De Volta ao Ringue
Dir: Ryan Coogler, EUA, 2015, 2h13min
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Já fiz muitas críticas à indústria de continuações, remakes, reboots e spin-offs que se tornou Hollywood. Esse era mais um filme que quando soube que estava em produção eu disse "De novo?". Mas as boas críticas, o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante para Sylvester Stallone e um par de ingressos grátis que ganhei em promoção (e de graça é muito mais barato!) me fizeram ir ver o longa. Na corrida do Oscar o filme concorre somente a melhor coadjuvante, sendo Sly o favorito ao prêmio, mas poderia ter sido indicado também a melhor ator principal e melhor diretor.
O filme nos apresenta Adonis "Donnie" Johnson, filho bastardo do ex-campeão Apollo Creed, nascido após a morte do pai e que ficou órfão de mãe ainda criança, tendo uma dura infância passada entre famílias adotivas e reformatórios. Na primeira cena a viúva de Apollo encontra-o adolescente e o adota. Passados alguns anos, Donnie, por conta de sua privilegiada criação, tornou-se um jovem bem educado e com um bom emprego, mas ainda sente uma necessidade inata em boxear, o que faz em bares de Tijuana. Em busca de seu sonho de lutar ele deixa para trás sua vida de privilégios na ensolarada Los Angeles e parte para a cinzenta Filadélfia, onde irá buscar a ajuda do antigo rival e melhor amigo de seu pai, Rocky Balboa.
Há um interessante paralelo geracional entre as trajetórias de Rocky e Donnie. Ambos querem vencer, mas Rocky sempre teve uma vida dura e lutou pela sobrevivência. Donnie, apesar da infância conturbada, estava com a vida ganha. Isto reflete um pouco de sua geração, crescida em um período de prosperidade que busca a autorrealização. Não vou me alongar no tema porque quem estabeleceu o paralelo foi uma amigo que escreveu um ótimo texto sobre isso (clique aqui para ler).
Como em todos os filmes da série Rocky, a estória envolve superação. No entanto, se em alguns filmes da série as dificuldades caíram para o melodrama e a pieguice, neste o roteiro e a direção deixam as emoções mais contidas. Também há as conhecidas lições de vida do simplório Rocky, mas dessa vez os discursos não são monólogos grandiloquentes, são conselhos dados ao pé do ouvido.
Grande destaque tem de ser dado à competente e criativa direção do jovem Ryan Coogler, ainda em seu segundo filme. Há ótimos planos sequências e a câmera sempre acompanha Donnie de perto, inclusive nas lutas. Os socos nunca pareceram tão doloridos na série. Seu bom trabalho lhe rendeu a escalação para a direção de um blockbuster da Marvel, Pantera Negra.
Os atores vão bem. Michael B. Jordan (Donnie) pode ter um futuro promissor pela frente. E Stallone, mostrando um Rocky cansado e solitário, em fim de carreira, consegue uma atuação dramática digna, o que só havia feito nos filme de estréia das séries Rocky e Rambo. Não acho merecedora da indicação ao Oscar e menos ainda do Globo de Ouro onde bateu Idris Elba, que está fantástico em Beasts of No Nation e foi o maior esnobado do Oscar 2016. Stallone apresenta o melhor trabalho de sua carreira, mas, apesar do favoritismo pro Oscar, apoia-se mais no seu carisma e por ser bem quisto entre os colegas do que por seu talento.
O filme obviamente tem seus clichês que se repetem ao longo da série, como as montagens de treinamento, as lições de vida tendendo pra autoajuda e as lutas de boxe irreais, nas quais os lutadores acertam quase todos os golpes, apanham muito mais do que o normal, levantam no último segundo e ainda chegam firmes para o último round. Mas isso tem de ser relativizado, pois é um filme com uma tendência para contos de fada.
Creed é um bom spin-off da série Rocky, muito melhor que qualquer uma de suas muitas (e sofríveis) continuações e deve, como é regra pro que faz sucesso atualmente, gerar sequências.
Nota: 7
O filme nos apresenta Adonis "Donnie" Johnson, filho bastardo do ex-campeão Apollo Creed, nascido após a morte do pai e que ficou órfão de mãe ainda criança, tendo uma dura infância passada entre famílias adotivas e reformatórios. Na primeira cena a viúva de Apollo encontra-o adolescente e o adota. Passados alguns anos, Donnie, por conta de sua privilegiada criação, tornou-se um jovem bem educado e com um bom emprego, mas ainda sente uma necessidade inata em boxear, o que faz em bares de Tijuana. Em busca de seu sonho de lutar ele deixa para trás sua vida de privilégios na ensolarada Los Angeles e parte para a cinzenta Filadélfia, onde irá buscar a ajuda do antigo rival e melhor amigo de seu pai, Rocky Balboa.
Há um interessante paralelo geracional entre as trajetórias de Rocky e Donnie. Ambos querem vencer, mas Rocky sempre teve uma vida dura e lutou pela sobrevivência. Donnie, apesar da infância conturbada, estava com a vida ganha. Isto reflete um pouco de sua geração, crescida em um período de prosperidade que busca a autorrealização. Não vou me alongar no tema porque quem estabeleceu o paralelo foi uma amigo que escreveu um ótimo texto sobre isso (clique aqui para ler).
Como em todos os filmes da série Rocky, a estória envolve superação. No entanto, se em alguns filmes da série as dificuldades caíram para o melodrama e a pieguice, neste o roteiro e a direção deixam as emoções mais contidas. Também há as conhecidas lições de vida do simplório Rocky, mas dessa vez os discursos não são monólogos grandiloquentes, são conselhos dados ao pé do ouvido.
Grande destaque tem de ser dado à competente e criativa direção do jovem Ryan Coogler, ainda em seu segundo filme. Há ótimos planos sequências e a câmera sempre acompanha Donnie de perto, inclusive nas lutas. Os socos nunca pareceram tão doloridos na série. Seu bom trabalho lhe rendeu a escalação para a direção de um blockbuster da Marvel, Pantera Negra.
Os atores vão bem. Michael B. Jordan (Donnie) pode ter um futuro promissor pela frente. E Stallone, mostrando um Rocky cansado e solitário, em fim de carreira, consegue uma atuação dramática digna, o que só havia feito nos filme de estréia das séries Rocky e Rambo. Não acho merecedora da indicação ao Oscar e menos ainda do Globo de Ouro onde bateu Idris Elba, que está fantástico em Beasts of No Nation e foi o maior esnobado do Oscar 2016. Stallone apresenta o melhor trabalho de sua carreira, mas, apesar do favoritismo pro Oscar, apoia-se mais no seu carisma e por ser bem quisto entre os colegas do que por seu talento.
O filme obviamente tem seus clichês que se repetem ao longo da série, como as montagens de treinamento, as lições de vida tendendo pra autoajuda e as lutas de boxe irreais, nas quais os lutadores acertam quase todos os golpes, apanham muito mais do que o normal, levantam no último segundo e ainda chegam firmes para o último round. Mas isso tem de ser relativizado, pois é um filme com uma tendência para contos de fada.
Creed é um bom spin-off da série Rocky, muito melhor que qualquer uma de suas muitas (e sofríveis) continuações e deve, como é regra pro que faz sucesso atualmente, gerar sequências.
Nota: 7
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