailer
Vale à pena sonhar ou devemos "amadurecer" e viver com o pé no chão? Esse é o dilema que move La La Land.
Com 14 indicações ao Oscar (filme, diretor, ator, atriz, roteiro original, fotografia, edição, design de produção, figurino, edição de som, mixagem de som, trilha sonora e duas indicações a melhor música) La La Land iguala o recorde de indicações de Titanic e A Malvada. E é forte candidato a igualar ou até superar os campeões de prêmios (Titanic, Ben-Hur e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei) com 11 vitórias.
Na trama, Mia, uma garota que sonha ser estrela de cinema, e Sebastian, um pianista que sonha abrir um clube de jazz, passam por encontros e desencontros em Los Angeles em sua busca pelo sucesso.
Este é o segundo trabalho do jovem diretor e roteirista Damien Chazelle, que foi ovacionada pelo seu ótimo Whiplash. Curiosamente, o tema principal de Whiplash e deste La La Land é o mesmo: a busca pelo sucesso. Mas enquanto aquele focava no esforço físico e na determinação, este se concentra nos sonhos que temos e as forças que nos levam a querer desistir deles.
O filme combina fantasia com realidade de forma perfeita. E nos faz lembrar o quanto o cinema pode dar asas a nossa imaginação, tornando tudo possível. Há dois tipos de sonhos, os que são pura fantasia, como dançar no espaço (lindamente encenado no filme) e os concretos, como os sonhos do que "queremos ser quando crescer".
A narrativa lida com os dois tipos mas fica focado no segundo. Mia e Sebastian têm sonhos, mas também tem contas a pagar. E daí surge a pressão social para aceitar uma vida comum seguido pela maioria da sociedade, que massacra aqueles que se permitem sonhar depois de adultos.
La La Land também representa uma homenagem ao gênero dos musicais, que teve seu auge na década de 1950. Há várias referências a muitos filmes do gênero, especialmente a Cantando na Chuva, mas há cenas de referência a filmes mais recentes, como Moulin Rouge!. É interessante notar que a história de Mia, de uma garçonete que se torna estrela, é a história da vida de boa parte das estrelas de Hollywood, incluindo aí a protagonista Emma Stone. Já a história de Sebastian, que quer fazer sucesso com jazz, um gênero considerado ultrapassado, é uma metáfora para o próprio La La Land, que quer fazer sucesso com um gênero de cinema que já viveu seus dias de sucesso.
Los Angeles tem um papel importante na trama. A cidade, no imaginário popular, é o local do glamour e do sucesso. Justamente por isso também é o lugar do fracasso. E é esse o maior medo de Mia e Sebastian. E Damien Chazelle consegue mostrar só o lado mais bonito de uma cidade que na vida real é um local famoso por não ter uma identidade bem definida e não ser conhecida por sua beleza.
Emma Stone e Ryan Gosling conseguem uma ótima química, essencial ao filme. Gosling tem alguns momentos sutis de humor físico, que já demostrara no recente Dois Caras Legais. E Stone tem muita expressão em seus grandes olhos e uma voz apaixonante.
Tecnicamente o filme é um fantástico. As cores primárias saltam aos olhos. A câmera parece pairar no ar. Seus diversos planos sequência, como o da abertura, fazem com que o filme seja um encontro entre Birdman e Grease, como dito por uma produtora. E a trilha sonora gruda em nossos ouvidos. Muitos vão se pegar assoviando o tema City of Stars (aliás, Oscar garantido aqui).
Voltando a discutir o Oscar, a única indicação que pode ser questionada é a de roteiro, pois é uma estória de amor um tanto básica, até previsível. Mas seu desfecho é tão bom que o qualifica para a categoria. Nas demais indicações, todas tem seus méritos. Certamente será o campeão de prêmios da noite.
La La Land é uma volta ao tempo em que o cinema era o veículo que tornava nossos sonhos possíveis. E mesmo assim consegue ser bastante atual e não cair no puro escapismo. Cinema feito para o coração, sem descuidar do intelecto. Um filmaço!
Nota: 9
P.S: O filme no Brasil ganhou o subtítulo Cantando Estações. Pitacos Cinematográficos a partir de agora vai abandonar esses subtítulos inúteis da versões nacionais. Portanto La La Land é só La La Land e Moonlight será só Moonlight.
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